Black Friday deve movimentar R$ 13,3 bilhões e impõe teste de resistência à logística

Black Friday deve movimentar R$ 13,3 bilhões e impõe teste de resistência à logística

Volume de pedidos deve crescer 15% e desafia transportadoras, emissores fiscais e operações de entrega

A Black Friday 2025 promete ser a maior da história do e-commerce brasileiro. Segundo projeção da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (Abiacom), o evento deve movimentar R$ 13,34 bilhões, um crescimento de 14,7% em relação a 2024. A expectativa é de 16,5 milhões de pedidos e um ticket médio de R$ 808,50, o que confirma o vigor do varejo digital no país.

Mas, por trás dos números, há uma engrenagem complexa que será colocada à prova: a logística. Para cada pedido confirmado, há uma série de processos que precisam rodar em sincronia — emissão fiscal, separação de estoque, transporte, roteirização e entrega dentro do prazo. E é justamente aí que mora o desafio.

“Durante a Black Friday, logística é sinônimo de reputação. Quem não se prepara para o pico de demanda compromete o SLA e perde clientes”, afirma Ewerton Caburon, CEO da Emiteaí, empresa de Blumenau reconhecida pela Exame entre as empresas que mais crescem no país.

Operação por trás das vitrines virtuais

Com a expectativa de milhões de pedidos em poucos dias, o sistema logístico precisa funcionar como um organismo vivo. Qualquer falha — seja no estoque, na emissão fiscal ou na rota de entrega — pode gerar gargalos em cadeia.

Caburon explica que, durante a Black Friday, o principal erro das empresas é tentar improvisar com o trem já em movimento. “Planejar é o único caminho. A Black Friday não é o momento de testar sistemas ou processos novos. É o momento de executar o que já está maduro, automatizado e integrado. Cada segundo perdido na emissão de um documento ou na atualização de estoque pode se transformar em atraso e prejuízo”, afirma.

O especialista lembra que as empresas precisam garantir que seus sistemas fiscais e operacionais estejam preparados para o aumento no volume de emissão de CT-es, MDF-es e notas fiscais eletrônicas. “Se o sistema não aguentar a carga, o caminhão não sai. E se o caminhão não sai, o pedido não chega”, completa.

Automação como diferencial competitivo

A alta competitividade da Black Friday também expõe uma mudança cultural no setor: logística não é mais custo, é diferencial de marca.

“O consumidor não está apenas atrás do menor preço. Ele quer previsibilidade, rastreio em tempo real e entrega rápida. A experiência logística virou parte da percepção de valor do produto. Por isso, as empresas que automatizam emissão fiscal, controle de frete e integração com transportadoras saem na frente”, explica Caburon.

Segundo ele, a automação permite que transportadoras e embarcadores mantenham controle total sobre o fluxo de informações — da emissão do documento à entrega —, reduzindo erros humanos e garantindo conformidade fiscal.

Pressão sobre a cadeia logística

O aumento previsto de 15% nas vendas deve ampliar a pressão sobre transportadoras, operadores logísticos e centros de distribuição. Dados da Abiacom indicam que os setores mais aquecidos serão eletrônicos, moda, beleza, brinquedos e eletrodomésticos — justamente os que demandam maior agilidade e cuidado com a entrega.

Para o CEO da Emiteaí, a profissionalização da cadeia logística será o divisor de águas entre as empresas que crescem e as que travam.

“O Brasil vive um momento de transformação digital da logística. O volume cresce, os prazos encurtam e o consumidor está cada vez mais exigente. Nesse contexto, quem domina automação fiscal e gestão integrada ganha escala e consistência. A Black Friday é o teste real dessa maturidade”, afirma Caburon.

Um setor em evolução constante

Com a previsão de movimentar R$ 13,3 bilhões em vendas online, a Black Friday 2025 deve consolidar o e-commerce como motor de crescimento do varejo nacional. Mas também reforça uma verdade que o setor já aprendeu na prática: não existe experiência de compra bem-sucedida sem logística eficiente.

“A Black Friday é um marco de desempenho, mas também um espelho. Ela mostra quem está preparado e quem ainda opera no improviso. E, na logística, improviso custa caro”, conclui Caburon.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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