Cartão de crédito é causa de endividamento de quase 90% das famílias brasileiras

Cartão de crédito é causa de endividamento de quase 90% das famílias brasileiras

Cerca de 76,4% das famílias brasileiras se encontram endividadas

No dia 15 de março, é comemorado o Dia do Consumidor, data em que marcas e varejistas aproveitam para impulsionar suas vendas. O período se tornou um ponto estratégico, sendo considerado a “Black Friday do primeiro semestre”. No entanto, para o consumidor, a oportunidade de adquirir bens deve ser realizada de forma consciente, já que segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), produzido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, do mês de fevereiro de 2025, cerca de 76,4% das famílias brasileiras se encontram endividadas, destas, 28,6% se encontram com contas em atraso.

Entre as dívidas mais comuns dos brasileiros, estão o cartão de crédito, com 83,8%, em primeiro lugar, os carnês, com 17%, e créditos pessoais, com 10,5%. Para Fernando Lamounier, educador financeiro e sócio executivo da Multimarcas Consórcios, por mais que a data possa trazer boas oportunidades, quitar dívidas sempre deve ser o foco do consumidor.

“É preciso ter uma visão em longo prazo do que realmente vale a pena e, principalmente, do que está dentro do seu orçamento. Está tudo bem comprar algo que não seja extremamente necessário para suprir um desejo pessoal, desde que você não fique endividado por este motivo. Lembre-se: antes de sair comprando, se você tem dívidas, elas devem ser priorizadas”, comentou.

A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), apontou que a expectativa para 2025 para o dia do consumidor é otimista, estando previsto um aumento de 10% em relação ao ano passado, podendo alcançar um faturamento de R$224,7 bilhões. Embora estimativas variem, elas refletem a intenção de compra do brasileiro, por isso, caso o consumidor já tenha muitas compras parceladas ou dívidas em aberto, é aconselhável que se evite ainda mais o comprometimento de sua renda, ainda mais se estamos falando de bens que podem ser adquiridos em outras oportunidades. De acordo com Peic, cerca de 29,9% da renda dos entrevistados se encontra comprometida com dívidas, o que resulta em um orçamento com pouca folga para imprevistos.

Não é momento para contrair dívidas

É necessário lembrar que, para controlar a inflação, a taxa básica de juros, a Selic, está em 13,25%; isso altera o spread dos bancos, elevando-os até 40%. Havendo uma inibição de créditos oferecidos ao cidadão. Portanto, este não é um bom momento para contrair dívidas. Além disso, o preço dos insumos aumentou muito desde 2023, fazendo com que as pessoas gastem mais.

No entanto, caso o consumidor esteja mais organizado financeiramente e queira realizar compras na data é preciso ficar atento a alguns quesitos para assim não realize compras de forma impulsiva ou que prejudiquem seu planejamento. Confira abaixo:

Defina um orçamento: em primeiro lugar, define-se um orçamento e, posteriormente, faz-se uma lista de desejos que esteja dentro do cálculo. “Agir pela impulsividade, não colocando a dívida em perspectiva de longo prazo, é o principal erro em datas como essa”, revela Fernando Lamounier.

Pesquise valores com antecedência: pesquisar valores com antecedência e acompanhá-los durante a Semana do Consumidor é o ideal para saber se a promoção pode ser considerada válida já que muitos sites e lojas aumentam o preço dos produtos semanas antes do Dia do Consumidor e, no dia do evento, oferecem um “desconto” dando ao cliente uma falsa sensação de economia.

Use com cautela o cartão de crédito:  o meio de pagamento deve ser usado com cuidado. A dica para não entrar no vermelho é mapear a renda total, separar as despesas fixas no orçamento e esquematizar as despesas variáveis. Lamounier alerta: “O cartão de crédito é visto como uma extensão do orçamento mensal. O parcelamento leva o consumidor a acreditar que dividir uma compra faz a dívida ficar menor quando, na realidade, antecipa as dívidas do próximo mês. Se você tiver algum imprevisto e não conseguir pagar a fatura, ainda terá como desvantagem o pagamento de juros”.

Atenção ao custo do frete

Preste atenção às condições de fretes: outro ponto de atenção que o consumidor deve ter é quando se barateia o custo de produtos em “promoções”, e tendem a recuperar o valor do desconto por meio da cobrança de um frete abusivo para envio da compra.

Procure a procedência dos locais em que será realizada a compra: essa dica vale principalmente para as compras online. É importante que o consumidor fique atento a autenticidade de sites, principalmente, quando estes vêm por meio de redirecionamento de links, fazendo com que o consumidor seja enviado para sites fraudulentos que podem aplicar golpes, sendo importante ler “as avaliações de outros compradores e, quando em contato com um atendimento, observe comportamentos suspeitos, sempre tendo calma e paciência para finalizar quaisquer aquisições”, finaliza Lamounier.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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