CEOs voltam à linha de frente da comunicação e se tornam os novos influenciadores corporativos

CEOs voltam à linha de frente da comunicação e se tornam os novos influenciadores corporativos

Tendência mostra que o público confia mais em marcas cujos líderes se comunicam diretamente com consumidores

Em um momento em que a credibilidade dos influenciadores digitais entra em declínio, uma nova tendência ressurge no mercado: a dos CEOs como protagonistas da comunicação corporativa e das campanhas. O movimento retoma ativos importantes das empresas, como a autenticidade e a confiança na marca, apontam estudos.

Mas apesar dos resultados positivos, transformar o CEO em garoto-propaganda da empresa não é uma estratégia isenta de riscos e envolve desafios, como alerta o especialista em branding Luciano Deos (foto), CEO e fundador da consultoria de marca Gad’.

Para evitar riscos reputacionais para a companhia, a resposta passa pelo equilíbrio entre humanização e institucionalidade.

“Uma liderança que se confunde excessivamente com a marca pode reforçar sua autenticidade, mas também fragilizá-la diante de crises pessoais, erros de comunicação ou desgastes de reputação”, reforça Luciano Deos.

Segundo dados do relatório Sprout Social, 70% dos consumidores se sentem mais conectados a uma empresa quando o CEO está ativo nas redes sociais; e 82% confiam mais em organizações cujos líderes se comunicam de forma aberta e direta com o público, de acordo com pesquisa Edelman Trust Barometer 2024.

“Os consumidores estão desconfiados dos criadores de conteúdo tradicionais, e isso abre espaço para uma comunicação mais genuína, feita pelos próprios líderes das organizações”, afirma Luciano Deos.

“Estamos vendo um retorno à origem do branding, quando o fundador era o rosto e a alma da marca. A diferença é que agora isso acontece em um ambiente digital e interativo, em que a transparência e o propósito se tornaram inegociáveis.”

O movimento, que já se consolida globalmente, reflete uma mudança de paradigma na construção de reputação. Mais do que gestores, os líderes passam a atuar como storytellers, criadores de conteúdo e embaixadores de suas marcas, resgatando a autenticidade como valor estratégico.

No Brasil, exemplos como o de João Adibe Marques, da Cimed, mostram como a presença de executivos na comunicação pode fortalecer o vínculo com o consumidor e impulsionar resultados de negócio. “Trata-se de uma estratégia de humanização da marca e construção de confiança. O CEO não vende apenas um produto, mas uma história, um significado e uma cultura corporativa”, destaca Deos.

A reflexão faz parte de um dos dez insights do estudo Gad Insights 2025, com o tema O Resgate das Origens, lançado recentemente pela consultoria. O relatório analisa as tendências que moldam o futuro das marcas e aponta que a autenticidade – e não a performance – volta a ser o maior ativo intangível das empresas.

Entre a autenticidade e o risco

O megaempresário e über influenciador Elon Musk, dono da SpaceX, da rede social X, da Neuralink, entre outras companhias, viu as ações da sua empresa de carros elétricos Tesla dobrarem de valor no final de 2024 e se desvalorizarem ao longo do ano de acordo com seus posicionamentos nos EUA. As ações recuperaram parte das perdas e a expectativa agora é que ele receba um bônus da Tesla de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5 trilhões), considerado o maior da história corporativa.

Por aqui, o empresário Sidney OIiveira, o rosto conhecido por trás da Ultrafarma e CEO da rede de farmácias, chegou a ser preso recentemente em uma operação do Ministério Público de São Paulo. Esse tipo de situação levanta questões cruciais: até que ponto o CEO-influencer fortalece a marca, e quando essa mesma estratégia pode colocá-la em risco?

De acordo com o especialista em branding, ao devolverem um rosto à comunicação, as empresas assumem também a responsabilidade pública por suas promessas. “O movimento atual sugere um resgate às origens, quando o fundador era sinônimo de marca, mas adaptado às exigências da era digital”, analisa o especialista em branding.

Para os consumidores, essa presença tende a significar proximidade e confiança. Para as empresas, abre-se uma nova arena: a de entender até onde a imagem de seus líderes pode e deve ser explorada como ativo estratégico, antes que a personificação da marca se torne também seu maior ponto de vulnerabilidade.

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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