Despenca a confiança do turista estrangeiro no Brasil

O setor de turismo é um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Na média mundial, antes da pandemia, o setor contribuía com um pouco mais de 10% ao PIB, enquanto no Brasil o índice está abaixo, por volta de 8%. A Interamerican Network, agência de comunicação especializada em turismo, vem pesquisando o setor no Brasil e na América Latina e tem dados importantes.
A percepção de segurança dos turistas estrangeiros no Brasil caiu como nunca antes, seriamente afetada pela situação gerada pela pandemia no país, levando um tombo de 40%. Isso indica que, tão cedo, o Brasil nem recuperará o número de visitantes de antes, nem conseguirá aumentar esse número, que é alvo de inúmeras tentativas do Ministério do Turismo há anos.
Os empresários brasileiros do turismo estão menos pessimistas em relação às perdas geradas pela pandemia que seus parceiros globais. Na comparação com o ano anterior, no 3º trimestre de 2020, os brasileiros acreditam que suas perdas chagarão a 66%, enquanto a média global diz 73%. No 4º trimestre, brasileiros projetam 50% de perdas, versus 60% na média global. Entretanto, os respondentes do Brasil estão um pouco mais pessimistas na questão sobre quando acreditam que os negócios vão voltar ao normal: 65% acredita que isso só acontecerá em 2021. Na média global, 57% acredita que isso se dará no ano que vem.
A maioria dos consumidores brasileiros (44%), ao contrário da tendência regional mostrada na pesquisa, não pretende viajar nos feriados de fim de ano, mas outros 27% considerariam a opção se encontrassem uma boa promoção. E os brasileiros mostraram uma confiança maior na imprensa especializada na pergunta sobre quem inspira sua próxima viagem: essa opção aparece em terceiro lugar, com 10% da preferência, atrás apenas de buscas na internet (33%) e recomendação de amigos (30%), e à frente de agentes de viagem (9%), redes sociais (7%), influenciadores e blogueiros de viagem (6%) e publicidade (5%).
Para nossos vizinhos, o Brasil não está bem cotado nas respostas sobre destino desejado dentro da região para uma próxima viagem: aparece em 5º lugar para argentinos, chilenos e mexicanos, e em 9º (penúltimo lugar) para colombianos e peruanos, confirmando os dados da pesquisa sobre percepção de segurança.
Evolução da conectividade aérea
Outro dos grandes efeitos da crise gerada pela Covid-19 é a interrupção da conectividade aérea do Brasil com seus principais mercados. Este é um aspecto essencial para o renascimento do turismo, que a plataforma Mabrian Tourism Intelligence monitora constantemente.
Considerando os 11 principais aeroportos do Brasil e os horários de voos publicados pelas companhias aéreas em 16 de junho de 2020, a conectividade aérea foi praticamente nula em junho, em comparação ao ano anterior.
Em julho, há uma ligeira recuperação, que no caso do mercado espanhol é claramente maior, em comparação com julho de 2019.
A partir de agosto, a programação marca uma clara recuperação em praticamente todos os mercados analisados, embora permaneça entre 20 e 40% abaixo de 2019. A exceção é o mercado argentino, que apesar de se recuperar em agosto, permanece em níveis de queda de mais de 70% em relação a agosto de 2019.