Por que a gigante da mineração está sob pressão na Bolsa?

Nos últimos meses, a ação da Vale (VALE3) tem enfrentado dificuldades em sustentar sua performance na Bolsa, refletindo uma combinação de fatores macroeconômicos, operacionais e setoriais. Ainda que a empresa siga como uma das maiores mineradoras do mundo e mantenha fundamentos relevantes, o momento é de atenção redobrada por parte dos investidores.
Na avaliação de Heitor Maximiano, Sales de Renda Variável InvestSmart XP, grande parte da recente fraqueza nos papéis da Vale está ligada à dinâmica do mercado de minério de ferro. “Embora o governo chinês esteja promovendo estímulos ao consumo e à construção civil, os impactos dessas medidas ainda são limitados. O mercado questiona se haverá recuperação sustentada da demanda, especialmente diante do excesso de capacidade e margens comprimidas nas siderúrgicas locais”, destaca.
Produção aquém do esperado e custos ainda pressionados
Os dados operacionais do 1T25 reforçam a cautela, explica Maximiano. A produção total de minério de ferro da Vale caiu 6% na comparação anual, para 63,2 Mt, e a de pelotas recuou 3%. O custo caixa (C1) subiu 3,7% em relação ao 1T24, alcançando US$ 21,1/t. Apesar de a companhia manter guidance de produção estável para 2025, a combinação de menor volume com pressão de custos limita a geração de caixa no curto prazo.
Outro ponto de atenção foi a divisão de metais básicos (níquel e cobre), que apresentou resultados mais fracos e ainda sofre para destravar valor, mesmo com iniciativas como o projeto Bacaba, focado no aumento da produção de cobre.
Desafios operacionais e percepção de risco
Seguundo o Sales de Renda Variável InvestSmart XP, a Vale também enfrenta desafios ligados à segurança de suas barragens e ao histórico de passivos judiciais. Embora a companhia tenha avançado em medidas de reparação e reforçado sua governança em ESG, parte do mercado segue cautelosa diante de riscos que, embora menos recorrentes, ainda podem afetar a percepção de longo prazo sobre o papel.
Visão do mercado e comparativos de múltiplos
Apesar do momento delicado, o consenso entre os analistas ainda é majoritariamente positivo. Segundo dados da Bloomberg atualizados em 23 de junho de 2025, 62,5% das casas recomendam compra para VALE3, com preço-alvo médio de R$ 67,47, o que representa um potencial de valorização de cerca de 34% frente ao último preço de R$ 50,34.
“Além disso, a ação negocia a 3,6x EV/EBITDA e 6,8x P/L, múltiplos inferiores à média de seus pares globais (5,3x e 10,5x, respectivamente), segundo o painel de comparativos da Bloomberg. O dividend yield projetado para os próximos 12 meses é de 7,4%, o que contribui para manter sua atratividade, especialmente entre investidores com foco em renda”, informa Maximiano.
Nos critérios ESG, a Vale também se destaca: lidera o ranking de governança e critérios ambientais entre as principais mineradoras globais, com pontuação máxima de 100 nesses dois quesitos, conclui.