Conflitos globais e eleições nos EUA elevam a volatilidade no mercado brasileiro
Economistas discutem em Congresso da Planejar os efeitos globais no mercado brasileiro
A desaceleração da economia chinesa já afeta diretamente o mercado brasileiro, principalmente no setor de commodities, enquanto os recentes conflitos no Oriente Médio ampliam a instabilidade global e pressionam a bolsa de valores. Embora a influência de fatores internacionais sobre os investimentos locais não seja novidade, especialistas destacam que essa interconexão se tornou ainda mais relevante diante do cenário atual. Essa foi a tônica das discussões durante o Congresso Internacional da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), realizado nesta terça-feira (15) no Hotel Unique, em São Paulo, onde importantes economistas compartilharam suas análises sobre os desafios e oportunidades do momento.
Zeina Latif, economista e sócia-diretora da Gibraltar Consulting, reforçou que o desaquecimento da economia chinesa, embora previsível, exige atenção especial dos investidores. “O impacto sobre as commodities é inevitável, e isso cria um ambiente de maior volatilidade. Precisamos estar preparados para lidar com essa dependência econômica e reavaliar as estratégias”, destacou Latif. Ela também chamou atenção para como a combinação de crises climáticas e conflitos globais, como os que ocorrem no Oriente Médio, torna ainda mais difícil a precificação e aumenta os riscos nas decisões financeiras.
Betina Roxo, vice-presidente da Redoma Capital, complementou essa visão ao enfatizar que a diversificação das carteiras é essencial para mitigar riscos em tempos de incerteza. “Não se trata apenas da desaceleração da China. A transição energética global é outro fator que pode alterar profundamente as dinâmicas do mercado, criando oportunidades e desafios para os investidores”, explicou Roxo. A economista alertou que estar atento a essas mudanças estruturais é uma necessidade estratégica para evitar perdas e identificar novos nichos de investimento.
O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, apontou ainda o impacto das eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2024 como outro elemento de volatilidade. “Há uma falta de clareza nas propostas dos candidatos para lidar com a inflação, e isso tende a elevar as incertezas no mercado financeiro. Além disso, há o risco de surgirem políticas protecionistas, que podem desestabilizar ainda mais o ambiente econômico global”, analisou Honorato. Ele destacou que os investidores brasileiros devem acompanhar de perto esses desdobramentos políticos para ajustar suas estratégias com rapidez.
Embora a influência de fatores externos sobre os investimentos locais não seja uma descoberta recente, os especialistas enfatizaram que essa conexão tem se intensificado e que seu acompanhamento é crucial para manter a competitividade no mercado. “Compreender e antecipar o impacto de questões globais nunca foi tão importante. Isso é algo que economistas de renome vêm destacando ao longo do congresso”, afirmou Honorato, reforçando que a leitura cuidadosa do cenário internacional se tornou indispensável para decisões financeiras bem-sucedidas.
Diante de um mercado cada vez mais exposto a incertezas globais, a capacidade de adaptação surge como o principal diferencial. A combinação de crises econômicas, mudanças políticas e transformações estruturais exige uma abordagem flexível e proativa por parte dos investidores. Em um ambiente em constante evolução, a análise cuidadosa do cenário global não é apenas uma recomendação, mas uma necessidade estratégica para mitigar riscos e capturar oportunidades.