Family Office é a novidade para cuidar da continuidade dos negócios e do patrimônio das famílias

Family Office é a novidade para cuidar da continuidade dos negócios e do patrimônio das famílias

Pesquisa aponta que das famílias que construíram seu patrimônio com uma empresa familiar, 79,2% se mantêm no mercado

Como assegurar a governança, a continuidade dos negócios e o patrimônio para as próximas gerações? A família é o eixo desse processo. Antes vista como família do empresário (empresa “de dono”), família empresária (empresa familiar profissionalizada), agora ela se tornou a família investidora, que tem uma visão global do patrimônio. Para dar continuidade aos negócios com governança e gestão profissional, a família investidora conta com o Family Office, uma estrutura própria multigeracional que dá apoio na gestão da sucessão e na busca de seus objetivos de maneira alinhada e sustentável.

“O Family Office nada mais é que um escritório da família”, afirmou Marcelo Geyer Ehlers, sócio-diretor da INEO – Centro de Expertise em Family Offices e do Instituto Sucessor, durante o painel Governança Patrimonial no 2º Projeto Sucessores, realizado pela Atlas, marca referência em soluções para pintura, construção e casa, com matriz em Esteio/RS e há 57 anos no mercado. O megaevento reuniu um terço do PIB (R$ 45 bilhões) da cadeia de varejo e distribuição do Brasil e da América Latina, de 24 a 26 de maio, em Porto Alegre, e na Serra gaúcha.

Coautor do livro “A Família Investidora e o Family Office”, Ehlers disse que esse suporte ainda é recente no Brasil, com poucos estudos acadêmicos e também cercado por mitos. Entre eles de que a estrutura é um modelo caro, exige uma equipe grandiosa, faz a gestão de ativos financeiros ou é destinado unicamente a famílias que desejam vender suas empresas.

Para desmistificar esses estigmas, o executivo da INEO adiantou alguns dados, ainda não publicados oficialmente, da 4ª edição da pesquisa “Family Office Report Brasil 2023”. Segundo a pesquisa, famílias com uma estrutura própria para cuidar do seu patrimônio, independente da empresa familiar, tem custos anuais totais de 0,85%, enquanto as famílias que gerenciam seu patrimônio junto à empresa familiar têm custos na ordem de 1,42%.

Outro dado aponta que 79,2% das famílias se mantêm no controle da organização e apenas 12,5% venderam sua participação. E que 60,9% realizam governança familiar e corporativa com essa estrutura com time de FO (escritório próprio separado da empresa), 8,7% terceiriza e 4,3% com time de empresa familiar (dentro da empresa). O levantamento foi feito no período de setembro a novembro de 2022 com 38 famílias empresárias, que representam um patrimônio de R$ 26 bilhões.

Inúmeras possibilidades

Como estrutura dedicada a preservar riquezas de famílias empreendedoras e executar os serviços acordados neste círculo familiar, o Family Office tem inúmeras possibilidades: gestões de educação (desenvolvimento e formação dos membros familiares), de planos de saúde, de riscos, contabilidade, jurídico, imóveis, concierge. Tudo passa pela família, que precisa conhecer seus princípios, seus valores e seus objetivos. A partir disso, é preciso fazer um planejamento estratégico para a família e para o patrimônio, metas que serão controladas pelo Family Office de maneira alinhada aos interesses da família, que precisa ver as coisas acontecendo, evoluindo ao longo do tempo.

“O Family Office é um pilar fundamental na gestão da sucessão e sua missão é perenizar o grupo familiar. Nós recomendamos a criação de uma estrutura própria, mesmo que se opte por terceirizar boa parte dos serviços”, relatou Ehlers, observando que o importante é a família ter uma governança ampla para todos seus ativos incluindo também a empresa familiar. A família investidora passa a ver sua empresa como um ativo ao lado de seus outros bens, sejam eles participações societárias, imóveis, fundos de investimentos.

Equilíbrio

 Para Mauro Martin Costarepresentante da Eiken Investments e membro do Conselho de Acionistas do Grupo Alfa, é preciso haver um equilíbrio de forças na equação família/negócio. “Qual a empresa que você quer? Quem poderá ser acionista? Como será o controle? O que precisa mudar com o tempo? Essas são algumas definições do negócio, da propriedade, que influenciarão a estratégia, por consequência da governança e sucessão.”

Costa explica que é na família que se desenha toda a questão da estratégia e dos interesses do grupo. Assim como todos os papéis – acionistas, conselho, diretoria e a família – precisam estar muito bem divididos. “Os negócios geram valor, razão pela qual os objetivos e a longevidade devem ser traçados.” Na Europa e nos Estados Unidos existem Family Offices que atuam em múltiplas funções da governança, seja ele representado por integrantes do núcleo família ou através de serviços especializados.

Marco La Rosa de Almeida, sócio da Lobo de Rizzo e que foi mediador do painel Governança Patrimonial, observou a legitimidade do fundador da empresa familiar. Mas ao longo do tempo, a empresa vai criando outras empresas independentes, o que requer, muitas vezes, a organização para que cada negócio seja gerido da maneira possível e de forma independente para não haver contaminação, porque com o crescimento da empresa há a agregação de patrimônios imobiliários e financeiros. “Então, tudo isso precisa de uma governança patrimonial ajustada”, afirmou.

De acordo com Almeida, a governança patrimonial é recente e vem ganhando mais atenção profissional no Brasil, mas antes era feita de forma mais intuitiva. “A tendência de famílias que pretendem manter um negócio por outras gerações será sempre a de buscar ajuda de terceiros e organizar o patrimônio conforme a aptidão de cada parte daquele patrimônio de cada integrante da família.”

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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