PIX completa 5 anos: relembre o início, principais desafios e conquistas no Brasil

PIX completa 5 anos: relembre o início, principais desafios e conquistas no Brasil

Com 81% dos brasileiros utilizando o sistema e 290 milhões de operações diárias, PIX se torna o maior símbolo de inclusão financeira e digitalização da economia nacional

Em 16 de novembro de 2020, o Banco Central do Brasil lançou oficialmente o PIX, sistema de pagamentos instantâneos que, naquele momento, prometia revolucionar a forma como os brasileiros movimentam dinheiro. Cinco anos depois, em novembro de 2025, os números comprovam que a promessa se tornou realidade: a ferramenta tornou-se a principal forma de transação financeira no Brasil.

Segundo dados oficiais do Banco Central, o PIX encerrou 2024 com 63,8 bilhões de transações, um crescimento de 52% em relação ao ano anterior, movimentando R$ 26,9 trilhões. Em 2025, os recordes continuam sendo batidos: em setembro, o sistema registrou 290 milhões de transações em um único dia, movimentando R$ 164,8 bilhões, ambos recordes históricos.

A ferramenta também é utilizada por 81% dos brasileiros para transferências e pagamentos nos últimos 12 meses, segundo estudo da Data Rudder em parceria com a Opinion Box.

O que começou como uma alternativa às transferências bancárias tradicionais se transformou no maior case de inclusão financeira e digitalização da economia brasileira. O levantamento também mostra que 80% dos usuários consideram o sistema seguro. Além disso, 8 em cada 10 pessoas utilizam o PIX semanalmente, sobretudo em transações de R$ 50 a R$ 300, o que reforça seu uso no dia a dia.

Ou seja, a trajetória desses cinco anos revela não apenas uma mudança tecnológica, mas uma transformação no comportamento financeiro de milhões de pessoas.

Os primeiros passos em novembro de 2020

Quando o PIX foi lançado, o Brasil ainda realizava DOC, TED e boletos para transferências, métodos que levavam horas ou até dias para serem processados. O cartão de débito e crédito dominavam as compras presenciais, enquanto pequenos empreendedores precisavam investir em maquininhas e arcar com taxas que comprometiam suas margens.

“O PIX nasceu com uma proposta clara: democratizar o acesso ao sistema financeiro e tornar as transações mais rápidas, baratas e acessíveis. Nos primeiros meses, o desafio era conquistar a confiança do usuário e vencer a resistência natural à mudança de hábitos consolidados. Do lado das empresas, os desafios eram igualmente complexos: adaptar toda a infraestrutura tecnológica, treinar equipes e repensar processos internos para atender às exigências do sistema em tempo real. Muitas organizações precisaram fazer investimentos significativos em sistemas e segurança cibernética para garantir a integração adequada”, destaca o CRO da Azify, empresa que oferece infraestrutura financeira completa para empresas no Brasil, Gustavo Siuves.

Desafios da implementação

A adoção em massa do PIX não aconteceu da noite para o dia. Entre os principais desafios enfrentados nos primeiros anos estava a educação financeira: era preciso ensinar milhões de brasileiros a cadastrar chaves, entender os limites de segurança e confiar em um sistema totalmente novo.

A infraestrutura tecnológica também exigiu adaptações significativas, já que bancos e fintechs precisaram ajustar seus sistemas para processar transações em tempo real, 24 horas por dia, 7 dias por semana.

O crescimento acelerado do PIX também teve um outro lado: atraiu golpistas, e fraudes como sequestro de chaves e engenharia social se tornaram desafios constantes, exigindo respostas rápidas do Banco Central. Mesmo com uma leve sensação de vulnerabilidade, 43% dos brasileiros acham o PIX bastante seguro e 37% muito seguro, conforme a Data Rudder.

Além disso, havia resistência do mercado, especialmente de empresas de máquinas de cartão, que geravam receita com taxas e viram no PIX uma ameaça ao modelo de negócio tradicional.

Conquistas que marcaram o caminho

Apesar dos desafios iniciais, o PIX rapidamente se consolidou como referência global em pagamentos instantâneos:

2021: Primeiro ano completo de operação, com adesão crescente de usuários e empresas. O sistema ultrapassou a marca de 1 bilhão de transações mensais.

2022 e 2023: Expansão acelerada, com o PIX superando o volume de transações de cartões de débito e se tornando protagonista no varejo físico e digital.

2024: Recordes de uso se tornaram rotina. Em 20 de dezembro de 2024, foram registradas 252,1 milhões de transações em apenas um dia.

2025: Ano das grandes inovações. O Banco Central lança o PIX Automático em junho, amplia o PIX por Aproximação com tecnologia NFC, regulamenta o PIX Parcelado (em setembro e outubro) e implementa o botão de contestação para aumentar a segurança dos usuários.

Para o diretor de Negócios da Lina Open X, Murilo Rabusky, o protagonismo do PIX reflete uma mudança de comportamento importante, especialmente entre os mais jovens e microempreendedores. “A simplicidade da ferramenta — que dispensa maquininhas e taxas — tem sido determinante para impulsionar pequenos negócios, ampliar o acesso ao sistema bancário e estimular a digitalização da economia”, destaca

O impacto na vida do brasileiro

Cinco anos depois, o PIX está presente em praticamente todos os aspectos da vida financeira dos brasileiros. De acordo com projeções da Ebanx/PCMI, a plataforma deve responder por 44% do valor total das transações online até o final de 2025, superando os cartões de crédito (41%) no e-commerce.

Além disso, o sistema incluiu milhões de pessoas que antes estavam à margem do sistema financeiro formal. Cerca de 60 milhões de brasileiros que não possuem cartão de crédito agora têm acesso a serviços financeiros digitais, e o PIX Parcelado, por exemplo, promete ampliar ainda mais essa inclusão ao oferecer acesso ao crédito de forma regulada e transparente.

“Para o consumidor, principalmente para aqueles que hoje não possuem um cartão de crédito, as novas modalidades do PIX, em especial o PIX Parcelado, trazem a possibilidade de realizar uma compra parcelada diretamente através da ferramenta. Já para quem possui crédito, mas não quer comprometer o limite do cartão com uma transação de valor alto ou de longo prazo, o PIX se torna uma alternativa prática e segura. Acredito que essas duas frentes vão redefinir a forma como o brasileiro consome e se relaciona com o dinheiro digital”, analisa Gustavo Siuves, da Azify. 

As inovações que definem a nova fase

Em 2025, o PIX não é mais apenas um meio de pagamento, mas um ecossistema completo de gestão financeira:

PIX por Chave: A modalidade original que permite transferências usando CPF, CNPJ, e-mail, telefone ou chave aleatória cadastrados previamente.

PIX QR Code: Sistema que gera códigos QR para pagamentos, amplamente usado no varejo físico e digital. Hoje, 19% dos entrevistados afirmam usar o QR Code como mecanismo principal no PIX. Isso representa um aumento de 46% em relação a 2024, de acordo com a pesquisa da Data Rudder.

PIX Copia e Cola: Permite pagamentos através de um código alfanumérico que pode ser copiado e colado no aplicativo do banco.

PIX Automático: Pagamentos recorrentes de contas como luz, água, aluguel e mensalidades, sem precisar refazer transferências manualmente. Ainda conforme o estudo, 32% dos que não usam o PIX por aproximação desconhecem a funcionalidade. A funcionalidade ainda é pouco usada, mas 51% dos usuários pretendem experimentar no futuro.

PIX por Aproximação: Tecnologia NFC que permite pagar apenas encostando o celular na maquininha, sem taxas extras.

PIX Agendado: Possibilidade de programar transferências para datas futuras, facilitando o planejamento financeiro.

PIX Parcelado: Modalidade oficial que permite dividir pagamentos sem cartão de crédito, com o lojista recebendo o valor integral imediatamente.

Botão de Contestação: Ferramenta que permite contestar transações suspeitas com um clique, aumentando a segurança e a confiança no sistema.

“Essas inovações trazem benefícios diretos para as empresas como redução de custos, segurança nas transações e mais controle de fluxo de caixa. Já para os consumidores, o Pix representa mais autonomia financeira, praticidade e inclusão. O Pix virou sinônimo de acesso. Ele incluiu milhões de pessoas no sistema bancário e agora entra no campo do planejamento financeiro do brasileiro, especialmente dos que nunca tiveram um cartão de crédito ou conta digital”, completa Murilo Rabusky, da Lina Open X.

O que esperar dos próximos cinco anos

Com a infraestrutura consolidada e a confiança dos usuários conquistada, o futuro do PIX aponta para ainda mais integração e inovação. Para os próximos anos, os especialistas preveem:

  • Expansão das operações internacionais
  • Maior integração com carteiras digitais
  • Aumento dos investimentos em segurança cibernética
  • Substituição gradual de boletos e outras formas de pagamento tradicionais
  • Consolidação como plataforma completa de gestão financeira

“O PIX mostrou que é possível transformar o sistema financeiro de um país em poucos anos quando há visão estratégica, regulação eficiente e abertura para inovação. O Brasil criou um modelo que está sendo estudado e replicado em outros países. Nos próximos cinco anos, veremos a ferramenta se consolidar não apenas como meio de pagamento, mas como o centro do ecossistema financeiro digital brasileiro”, observa Gustavo Siuves, da Azify.

Em cinco anos, o PIX deixou de ser uma novidade para se tornar parte essencial da vida dos brasileiros. “Com isso, o Brasil caminha para consolidar um ecossistema que já oferece pagamentos à vista, recorrentes e parcelados, tudo dentro da mesma jornada. É uma transformação com potencial de impacto inclusivo profundo, que pode servir de referência para outros países”, finaliza Murilo Rabusky, da Lina Open X.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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