Varejo entra em 2026 entre contrastes e oportunidades

Varejo entra em 2026 entre contrastes e oportunidades
Ricardo Nunes.

Em um ano que promete expor vencedores e fracassos, 2026 desafia o varejo a transformar a Copa do Mundo em estratégia, não em aposta

O varejo brasileiro atravessou 2025 com oscilação significativa entre meses de avanço e retração, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE. Em setembro, por exemplo, o setor registrou variação negativa de –0,3% frente ao mês anterior, após ajustes sazonais. Já em março, houve crescimento de 0,8%, alcançando o maior patamar da série histórica.

Esse cenário demonstra um ano de volatilidade, influenciado por fatores macroeconômicos, crédito ainda seletivo e mudanças no comportamento do consumidor. Segundo análises setoriais de entidades como CNC, FGV Ibre e Ibevar, com dados preliminares divulgados ao longo de 2025, segmentos como bens duráveis, eletrodomésticos e móveis apresentaram desempenho desigual, com retrações pontuais em meses de maior sensibilidade ao crédito.

Ainda conforme estudos e monitoramentos divulgados por entidades do setor ao longo do ano, redes regionais de varejo ganharam espaço em algumas categorias, especialmente pelo fortalecimento do atendimento local, logística mais eficiente e estratégias de nicho. Essa tendência, observada também por consultorias privadas de varejo, aponta para um movimento de descentralização da competitividade, com maior protagonismo de players médios e regionais.

Para o consumidor, 2025 foi marcado por busca por preço, conveniência e confiança. A digitalização segue forte, mas o atendimento físico recuperou relevância em determinadas praças, especialmente no interior do país.

Para Ricardo Nunes, especialista do varejo e fundador da Ricardo Eletro, o desempenho oscilante de 2025 reflete “não apenas o ambiente macroeconômico, mas também a maturidade do consumidor, que hoje compara mais, espera mais e compra de forma muito mais planejada do que há cinco anos”.

Segundo ele, a disciplina no consumo e a busca por confiabilidade na entrega impulsionaram transformações importantes nas operações de varejo: “Quem não ajustar processos, estrutura e relacionamento com o cliente ficará pelo caminho”.

Perspectivas para 2026

A expectativa para 2026, segundo análises de economistas do varejo, consultorias especializadas e projeções divulgadas pela CNC e FGV ao longo de 2025, é de que o setor tenha melhora gradual caso o cenário de juros continue em trajetória de redução e a renda real siga se recuperando.

Além dos fatores econômicos, o ano será marcado pela Copa do Mundo, evento que historicamente impacta categorias específicas do varejo, especialmente eletrônicos, eletroportáteis, alimentos e bebidas, e bens associados ao consumo domiciliar. Embora não existam dados atuais que quantifiquem esse efeito para 2026, especialistas do setor consideram que a Copa pode representar uma oportunidade relevante, principalmente no segundo trimestre.

Para Nunes, a proximidade da Copa cria um “momento de renovação de equipamentos e de fortalecimento das vendas em categorias ligadas ao entretenimento do lar”, mas ele reforça a cautela: “O efeito existe, mas não deve ser tratado como gatilho automático. Depende da renda, do crédito e da confiança do consumidor”.

Segmentos com melhor perspectiva de crescimento

(com base em análises setoriais e tendências observadas em 2024–2025)

  • Eletroportáteis e eletrônicos de uso doméstico — potencializados pela Copa, desde que preços permaneçam estáveis.

  • Alimentos e bebidas — tradicionalmente impulsionados em anos de eventos esportivos globais.

  • Construção leve, bricolagem e pequenos reparos — tendência já observada em 2024 e 2025, segundo relatórios do setor.

  • Lazer, artigos esportivos e categorias de bem-estar — acompanhando a retomada gradual da confiança do consumidor.

Segmentos que exigem atenção em 2026

Com base nos dados mais recentes da PMC/IBGE e análises divulgadas por entidades do varejo:

  • Móveis e eletrodomésticos — seguem sensíveis ao crédito e podem enfrentar ritmo mais lento no primeiro trimestre.

  • Moda e vestuário — sensibilidade elevada à renda e à inflação setorial.

  • Produtos de alto tíquete — dependem diretamente das condições de financiamento.

2025 foi um ano de heterogeneidade e ajustes finos para o varejo brasileiro. Já 2026 se desenha como um período de oportunidades seletivas, influenciado pela macroeconomia e pelo calendário esportivo, mas que exigirá profissionalização, eficiência operacional e credibilidade na entrega.

Não há atalhos”, afirma Ricardo Nunes. “O varejo que prosperará em 2026 é aquele que unir disciplina comercial, gestão de estoque inteligente e relacionamento real com o consumidor”.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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