Postagens extremistas nas redes sociais podem gerar demissão de funcionários?

Postagens extremistas nas redes sociais podem gerar demissão de funcionários?

Justiça do Trabalho já acolheu demissões em que postagens pessoais comprometiam a imagem da empresa

A recente mobilização em torno do movimento “Demita um Extremista”, impulsionado pelo empresário Tallis Gomes e apoiado pelo deputado federal Nikolas Ferreira, trouxe para o centro do debate jurídico e corporativo os limites entre liberdade de expressão e as responsabilidades do trabalhador fora do ambiente de trabalho. O tema ganhou visibilidade após casos de colaboradores demitidos por comemorar publicamente a morte de figuras políticas e sociais, como o norte-americano Charlie Kirk.

De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), existem hipóteses que podem justificar a demissão por justa causa, como “ato lesivo à honra ou boa fama” e “mau procedimento” (art. 482, alíneas “j” e “k”). Jurisprudência recente da Justiça do Trabalho já acolheu demissões em situações em que postagens pessoais comprometiam a imagem da empresa ou expunham hierarquias internas ao ridículo.

Segundo pesquisa da Resume Builder, 74% dos entrevistados disseram ver as páginas de redes sociais dos candidatos durante o processo de recrutamento. Ainda de acordo com o levantamento, 31% dizem que “sempre” olham para as mídias sociais dos candidatos, enquanto 44% dizem que “às vezes” o fazem e 13% dizem que “raramente”. Apenas 12% dos entrevistados dizem que nunca veem as mídias sociais dos candidatos como parte do processo de avaliação. Isso reforça que o comportamento online, mesmo fora do ambiente de trabalho, pode ter impactos diretos na carreira e na reputação profissional.

Procons estaduais e federais vêm notificando e julgando casos do tipo, em que empresas foram obrigadas a reintegrar ou indenizar colaboradores demitidos por condutas públicas vistas como incompatíveis, quando não comprovado dano efetivo ou sem contrato interno que defina normas de conduta digitais. Para o advogado empresarial Lucas Mantovanisócio e cofundador da SAFIE, o tema exige cautela.

“O conceito de mau procedimento é amplo e pode, sim, abranger condutas em redes sociais que ferem padrões éticos e reputacionais, mesmo fora do ambiente de trabalho. No entanto, é fundamental que haja uma conexão clara entre a manifestação e o risco para a empresa. Por isso, políticas internas de conduta digital são essenciais para reduzir a insegurança jurídica e orientar colaboradores sobre limites e responsabilidades”, explica Mantovani.

Além da questão jurídica, o especialista afirma que o debate abre espaço para reflexões sobre governança, compliance e cultura organizacional. “Empresas que não se antecipam com regulamentos internos correm riscos de decisões judiciais desfavoráveis, reintegração de empregados ou até crises de imagem. Nesse sentido, estruturar políticas de conduta digital claras e bem comunicadas é hoje tão estratégico quanto manter um código de ética tradicional”, conclui.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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