Selic mantida em 15% prolonga a restrição de crédito e reduz o potencial de crescimento do PIB em 2025

Selic mantida em 15% prolonga a restrição de crédito e reduz o potencial de crescimento do PIB em 2025

Decisão reforça cautela do Banco Central e mantém crédito caro

O Banco Central optou por manter a Selic em 15% ao ano, decisão que confirma a leitura de que o atual patamar de juros já é suficientemente restritivo para garantir a convergência da inflação à meta.

A manutenção da Selic foi bem recebida pelos investidores, que já esperavam uma decisão mais conservadora. O Ibovespa subiu 1,72% , o câmbio caiu 0,7% com o dólar cotado a R$5,3614. Os juros futuros apresentaram leve alívio nos vértices intermediários.

Na avaliação do CEO da MA7 Negócios, André Matos,  o Comitê preferiu manter a estratégia de cautela, observando a desaceleração da inflação e o ritmo ainda moderado da atividade antes de qualquer mudança de curso. Essa postura reforça a credibilidade da política monetária e oferece previsibilidade ao mercado em um momento de incerteza global.  “O cenário favorece a consolidação da desinflação, ajuda a ancorar expectativas e preserva o espaço para ajustes graduais mais adiante. Para o investidor, o ambiente continua equilibrado: a renda fixa segue oferecendo retornos elevados, enquanto a bolsa se beneficia de maior estabilidade e de uma perspectiva mais clara de transição para um ciclo de confiança econômica”,destaca Matos.

Para Fábio Murad, economista e CEO da Super-ETF Educação, a Selic em 15% confirma a leitura de que o Banco Central ainda vê riscos relevantes para a convergência da inflação à meta. Apesar da desaceleração da economia e da queda gradual dos núcleos de preços, o cenário fiscal incerto e a resiliência do mercado de trabalho mantêm o comitê em posição de cautela.

“Essa manutenção não altera significativamente nossa projeção de inflação, que deve encerrar o ano em torno de 4,5%, com PIB avançando próximo de 1,7%. O mercado tende a reagir de forma neutra, reforçando o foco na comunicação do Copom para identificar o momento de virada da política monetária. Para o investidor, o recado é claro: ainda é hora de manter a disciplina na renda fixa, aproveitando juros reais elevados, mas já começar a avaliar oportunidades graduais em renda variável, especialmente em setores sensíveis ao ciclo de juros”, explica Murad.

Expectativa precificada

Na opinião de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a decisão de manter a Selic em 15% confirma de fato a expectativa amplamente precificada pelo mercado. Essa hipótese já vinha sendo atrelada à leitura de que o ciclo de aperto monetário se encontra próximo do fim e que os riscos inflacionários, embora ainda presentes, estão mais controlados. Em termos econômicos essa opção sinaliza que o Banco Central entende que o patamar atual de juros é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, e que não vê necessidade imediata de acelerar cortes ou subir mais os juros.

“Para a inflação e PIB até o fim do ano, isso sugere uma continuidade do quadro de juros elevados que desestimula pressões inflacionárias externas ou via crédito, o que tende a favorecer uma trajetória de inflação moderada. Mas ao mesmo tempo, juros nesse nível elevado limitam a recuperação do PIB ou a aceleração da atividade, algo já sinalizado pelo FOCUS, ou seja, crescimento modesto permanece mais provável. No mercado, a manutenção favorece a renda fixa, já que as taxas de juros elevadas continuam garantindo retornos interessantes, e para ações o efeito é misto: os custos de juros altos permanecem como obstáculo para setores muito alavancados ou dependentes de crédito barato, mas os setores mais defensivos ou com bom fluxo de caixa podem se beneficiar. Para o investidor: manter posições em renda fixa de médio prazo pode fazer sentido, ajustar carteira para aproveitar setores menos dependentes de juros inerentemente altos, e acompanhar de perto o comunicado e o ‘guidance’ do Copom ”, analisa Lima.

Previsibilidade

Segundo Antonio Patrus, diretor da Bossa Invest, a manutenção da Selic em 15% garante previsibilidade aos agentes econômicos e equilíbrio entre controle de preços e atividade. “O PIB cresceu de forma moderada e a inflação continua cedendo. O mercado de venture capital opera com ajuste gradual, sem rupturas, mantendo liquidez suficiente para negócios com fundamentos consistentes. Fundos focam em empresas com receita recorrente, eficiência operacional e governança sólida. A decisão mantém a confiança dos investidores estrangeiros e reduz a volatilidade no fluxo de capitais. O país encerrou o ano com ambiente macroeconômico estável e com ecossistema de inovação mais maduro e focado em resultados reais”, enfatiza.

O CEO da Multiplike, Volnei Eyng, entende que, nesse momento, adiantar a redução da Selic, embora a inflação esteja se aproximando do teto da meta, levaria a uma redução da curva de juros curta, mas no médio e longo prazo essa curva de juros aumentaria. Ou seja, manter o remédio forte agora ajuda a reduzir o juro médio futuro no Brasil. “Para a economia, isso significa um crescimento mais contido até o fim do ano, com impacto direto sobre o crédito e o consumo. O investidor deve manter uma postura conservadora, priorizando ativos pós-fixados e estratégias defensivas”, destaca.

“Para o investidor e o empresário, o cenário é de previsibilidade, num ambiente de juros altos, mas estáveis, que permite planejamento estratégico e reforça a cultura de gestão prudente”, conclui Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X.

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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