Empreender não é fácil e o sonho de 30% dos brasileiros de abrir uma empresa, muitas vezes, vira pesadelo

Clailton Luiz: não existe negócio ruim.

Ser empresário é o sonho de quase 30% dos brasileiros, de acordo com pesquisa do Instituto Data Popular. No entanto, segundo o IBGE, seis em cada dez empresas fecham as portas antes de completar cinco anos. Esses dados mostram que empreender não é tão simples assim e o sonho do negócio próprio pode se transformar em pesadelo em pouco tempo. Eu conversei com o CEO da Line Coaching, Clailton Luiz, e ele me explicou que os brasileiros foram ensinados de uma forma errada do que é realmente ser um empreendedor. Aliás, os empresários têm dentro de si três personalidades: a de gerente, a de operário e a de empreendedor. Só que a personalidade de empreendedor não persiste por muito tempo e no primeiro problema que surge na empresa, ele volta a pensar como operário.

Segundo me disse o CEO da Line Coaching, a maioria dos empresários possui mentalidade operária, tem medo e prefere não se arriscar. O verdadeiro empreendedor, ao contrário, quer crescer a todo custo, se arrisca e compartilha conhecimentos. Na visão de Clailton Luiz, não existe negócio ruim, e sim pessoas despreparadas para tocar a empresa. É por isso que o número falências vem crescendo em ritmo acelerado.
Clainton me contou que foi dono de restaurante em Florianópolis, tendo em seu staff os melhores chefs de cozinha, garçons e operacional da região.

Com o crescimento do negócio, convidou dois sócios para ajudar no gerenciamento e tudo parecia que as coisas iam bem. Porém, muito envolvido com o operacional, ele se deu conta que tinha perdido o controle das finanças e o gerenciamento da equipe. Foi então que quase entrou em falência por não ter controles, processos e um programa de treinamento bem executado. Em situação difícil, Clainton resolveu criar algo próprio que atendesse e solucionasse os problemas que enfrentava. Seis meses após implantar o plano desenvolvido, o negócio estava salvo, sem dívidas e prosperando novamente.

A partir de então, vários empresários solicitaram ajuda para também acharem um caminho que solucionasse os inúmeros problemas de um empreendimento. Clailton resolveu vender sua parte no restaurante e abrir algo que contribuísse com a mudança de cultura e de gerenciamento. Foi assim que nasceu a Line Coaching, que tem como objetivo salvar empresas à beira da falência, implantar e colocar em prática um protótipo que funcione sem a presença de quem as fundou, tendo como missão transformar economicamente um negócio, uma cidade, e mesmo um país.

Atualmente, o empresário viaja pelo Brasil ministrando palestras e treinamentos e abrindo franquias de sua empresa. Tem 5 mil alunos em formação em Coaching, onde subsidia 90% do valor do investimento para capacitação de pessoas. Dentro de dois meses a Line Coaching vai abrir uma franquia em Curitiba.
Para salvar uma empresa da falência, Clailton Luiz criou dez passos. Confira:

 

1- OBJETIVO PRIMÁRIO: Conscientização de que empresário e empresa são coisas distintas, identifica-se os objetivos e sonhos pessoais do empreendedor de forma descolada do seu negócio, porque é comum que as duas coisas se misturem ao longo do tempo, onde atrapalha a evolução da empresa. O objetivo primário é a vida do empresário, não a empresa.

2- OBJETIVO ESTRATÉGICO: Construção do Canvas, mapa mental e o planejamento estratégico do negócio, estudo de mercado para identificação do público alvo, comunicação assertiva com o consumidor e identificação da proposta de valor da empresa. Construir de forma prática um protótipo de um negócio de sucesso, fundamentado em cases do mercado que deram certo. Trabalhar as três fases do negócio: Infância, Adolescência e Maturidade. Identificar importância dos processos organizacionais para que a empresa não dependa de pessoas, mas sim de estratégias;

3 – OBJETIVO ORGANIZACIONAL: Organização da estrutura, setores (departamentos) e colaboradores. Elaboração dos POPs (Procedimento Operacional Padronizado). Definição do nível hierárquico, organograma e responsáveis em cada função. Construção do regulamento do negócio e definição de regras;

4 -PLANO DE DESENVOLVIMENTO: Reforçar o grande objetivo desse programa, o grande propósito da sua vida e do seu negócio. Seu objetivo estratégico, para onde você vai com sua empresa, qual sua estratégia. Com a ausência de estratégia o empresário corre perigo de viver na estratégia dos outros. Entrevista com franqueado do Subway falando um pouco sobre o que é ter um modelo de negócio que funciona baseado em processos.

5 – ESTRATÉGIA DE MARKETING: Preparação de seminários, estudo da “mente do consumidor”. Como chamar a atenção, despertar o interesse, criar o desejo e levar o consumidor a consumir o seu negócio, estudo do público-alvo, do mercado e seus principais concorrentes. Categorização do portfólio de produtos e serviços, precificação e divulgação;

6 – ESTRATÉGIA FINANCEIRA: Definição dos principais indicadores diários, semanais e mensais, controle do DRE e Fluxo de Caixa da empresa, que são cruciais na proteção e aumento da lucratividade. Identificação dos custos fixos, despesas variáveis, vendas, margem, ponto de equilíbrio, identificar a verdadeira lucratividade do negócio;

7 – SISTEMA DE GESTÃO: Implantação de gestão de processos através de um sistema próprio seja utilizando softwares, planilhas ou aplicativos. Implantação de gerenciamento de sistemas e estudos de estratégias aplicadas para o negócio. O negócio precisa atuar como um protótipo que deva funcionar até sem a presença do dono.

8 – O CAMPEONATO: A empresa precisa oferecer aos colaboradores mais do que um salário. Precisa dar à eles um jogo para se jogar, com prêmios e regras bem elaboradas. Mudança de “mindset”, onde o empreendedor começa a enxergar a empresa como um Clube Esportivo. Onde os colaboradores são os “jogadores” e a torcida seus consumidores. Fase de definição de metas e construção das estratégias do “jogo”;

9 – REINAUGURAÇÃO INTERNA: Finalização do “Modelo de Negócio”, hora de vender a nova fase para os clientes mais importantes de um negócio, os atuais colaboradores. Apresentar à eles todas as mudanças da empresa, divulgar a “Missão, Visão e Valores”, fase contratação de “novos jogadores” (caso necessário);

10 – LIDERANÇA ESTRATÉGICA: O empreendedor se transforma em um verdadeiro líder, modelo e exemplo, com uma equipe comprometida com os projetos e objetivos do negócio. Aqui ele é o Coach, o treinador, o grande líder, admirado pelos colaboradores por ter criado um sistema incrivelmente fácil de jogar.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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