O que muda no bolso dos brasileiros com a Selic em 14,75%?

O que muda no bolso dos brasileiros com a Selic em 14,75%?

Endividamento pode aumentar entre a população

A Taxa Selic subiu de 14,25% para 14,75%, conforme decisão anunciada nesta quarta-feira (7) após dois dias de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Esta é a sexta elevação consecutiva da taxa básica de juros, principal instrumento utilizado para conter a inflação. Além de ser o maior patamar desde 2006, segundo analistas, a Selic pode ainda atingir 15% ao ano até dezembro. Para Renan Diego, consultor financeiro e especialista em investimentos, o aumento expressivo da taxa tem alterado o comportamento de consumo dos brasileiros e impactado diretamente suas finanças pessoais.

“O consumo entre a população tende a diminuir, já que o aumento dos preços reduz o poder de compra. Muitos brasileiros passarão a priorizar gastos considerados essenciais, como alimentação, medicamentos e o pagamento de contas básicas, como luz, aluguel e gás. Já itens supérfluos, como roupas e eletrônicos, devem ser deixados em segundo plano. Segundo Renan, o cenário impacta não apenas o orçamento das famílias, mas também a economia nacional, que pode enfrentar um período de desaceleração nos próximos meses,” afirma Renan.

A taxa básica de juros, conhecida como Selic, é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela é aplicada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional por meio do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), servindo como referência para outras taxas de juros da economia. Definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a elevação da Selic tem como objetivo conter a demanda aquecida. Isso ocorre porque juros mais altos encarecem o crédito, desestimulam o consumo e incentivam a poupança. Como consequência, taxas elevadas também podem frear a atividade econômica.

“Os critérios para concessão de crédito tendem a se tornar mais rígidos, já que as instituições financeiras buscam proteger sua rentabilidade em um cenário de juros elevados. Esse movimento leva os bancos a adotarem avaliações mais rigorosas e, muitas vezes, a exigirem garantias adicionais, concentrando a oferta de empréstimos em clientes com perfil financeiro mais estável”, indica o educador financeiro.

Renan ressalta que empréstimos e financiamentos devem ficar mais caros, já que a decisão do Copom leva os bancos a acompanharem o aumento da Selic e repassarem esse custo aos consumidores. Com isso, os juros do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial também tendem a subir, impactando diretamente quem atrasa pagamentos. Quem está financiando imóveis ou veículos, por exemplo, deve notar um aumento nas parcelas nos próximos meses, refletindo o encarecimento do crédito.

“Quem já está endividado pode enfrentar uma situação ainda mais difícil. Com o aumento dos juros do crédito rotativo e do cheque especial, aqueles com dívidas atreladas a taxas variáveis podem ver os encargos crescerem continuamente, o que dificulta ainda mais a quitação dos débitos e encarece o custo total da dívida. No caso do crédito consignado, o impacto tende a ser menos severo, pois as taxas são geralmente mais baixas. Ainda assim, deve haver um aumento, embora menor em comparação a outras modalidades de crédito”, revela o profissional

Renan destaca que manter uma boa organização financeira é essencial em períodos de juros elevados, pois isso ajuda a evitar o endividamento. Segundo ele, muitos brasileiros recorrem ao crédito para cobrir despesas essenciais ou emergências do dia a dia, o que pode se tornar um risco quando os custos das linhas de crédito aumentam. Ainda de acordo com o especialista, há uma tendência de crescimento da inadimplência no país, impulsionada tanto pelo encarecimento dos empréstimos quanto pelo aumento da demanda por crédito.

O impacto para empresas e investidores

Muitos acreditam que os efeitos da alta da Selic se restringem apenas aos hábitos de consumo dos brasileiros, mas ela também impacta diretamente o desempenho de pequenas e grandes empresas. Diante dos juros elevados, empresários tendem a adiar ou até desistir de novos projetos, já que o custo do crédito para investimentos e expansão aumenta consideravelmente. Em vez de avançar, muitos acabam dando um passo atrás. Além disso, investidores em renda variável — como fundos imobiliários, commodities, câmbio e ações — podem sentir os efeitos da desvalorização desses ativos, reflexo do ambiente de juros mais altos.

Renan, que também é especialista em investimentos, explica o aumento também pode ser favorável para quem possui aplicações em certos capitais no mercado, isso o aumento da Selic beneficia os investimentos de renda fixa, por exemplo, isso porque a remuneração é baseada nos juros. Entre os principais que podem colher frutos dessa alta, estão o Tesouro Selic, LCA, CDB, LCI, e Tesouro IPCA+.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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