Falta de autopeças leva a atraso nas oficinas e impacta seguradoras

Falta de autopeças leva a atraso nas oficinas e impacta seguradoras

Tempo de espera das peças mais que dobrou entre 2019 e 2023

A demora na entrega de veículos acidentados, causada pelas montadoras, está gerando uma reação em cadeia que afeta oficinas e seguradoras e, lá na ponta, deve chegar no consumidor. Conforme levantamento da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), que reúne 72 seguradoras associadas, entre janeiro e março, foram 235 mil sinistros de automóvel – deste total, 7% sofreram com o atraso de peças. Dos 40.700 itens encomendados neste período, em agosto ainda faltavam 7.100 peças para serem entregues. Segundo a FenSeg, a demora no reparo causa prejuízos para o mercado como um todo e pode impactar o preço do seguro nas próximas renovações.

De acordo com o núcleo da FenSeg que monitora as entregas, em 2019, os clientes ficavam, em média, 11 dias com um carro reserva, alugado pelas seguradoras enquanto as oficinas credenciadas aguardavam as peças. Em 2023, pulou para 25. “Para as seguradoras, quanto mais rápido resolver, melhor, pois gastarão menos com aluguel do carro reserva”, diz Antonio Trindade, presidente da FenSeg.

presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa Brasil), Antonio Fiola, que representa mais de 5 mil oficinas em todo país – 1.500 só no estado de São Paulo –, confirma os números. “O prazo de espera de peças passou de sete dias para não menos que 15. Em geral, mais que dobrou. É comum o carro ficar desmontado aguardando, ocupando um espaço valioso, afinal, o aluguel das oficinas é caro, nunca é interessante ficar com carro parado muito tempo”, diz.

A maior parte das peças (65%) que estão levando mais tempo para serem entregues pelas montadoras é aquela mais básica, de funilaria. São itens como para-choques, faróis, porta e painel. Componentes mecânicos como microchips hoje não passam de 25% do total.

As seguradoras já fizeram diversas notificações às montadoras sobre a necessidade de reposição das peças. Até aqui, sem resposta. “Muitas vezes o cliente não entende o que está acontecendo e joga a culpa nas oficinas e nas seguradoras, que acabam ficando com o ônus. Para um taxista ou motorista de aplicativo, por exemplo, é inviável ficar sem o carro por 15 dias, eles precisam do carro extra das seguradoras”, conclui o presidente do sindicato nacional das oficinas de reparação de veículos.

Para o presidente da comissão de seguro de automóvel da FenSeg, Marcelo Sebastião, se o cenário for mantido como está, os custos seguirão sendo repassados ao consumidor. “Esses atrasos agravam as despesas com o sinistro, uma vez que o veículo segurado fica mais tempo parado nas oficinas e o consumo de carro reserva aumenta. Essa diferença vai impactar na precificação do seguro. É inevitável”, resume.

Para o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, a maior preocupação é que a crise pela qual o setor de autopeças está passando possa impactar negativamente as seguradoras, e isso termine prejudicando o usuário. “Precisamos criar um fórum com todos os atores envolvidos para que consigamos ajustar essa engrenagem complexa. Ao fim, precisamos ajustar os ponteiros para que a parte mais importante, o consumidor, não seja penalizada”, diz.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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