Três tendências para o mercado de investimentos
Setor passa por mudanças no modelo de remuneração e nas relações entre investidores
Segundo a Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord), o Brasil tem, atualmente, mais de 25 mil assessores de investimento credenciados. Esse número vem crescendo nos últimos anos e a profissão, portanto, se popularizando e trazendo tendências que podem mudar todo o mercado brasileiro de investimentos. Abaixo, separamos para você, algumas das principais novidades deste setor:
Modelo fiduciário
Fidúcia é uma palavra vinda do latim, que significa confiança. Assessorias financeiras que trabalham com o modelo fiduciário no Brasil ainda são uma novidade. Já em países como os Estados Unidos e o Reino Unido, o atendimento já migrou amplamente para o modelo fiduciário, no qual o assessor não é remunerado por comissões diferentes para cada produto em que seu cliente investir, mas sim pelo seu trabalho técnico desenvolvido, por meio de uma taxa fixa mensal, independentemente do produto consumido pelo cliente.
Apesar de ainda ser um modelo de remuneração menos conhecido no Brasil, ao estudar a fundo o mercado financeiro global, é inegável que o modelo fiduciário é o futuro da assessoria de investimentos no Brasil. “A única forma de você não consumir um produto financeiro que é bom apenas para a instituição financeira é o modelo fiduciário. Ao trabalhar com uma taxa fixa, quando o cliente enriquece, o assessor de investimentos também passa a ganhar mais, afinal ganha um % sobre seu patrimônio“, explica Henrique de Barros, planejador financeiro especialista no modelo fiduciário.
Transparência nas relações
A regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passou por alterações significativas, impactando diretamente a maneira como os assessores de investimento operam no Brasil. As principais mudanças introduzidas pelas Resoluções CVM 178 e 179 afetam tanto os assessores quanto os investidores.
A Resolução CVM 178 define que os assessores de investimento têm a obrigação de fornecer um termo de ciência ao cliente, detalhando suas atividades, estrutura remuneratória e potenciais conflitos de interesse. Já a Resolução CVM 179 complementa as mudanças, exigindo que as instituições financeiras disponibilizem em seus sites informações qualitativas sobre remunerações e eventuais conflitos de interesses. Isso significa uma maior transparência na relação entre assessores e investidores que já está em vigor e auxiliando o investidor a ter conhecimento sobre o destino de seus investimentos.
Clientes bem informados
As Resoluções do CVM, que abrem caminho para o modelo fiduciário, trazem a transparência necessária para que os clientes se tornem mais bem informados para suas decisões. O Brasil ainda tem, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 25% de sua população investindo apenas na poupança. Há desconhecimento sobre o setor de investimentos.
“Investir é algo muito contraintuitivo“, explica Henrique de Barros. “E, por isso, os clientes são muitas vezes traídos pelos seus vieses. O papel do bom assessor de investimentos é trazer clareza e racionalidade para esse processo de maneira estruturada por meio de um bom planejamento financeiro“.
De acordo com o especialista, o Brasil começa a experimentar um ajuste rumo a democratização do acesso de serviço de qualidade para investidores e, consequentemente, do conhecimento para os investidores, que passam a entender e opinar em seus investimentos. “E isso não é reinventar a roda, é apenas popularizar algo que já é tão comum em países desenvolvidos e entre os multimilionários brasileiros”, salienta.