Escassez de matérias-primas de refrigerantes prejudica fábricas regionais

Escassez de matérias-primas de refrigerantes prejudica fábricas regionais

A escassez de matérias-primas para a produção de refrigerantes aumentou durante a pandemia e vem provocando preocupação a pequenos e médios fabricantes de bebidas do Brasil. Em entrevista ao Portal de Bebidas Brasileiras, nesta segunda-feira (23), executivos do setor afirmaram que, no auge do surto da doença no país, indústrias fornecedoras de elementos essenciais reduziram a produtividade e, por consequência, os estoques. Isso, segundo eles, recaiu sobre as empresas regionais.

A crise provocada pelo coronavírus afetou de várias formas os fabricantes brasileiros. A partir de decretos governamentais, que determinavam o fechamento do comércio e o isolamento social da população, empresas locais sofreram redução significativa no faturamento. Associadas à Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil), as indústrias Bebidas Conquista, Wewish e Cyrilla, fortalecem a campanha “Compre do pequeno”, que busca a valorização de pequenos e médios produtores regionais, principalmente durante a pandemia.

O sócio-diretor da fábrica Refrigerantes Cyrilla, Luiz Marquezán alerta que a falta de garrafas de vidro não-retornáveis impactou na produção do principal produto da empresa. “Sentimos que a falta da matéria-prima começou há 90 dias e vem se intensificando por agora. A gente entra na programação, mas temos que torcer para que eles [fornecedores] cumpram com o pedido”, diz. ” Utilizamos essa embalagem [de vidro] para o refrigerante Cyrillinha de 250 ml, que é um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul”, explica ele.

Marquezán pondera que a escassez de bens essenciais se deu a partir da “lei da oferta e da procura”. De acordo com ele, no período da pandemia, o setor de alimentação continuou aquecido, e alguns setores produtivos diminuíram sua produção, o que, segundo ele, acarretou na redução de ofertas no mercado. A fábrica de Luiz Marquezán produz a Cyrillinha à base de óleos da casca da laranja em Santa Maria, a cerca de 290 quilômetros de Porto Alegre.

Em São Paulo, a indústria Bebidas Conquista não sofreu com a falta de matérias-primas, conforme explica o diretor Celso Botega, porque a direção antecipou pedidos a fornecedores estratégicos. “Começamos a receber noticias de fornecedores sobre possíveis faltas de insumos em meados de setembro”, lembra ele. O CEO informa que não houve carência de insumos, mas que algumas entregas atrasaram.

“Creio que, por conta da pandemia, muitas empresas reduziram suas produções e dispensaram funcionários. Com o desabastecimento da cadeia e, em sequência, a retomada da produção, as indústrias de embalagens, e entre outras matérias-primas, ficaram sem tempo necessário para encontrar pessoal, reabastecer seus estoques e dar continuidade no abastecimento das fábricas”, avalia Botega.

O diretor executivo da fábrica Wewish, localizada em Barueri, a 30 quilômetros de São Paulo, Roberto Lombardi afirma que o sinal de alerta sobre a falta de embalagens em lata e garrafa de vidro, utilizadas para envase das bebidas da empresa, foi ligado a partir do terceiro trimestre de 2020. De acordo com ele, a despreparação e carência de investimentos das indústrias brasileiras no aumento da capacidade produtiva, ao longo dos últimos anos, refletiu durante a pandemia.

Ao comemorar a retomada no crescimento demanda nos últimos meses, Lombardi também lamenta o desabastecimento de insumos. “Esse problema só pode ser resolvido com investimentos para a ampliação da capacidade produtiva da indústria. Esses investimentos só virão com a resolução de gargalos sistemáticos que temos em nosso país, como insegurança jurídica, modelo tributário complexo e ineficiente, e grande volatilidade de preços, ativos e indicadores, que inviabiliza cenários de mínima previsibilidade de médio ou longo prazo”, sugere o diretor da Wewish.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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