Reforma sobre o consumo inaugura nova lógica de apuração e exige mudança de mentalidade nas empresas

Reforma sobre o consumo inaugura nova lógica de apuração e exige mudança de mentalidade nas empresas

Chegada do IBS e da CBS cria transição inédita com dois sistemas de tributação convivendo por anos; precisão de dados e visão estratégica passam a definir competitividade

O ano de 2026 marcará o início de uma das maiores transformações do sistema tributário brasileiro em décadas. A entrada em vigor das primeiras etapas da Reforma Tributária sobre o consumo inaugura uma fase de transição longa, em que empresas terão de operar, simultaneamente, dois modelos de apuração: o atual (ICMS, ISS, PIS/COFINS) e o novo, baseado na CBS e no IBS.

Para Paulo Dantas, diretor e especialista em Consultoria e Tributação na Bernhoeft, o cálculo fiscal deixa de ser apenas um processo operacional e passa a ocupar o centro das decisões estratégicas. “Estamos diante de um período em que precisão, governança de dados e adaptação serão vitais. As empresas que encararem o cálculo tributário como ferramenta estratégica, e não apenas como obrigação, estarão mais preparadas para atravessar a transição”, afirma.

A seguir, os movimentos que devem moldar a rotina fiscal em 2026:

  • Nova forma de apuração com a tomada de créditos pelo regime de caixa

A principal virada trazida pelo novo modelo é a necessidade de relacionar pagamentos, recebimentos e documentos fiscais. Essa rastreabilidade impacta conciliações, controles internos e a estrutura de cálculo, especialmente para setores com grande volume de transações.

  • Setores sentirão impactos diferentes – serviços no centro da mudança

Entre os segmentos mais afetados está o de serviços, acostumado à lógica do ISS com alíquotas fixas. Agora, o modelo de créditos e débitos altera margens, preços e a formação de custos, exigindo revisão de contratos e novas políticas comerciais.

  • Dois sistemas de tributação convivendo até 2030 aumentam a complexidade

Entre 2026 e 2033, coexistirão apurações de tributos antigos e novos. Marcos críticos da transição:

2027 – Extinção do PIS/COFINS,e redução a zero das alíquotas de IPI. Início efetivo da cobrança do CBS e modalidade de pagamento via split payment.

2029 – Descontinuação gradual de ICMS e ISS.

2033 – Modelo novo totalmente implementado.

Essa sobreposição de cenários e concorrência de cálculos amplia riscos, retrabalhos e demandas sobre equipes fiscais.

  • Dados e sistemas passam a ser o coração do compliance

A Reforma exigirá:

  • constituição de base de cálculos diferentes para os impostos novos
  • produtos e serviços corretamente classificados,
  • parametrizações atualizadas,
  • adequação aos novos layouts de notas fiscais.

Bases de dados consistentes se tornam determinantes para evitar inconsistências, autuações e falhas na apuração dos novos tributos.

  • Planejamento tributário vira peça central para decisões de negócio

Com novas alíquotas, regimes e regras de crédito, empresas precisarão simular cenários comparativos. Revisar markups, margens, contratos e composição de custos deixa de ser uma recomendação e passa a ser uma exigência de competitividade.

“A Reforma Tributária exige uma mudança de mentalidade”, diz Paulo Dantas. “As empresas que se anteciparem, estruturarem seus dados e avaliarem impactos com profundidade terão mais capacidade de reagir aos ajustes que virão nos próximos anos”, conclui o especialista.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná.Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social.Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos.Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas.Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005).Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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