Brasil pode ser líder mundial no mercado de créditos de carbono com investimentos nas florestas associados à geração de empregos

Petrobras investirá R$120 milhões em florestas
O CEBRI – Centro Brasileiro de Relações Internacionais – promoveu nesta segunda-feira (11), um webinar sobre as oportunidades de soluções baseadas na natureza (NBS) para a remoção de carbono no país e no mundo. Durante o evento, Rafael Chaves, Diretor de Relações Institucionais e de Sustentabilidade da Petrobras, informou que a empresa planeja investir cerca de R$ 120 milhões em projetos de preservação das florestas no país.
Para o executivo, empresas do porte da Petrobras não podem esperar pelo mercado regulado de créditos de carbono e devem atuar já no mercado voluntário. “Podemos cobrar de governos, mas não ficar esperando que a solução venha só de Brasília. Eu acredito em soluções de mercado (para o problema ambiental)”, disse Chaves.
O Brasil está em posição vantajosa para a compensação de emissões de carbono no mundo via proteção de florestas, guardando 20% desse potencial. Segundo os participantes do debate, somadas as potencialidades para geração de energia renovável, o país tem perfil não só para bater com facilidade as metas previstas do acordo de Paris, de zerar emissões até 2050, como também passar à “emissão negativa”, exportando possibilidades de captura para outros países e empresas. A redução do desmatamento poderia evitar 3.6 a 5.6 GT equivalentes de emissões por ano até 2050.
Atualmente, os principais desafios do país são a questão fundiária, a falta de arcabouço legal para atratividade ao modelo de negócios de concessões florestais (até a implementação das medidas previstas no PL 5518/20) e o gap na mão de obra para implementação técnica e operacional, o que ainda limita o engajamento das empresas.
Jabuticaba climática
Segundo Winston Fritsch, especialista do núcleo Meio Ambiente e Mudança do Clima do CEBRI, “o Brasil é uma espécie jabuticaba climática, com metade das emissões devidas ao desmatamento. O país deve não apenas lutar contra o aumento das emissões, mas construir uma nova mentalidade de preservação da biodiversidade e restauração de biomas. É o que deve pautar a atuação das empresas”, pontuou.
André Chiarini, CEO da Bosky, ressaltou que “é necessário precificar a floresta como um ativo. E a população local deve perceber o benefício de manter este bem público em pé e a possibilidade de extrair renda da conservação florestal, com potencial de geração de emprego”. Segundo Thiago Picolo da re green, empresa especializada em restauração de florestas, a capacitação da população local contribui para tornar este modelo mais sustentável e socialmente justo.
Participaram do webinar Andre Chiarini, CEO da Bosky; Thiago Picolo, Co-CEO da re green; Rafael Chaves, Diretor Executivo de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Petrobras; Winston Fritsch, Conselheiro Emérito do CEBRI; Rafaela Guedes, Senior Fellow do CEBRI; e Gregório Araújo, Pesquisador Sênior do CEBRI.