Número de investidores individuais em criptoativos já é maior que na bolsa

Número de investidores individuais em criptoativos já é maior que na bolsa

Um dos motivos para o aumento é a possibilidade de retornos superiores aos investimentos tradicionais

O investimento em criptomoedas tornou-se muito popular. Um levantamento feito pela Accenture e divulgado pela  Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), demonstrou que há mais pessoas físicas investindo em criptos do que na bolsa de valores.

Os números apontam que 6 milhões de pessoas investem nesse tipo de ativo, o que corresponde a 3% da população nacional. Neste texto, vamos apresentar outros aspectos do estudo, explicar os principais motivos desse aumento e estabelecer um comparativo de rentabilidade entre criptomoedas e outros investimentos. Confira!

Veja outros dados da pesquisa divulgada pela Anbima

O estudo demonstrou que, até abril de 2022, as criptomoedas em posse dos brasileiros somavam R$270 milhões, o que corresponde a 3% do PIB nacional.

O número de investidores chega a 6 milhões, superando assim os 5 milhões de CPFs cadastrados na B3.

Toda a movimentação concentra-se, em sua maioria, em corretoras de criptos localizadas no Brasil. Em seguida temos as movimentações entre investidores e o uso de exchanges do exterior.

O recorde de movimentação aconteceu no segundo trimestre de 2021, em que o montante atingiu R$62,4 milhões. No último trimestre de 2021 a marca foi de R$48,7 milhões. Já no primeiro trimestre de 2022, os números totais foram de R$37,5 milhões.

A Accenture destaca que o valor investido em fundos de criptoativos teve um aumento rápido e expressivo, com uma grande parcela correspondente ao público em geral.

Perfil dos investidores

A pesquisa também destacou o perfil dos brasileiros que investem em criptomoedas. Segundo a Accenture, a média de idade dos investidores é de 28 anos e eles são, principalmente, das classes A e B. A média de valor investido chega a R$45 mil.

Em contrapartida, aqueles que investem em ações têm uma média de idade de 38 anos e o valor investido é cerca de R$ 105 mil. Eles também são, em sua maioria, das classes A e B.

Por que os brasileiros estão investindo tanto em criptomoedas?

Para nos ajudar a entender os motivos que levam o brasileiro a investir em criptomoedas, vamos analisar dados de outra pesquisa.

O relatório ” Risco relevante para o investidor brasileiro, francês e inglês’, feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que 14,5% dos investidores brasileiros afirmam investir em criptomoedas.

Embora esse número ainda esteja abaixo da poupança e de outros investimentos de renda fixa, seu aumento impressiona, pois temos um público que é conservador em sua maioria. Mas, ao observar outro dado do estudo, começamos a entender porque as criptos se tornaram tão sedutoras:

76% dos brasileiros que participaram da pesquisa afirmaram que investem visando o curto e o médio prazo.

Segundo William Eid, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP e um dos autores do relatório, os brasileiros investem em criptomoedas porque esperam resultados rápidos e desejam que o dinheiro se multiplique em pouco tempo.

Muitos investidores acreditam que podem se beneficiar das oscilações das criptomoedas para impulsionar seus ganhos. Outro fator destacado é que esse tipo de investimento passou a ser extremamente difundido por diversos influenciadores digitais, até mesmo com a venda de cursos.

Além disso, o Brasil foi um país pioneiro em tecnologias e soluções para criptomoedas, como ser o primeiro país no mundo a negociar determinados ativos em bolsa, por meio da ETF (Exchange Traded Fund). Essa popularidade serviu para atrair muitos investidores, principalmente os mais jovens.

Os analistas de criptomoedas apontam que esse mercado não deve ser encarado como um lugar de enriquecimento rápido. Além disso, investir por meio de dicas de influenciadores pode gerar prejuízos.

A forma correta de investir é estudando o mercado e reconhecendo os riscos e possibilidades. Além disso, é importante que o investidor entenda as diferenças das criptomoedas para aplicar com base em seu objetivo. As diversas criptos do mercado, como Bitcoin, Cardano, Ethereum, entre outras, trazem perspectivas diferentes.

Entenda a rentabilidade das criptos e de outros ativos

As criptomoedas se encaixam nos investimentos de renda variável. Ou seja, não é possível saber quanto o investimento irá render. Mas, sabemos que esse tipo de empreitada tem chances de ser muito mais lucrativo do que as opções classificadas como renda fixa.

Investimentos como o Tesouro Direto, por exemplo, são conservadores e há opções em que o investidor sabe exatamente quanto irá ganhar no final do período. Assim, os riscos são mínimos.

Por outro lado, ações e criptomoedas mudam de valor de acordo com a oferta e procura do mercado. Então, é impossível calcular a rentabilidade exata e o investidor pode até mesmo levar prejuízo caso não faça uma análise adequada.

Mas, nos últimos anos, as criptomoedas mostraram grande oscilação, passando por valorizações impressionantes que superam as altas das melhores ações. Porém, o contrário também pode ocorrer, com grandes quedas em um curto período. Então, o melhor é sempre ser cauteloso e estudar muito bem o mercado.

Empresas brasileiras também estão investindo mais em criptomoedas

As empresas brasileiras também possuem grande interesse no mercado de criptos. Segundo dados da Receita Federal, elas possuem R$10,9 bilhões nesse tipo de ativo.

Em agosto de 2022, 12.053 empresas declararam a compra de criptomoedas, um recorde desde 2019, quando a Receita Federal tornou obrigatório o informe de transações de corretoras de criptomoedas com presença no país.

Assim percebemos que o aumento desse tipo de investimento não está relacionado somente às pessoas físicas. Mas, o maior envolvimento da população geral com criptomoedas merece atenção, principalmente por causa dos motivos elencados para esse crescimento.

As pesquisas mostram que os investidores entendem que as criptos são um tipo de investimento promissor, mas é importante destacar que a entrada no mercado sem a devida instrução pode não ser tão vantajosa quanto muitos esperam.

Procure o apoio de profissionais especializados no assunto para não correr riscos. Todo cuidado é pouco, principalmente quando o assunto é a saúde do seu bolso!

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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