Existe um momento certo para definir o processo de governança corporativa?

governança corportativa2Quando se fala em governança corporativa, alguns gestores podem ter a falsa impressão de que se trata de modismo dos livros de gestão, mas não é. Ter um processo de governança é inexorável, pois a empresa será mais exigida em algum momento, e não é necessário ter milhares de funcionários ou milhões de dólares de faturamento: basta ter sócios, gestão e familiares, que são os pré-requisitos para montar minimamente um processo de governança que define papéis e responsabilidades destes sócios em relação ao negócio.

E quando fazer isso? Eduardo Valério, diretor-presidente da JValério, especializada em empresas familiares, vai direto ao ponto. Desde o momento em que a empresa é criada: “O primeiro documento da governança que uma empresa tem, e que muitos não sabem é o contrato social. Quando este documento é montado, ele possui minimamente um conjunto de regras que falam de entrada e saída da empresa e da gestão. Mas, no contrato social não é possível colocar todas as questões que contam do protocolo societário”.

Esta preocupação deve estar presente desde os primeiros anos, quando é ideal para a criação de todas essas regras. O importante é não engessar a empresa, mas saber que essa governança será muito útil no futuro para o crescimento e a perenização da organização.

No entanto, Valério explica que existem fatores externos às empresas que praticamente exigem uma definição da governança corporativa. “Os bancos, por exemplo, são os fornecedores de créditos para as empresas. Há uma necessidade perene de se situar como está o processo de governança corporativa, principalmente com fatores ligados à compliance. Muitas empresas adquirem créditos no passado pelas instituições financeiras em função do conhecimento do fundador com estas instituições que por sua vez estão preocupadas com as novas gerações”.

Tudo precisa estar descrito no sistema de governança da empresa pois, são eles, os bancos, os principais agentes financiadores demandantes de projetos de governança assim como demandantes de projetos de planejamento estratégicos. Um exemplo prático são os fornecedores.

Algumas cadeias produtivas dependem de um processo estruturado de governança, como as montadoras automotivas: “Elas já têm todo o processo montado, mas a sua rede de concessionários, que muitas vezes é formada por empresas familiares, não. Então, a cabeça da cadeia produtiva, as montadoras, preparam seminários e até mesmo contratação de consultorias para implantar o processo na sua rede de parceiros. Este é um dos fatores externos que praticamente determinam o desenvolvimento do processo”, exemplifica Valério.

E o que acontece quando os filhos, a nova geração, começa a chegar na empresa?  É aí que começam os questionamentos e o choque de gerações pode ser inevitável. Eduardo Valério elenca este momento como sendo o ponto onde as empresas também começam a pensar em procurar auxílio no processo de governança. “Dos mais de 100 projetos que nós fizemos, apenas dois foram executados quando a empresa estava nascendo, os outros 98 eram de empresas que já existiam há, 20, 30, 40 anos e que só agora começaram a preparar o seu processo de governança muito por conta de requisições de agentes externos”, conclui.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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