Maioria dos inadimplentes se sente desrespeitado por lojas, bancos e empresas de TV a cabo na hora da cobrança

Maioria dos inadimplentes se sente desrespeitado por lojas, bancos e empresas de TV a cabo na hora da cobrança

Lojas lideram com um índice de 58%

A maioria dos brasileiros com dívidas em atraso se sente desrespeitado durante o processo de cobrança, especialmente por lojas, bancos e empresas de internet/TV a cabo. Essa é uma das conclusões da 5ª edição da pesquisa “Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”, conduzida pela MFM Tecnologia e pelo Instituto Locomotiva.

Segundo o estudo, realizado em setembro de 2023, as lojas têm o maior índice, apontadas por 58% dos inadimplentes, percentual que subiu 15 pontos percentuais em relação a 2022 (43%). Em seguida, aparecem os bancos/cheque especial, com 56%, também um salto, de 18 p.p., sobre o ano passado (38%). Já as empresas de internet/TV a cabo registraram uma taxa de 52%, alta de 3 p.p. Entre os setores que diminuíram seus percentuais, destacam-se empresas de celular e de contas básicas (água, energia): 42% e 39% em 2023 contra 50% e 51% em 2022. Além disso, a minoria dos inadimplentes (11%) avalia que as empresas em geral conhecem a suas demandas. Esse percentual estava em 15% em 2022 e 18% em 2021.

“A situação de inadimplência gera uma percepção de que as empresas não conhecem as pessoas e não se preocupam de fato com elas, as enxergam só como um valor a ser recuperado. Então há aqui um grande desafio para reverter esse processo de afastamento”, disse João Paulo Cunha, diretor de pesquisas do Instituto Locomotiva.

“Sempre vale a pena sempre reforçar é que as empresas precisam ter uma abordagem mais completa em relação ao seu consumidor. Tem uma velha máxima do marketing que fala que conquistar um cliente novo é cinco vezes mais caro do que manter o seu cliente atual. A liderança precisa conduzir ter essa conversa entre as diversas áreas da empresa; desenhar e monitorar KPIs de marketing, sucesso do cliente, ESG e de cobrança que sejam convergentes, por exemplo.”, afirmou Luiz Sakuda, diretor de Inovação e Marketing na MFM Tecnologia.

A pesquisa mostra ainda que o e-mail (25%) e WhatsApp (23%) seguem como canais mais citados para negociação de débitos entre os endividados. Esses são, igualmente, os canais mais preferidos por aqueles que têm dívidas quando se trata de receber cobranças: email (68%) e WhatsApp (60%), no total três menções.

Em debate, após apresentação da pesquisa, especialistas abordaram temas como a importância da educação financeira e a evolução dos canais de relacionamento com o cliente. “A pandemia causou uma dor terrível, mas ao mesmo tempo causou uma evolução de plataformas digitais da comunicação. Hoje temos cobrança por rede social e WhatsApp. O RCS (Rich Communications Service) também tem sido uma ferramenta bem discutida do google para as plataformas Android, além de vermos crescer muito toda a parte de inteligência artificial”, disse Eduardo Tambellini, consultor na Fico.

Durval Ferreira, gerente de cobrança e projetos do BTG Pactual, destacou que a tendência é de coexistência de diferentes ferramentas no cenário de cobrança. Ele observou que, ao lidar com dívidas mais simples, a inteligência artificial e os canais digitais permitem negociações claras e transparentes. No entanto, algumas pessoas necessitam de um atendimento mais personalizado para compreenderem as propostas de maneira diferente.

“É importante termos esse atendimento humano acolhendo e com um tempo maior para escutar porque a pessoa entrou inadimplência, nem que seja para não pagar, mas gerar relacionamento e entender que, quando o cliente tiver dinheiro, ele vai pagar. Não vejo sumir a voz, mas eu vejo a tecnologia melhorar a qualidade da voz”, completou, visualizado um futuro onde a combinação de inteligência artificial, reconhecimento facial e propostas personalizadas pode otimizar o atendimento ao cliente.

Nádia Lanny Lopes, diretora de Cobranças na fintech Provu, compartilhou sua perspectiva sobre a evolução no campo da cobrança e a importância de adaptar-se às mudanças tecnológicas. Ela destacou a necessidade de evitar abordagens agressivas, como as frequentemente associadas a tele vendas, reconhecendo a importância de não sobrecarregar os clientes com chamadas noturnas.

“Tudo vai coexistir. As minhas expectativas são as melhores. Quero testar inteligência a artificial. Temos vários projetos principalmente porque sabemos que o futuro será tudo junto”, disse, reconhecendo a rapidez com que a tecnologia tem se integrado ao cotidiano, mencionando o exemplo do WhatsApp, que inicialmente era apenas uma alternativa ao SMS e ao e-mail.

Sakuda reforçou a importância da construção dessas estratégias em um cenário de maior otimismo entre os consumidores, mesmo aqueles com dívidas em atraso, associado a menores pressões inflacionárias. Segundo a pesquisa, aumentou de 39% para 47% a percepção de melhora entre os inadimplentes. “Consumidores inadimplentes não só continuam consumindo, mas começam a ter planos de mais consistentes de voltar ao consumo em um futuro mais próximo”, afirmou.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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