Inovação colaborativa fortalece a cultura de empresas

Com método, escuta ativa e espaço para ideias, programa de inovação de construtora estimula colaboradores a propor melhorias reais
O que um almoxarife de obra pode dizer sobre inovação? Na Pride Construtora, a resposta veio com clareza durante a primeira banca de avaliação do Inova Pride, programa interno criado para transformar sugestões de colaboradores em projetos com impacto direto na operação. Rogério de Oliveira, que atua na obra do residencial Verttice, em Curitiba (PR), apresentou uma proposta simples e eficaz para melhorar o controle de maquinário parado no canteiro — um problema recorrente nesses ambientes, muitas vezes negligenciado, mas com impacto direto na eficiência da operação. Foi ouvido, reconhecido e teve sua ideia aprovada.
“Ver alguém da linha de frente trazendo uma ideia tão prática e aplicável foi um momento simbólico, pois reforçou o que o Inova Pride representa: um canal para que todos sejam ouvidos e tenham protagonismo”, afirma Flávio Miguel Breda, gerente de Tecnologia da Informação (TI) que liderou a estruturação do programa ao lado da gerente de Recursos Humanos, Thays Lysko. Ambos trabalham na Pride, construtora que atua no Paraná desde 2012 e que está entre as 100 maiores do setor no país, segundo o Ranking Intec.
O caso de Rogério resume um dilema enfrentado por empresas de diferentes setores: como transformar a inovação em algo acessível, cotidiano e prático, especialmente em um ambiente pressionado por custos, escassez de mão de obra e necessidade de eficiência?
A pergunta se torna ainda mais urgente diante do cenário global. De acordo com o relatório Future of Jobs 2025 — elaborado pelo Fórum Econômico Mundial e analisado pela Fundação Dom Cabral — a descentralização da inovação será uma das principais alavancas para manter a competitividade em tempos de incerteza econômica e transformação tecnológica. Em vez de concentrar decisões em poucos líderes, cresce a expectativa por ambientes colaborativos, abertos à participação e à escuta de quem está mais próximo dos problemas. Esse movimento se conecta diretamente com a ideia de inteligência coletiva como diferencial organizacional.
“O incentivo à inteligência coletiva precisa acontecer nas organizações, pois boas ideias não têm hierarquia. Elas podem surgir do administrativo ou do almoxarifado. O que faz diferença é ter um ambiente em que essas ideias sejam levadas a sério”, complementa Thiago Kuntze, diretor executivo da Pride.
Ideias que vêm de todos os lados
O movimento global em direção à inovação distribuída ajuda a entender por que a iniciativa ganhou tração na Pride, pois foi criada em 2024 justamente para romper com a lógica da inovação concentrada em áreas técnicas ou cargos de liderança. Na prática, isso significa que qualquer colaborador pode propor melhorias capazes de gerar eficiência, reduzir desperdícios ou aprimorar processos internos.
O primeiro ciclo reuniu nove áreas e resultou na aprovação de dez projetos, atualmente em fase de execução. Entre eles, há soluções voltadas a dados, automação e orçamento. Um dos exemplos foi a criação de um painel de compras que otimizou a visualização de insumos críticos, com grande impacto na operação e redução de retrabalho. Outro destaque foi um projeto de padronização orçamentária que trouxe uma abordagem replicável entre obras diferentes, contribuindo para o ganho de eficiência no time de planejamento.
“Esses exemplos demonstram que inovar nem sempre significa criar algo do zero. Melhorar o que já existe, com intencionalidade, método e vontade de fazer a diferença, também é inovação”, ressalta Flávio Miguel Breda. Para o gerente de TI, o programa mostrou que a melhoria contínua pode deixar de ser um discurso e se tornar prática do dia a dia.
Com isso, o engajamento aumenta, o senso de pertencimento se fortalece e a inovação passa a ser percebida como responsabilidade de todos.
Uma cultura que se constrói em rede
Ao organizar o programa com base em método e escuta ativa, a Pride criou um ciclo de melhoria contínua, que é respaldado por uma governança sólida e conta com apoio direto da diretoria, o que garante sua continuidade e seriedade.
Cada iniciativa segue um fluxo estruturado, com diagnóstico, plano de ação, execução e revisão. Dessa forma, o processo estimula colaboradores de diferentes áreas a identificar problemas e propor soluções, bem como a desenvolverem suas habilidades técnicas e comportamentais.
Além de visibilidade, os autores dos projetos aprovados recebem um incentivo financeiro. “É um incentivo real, que contribui para manter a chama da inovação acesa em todos os níveis da organização”, finaliza o diretor executivo da Pride.
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