Estrutura demográfica do Brasil muda com envelhecimento da população

Censo 2022 mostra que 45,3% das pessoas eram pardas; 43,5%, brancas; 10,2%, pretas, 0,8% indígenas e 0,4% amarelas. Foto: IBGE
Grupos de cor ou raça mostram diferenças demográficas
De 2010 a 2022, a estrutura demográfica do país mudou, com o envelhecimento da população e o aumento da proporção de mulheres. Foi o que ficou provado no Censo Demográfico 2022: Identificação étnico-racial da população, por sexo e idade: Resultados do universo, divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE.
Todos os grupos étnico-raciais apresentam um processo de envelhecimento, com diferentes ritmos, que se refletem na sua atual estrutura de sexo e idade. A população branca e a população parda são as que apresentam pirâmides etárias mais próximas da população residente no Brasil, mas com a população branca mais envelhecida e a parda mais jovem.
“Há uma variedade de critérios demográficos e de pertencimento étnico-racial, que podem explicar esse comportamento diferenciado dos grupos populacionais. Ou seja, a gente pode ter mais migração, mais ou menos fecundidade, mais mortalidade… são dados que vamos poder explorar em próximas divulgações. Mas os critérios do pertencimento étnico-racial acionados pela população variam de acordo com o contexto social e de relações interraciais, e de acordo com a forma como as pessoas se percebem”, esclarece a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes.
A pirâmide da população branca tem um padrão de sexo e idade próximo ao da população brasileira com um perfil um pouco mais envelhecido e feminino. Já a pirâmide para a população preta tem uma menor proporção de crianças até 14 anos de idade em comparação com o total da população e uma maior proporção relativa de homens de 20 a 64 anos em relação a mulheres pretas e em relação ao total da população.
Na população amarela, sobressai um perfil de população envelhecida, em formato de losango, potencialmente rumo a uma pirâmide invertida, com muito mais idosos do que jovens, além de uma maior proporção relativa de mulheres idosas ante homens idosos na cor ou raça amarela. A pirâmide da população parda é bem próxima à da população brasileira, o que se explica por ser o conjunto mais numeroso de pessoas, mas apresenta um pouco mais de crianças, jovens e adultos até 34 anos, em comparação com o total.
A pirâmide da população indígena mostra uma base larga com estreitamento progressivo, com maior proporção na população entre 0 e 4 anos de idade e progressiva retração, mais intensa para homens e mulheres de 25 a 29 anos de idade em comparação com o grupo anterior (20 a 24 anos).
Populações preta e parda ganham participação em todos os recortes de idade
Entre 2010 e 2022, por grupos de idade, tanto a população preta, quanto a parda ganharam participação entre as pessoas de todos os recortes. A população indígena tem comportamento semelhante, mantendo participação estável apenas na faixa de 60 a 74 anos de idade. Já a população branca e a amarela mostraram queda em todos os grupos de idade.
Em 2022, havia predomínio da população parda até os 44 anos de idade; a partir dos 45 anos, a população branca mostra o maior percentual. Frente a 2010, a população branca perdeu predomínio na faixa de 30 a 44 anos de idade, que passou a ser da população parda em 2022.
Os maiores percentuais de pessoas pardas estavam entre as pessoas de 0 a 14 anos (49,3%) e 15 a 29 anos (48,7%); já as menores proporções estavam nas faixas entre 60 e 74 anos (38,6%) e acima de 75 anos (33,8%). Para a população branca, o maior percentual foi na faixa dos 75 anos ou mais (55,6%) e o menor no grupo de 15 a 29 anos (39,4%).
Já a população preta mostrou maior proporção na faixa dos 30 aos 44 anos (11,4%) e menor proporção entre as pessoas de 0 a 14 anos (7,3%). Indígenas têm maior percentual entre as pessoas de 0 a 14 anos (1,0%) e menor percentual entre os 60 a 64 anos (0,3%). Os amarelos tiveram maior proporção na faixa de 75 anos ou mais (1,1%) e menor, de 0 a 14 anos (0,2%).
Envelhecimento populacional ocorre em todas as categorias de cor ou raça
Os dados do Censo 2022 permitem analisar também o perfil etário de cada categoria. “A gente já viu o processo de envelhecimento da população residente, entre 2010 e 2022. Nas populações especificas, esse processo de envelhecimento passa por todos os grupos étnico-raciais, com uma crescente participação dos grupos a partir de 30 anos de idade e uma decrescente participação para os grupos até 29 anos de idade”, observa a coordenadora Marta Antunes.
A população amarela é o grupo populacional com maior participação da população com 60 anos ou mais, com cerca de 29% nessa faixa, e também o grupo com o menor percentual de pessoas de 0 a 14 anos (11,3%).
População preta tem 103,9 homens para cada 100 mulheres
O Censo 2022 traz ainda os indicadores de idade mediana, índice de envelhecimento e razão de sexo por cor ou raça. No Brasil, a razão de sexo, que sinaliza a proporção de homens em relação ao grupo de 100 mulheres, foi de 94,2 para o total da população, indicando que há mais mulheres do que homens no Brasil.
A população preta apresentou a maior razão de sexo (103,9), sendo a única com maior número de homens do que de mulheres, seguida pela população indígena (97,1), parda (96,4), branca (89,9) e amarela (89,2). Na região Norte, a razão de sexo da população preta chegou a 122,1, a maior. Já a menor razão de sexo foi observada na população amarela da região Nordeste, 73,8.
A Idade mediana é a que separa a metade mais jovem da metade mais velha da população. De 2010 para 2022, idade mediana subiu de 29 anos para 35 anos, evidenciando o envelhecimento da população. A população amarela é de idade mediana mais elevada em 2022, 44 anos, seguida da população branca (37 anos), preta (36 anos), parda (32 anos) e indígena (25 anos), incluindo aqui as pessoas declaradas por meio do quesito “se considera indígena”.
O índice de envelhecimento, representado pelo número de pessoas com 60 anos ou mais em relação a um grupo de 100 pessoas de até 14 anos de idade, foi de 80,0, indicando que, em 2022, havia 80 pessoas de 60 anos ou mais para cada 100 pessoas até 14 anos. Quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população.
Em 2022, a população amarela apresentou o índice de envelhecimento mais elevado (256,5), seguida da preta (108,3) e branca (98,0). Os menores índices de envelhecimento foram da população parda (60,6) e indígena (35,6), esta última incluindo o quesito “se considera indígena”. Todos os grupos tiveram aumento no índice de envelhecimento quando comparado a 2010.