Índice de Qualidade de Atendimento de Bancos cai 0,45%

Índice de Qualidade de Atendimento de Bancos cai 0,45%

Plataformas são mais sensíveis ao desempenho da macroeconomia e dos investimentos

O Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcef), em parceria com a Toluna, revela que, após dois anos de avaliação (2020 a 2022), o Índice de Qualidade de Atendimento de Bancos e Plataformas registrou queda de 0,45% na avalição dos bancos, enquanto nas plataformas, teve um desempenho negativo mais expressivo, 3,78%. Esse resultado aponta que, aparentemente as plataformas são mais sensíveis ao desempenho macroeconômico do país e também dos investimentos ao comparar com as instituições tradicionais.

O índice revela ainda que existe uma relação inversa (negativa) entre a percepção de qualidade dos clientes dos bancos e das plataformas. Isso fica nítido na análise do gráfico de evolução do IQA, em particular nos últimos meses, quando os bancos apresentaram uma boa recuperação na percepção dos clientes em relação à sua qualidade de atendimento, enquanto as plataformas, não.

A percepção de qualidade dos clientes dos grandes bancos é similar entre si, com destaque para o Bradesco que, computada a média do IQA ao longo dos dois anos, se mostrou o banco com melhor qualidade de atendimento, seguido pelo Itaú.

A evolução dos critérios

A evolução individual dos critérios pode ser observada no gráfico a seguir:

Todos os critérios, menos Disponibilidade e Privacidade, apresentaram evolução negativa. Com destaque para Realização e Eficiência, com um desempenho altamente negativo no período. Aqui estamos nos referindo a prazos de concretização das operações e facilidade de uso e organização das ferramentas.

Do lado positivo temos o critério Disponibilidade, com uma evolução de quase 12%. Isso indica um aperfeiçoamento tecnológico das ferramentas, que apresentaram menos problemas ao longo dos 2 anos de existência do IQA.

Quando avaliamos a evolução dos critérios por segmento, Bancos e Plataformas, temos resultados quase iguais.

Mas com algum destaque negativo para as plataformas que apresentaram em geral números piores que os bancos. E em Aconselhamento, os bancos apresentaram uma evolução positiva, enquanto as plataformas perderam pontos.

As correlações entre o IQA e indicadores de mercado.

Avaliamos a relação entre o IQA ao longo de dois anos e indicadores de mercado. O gráfico a seguir mostra os resultados através da análise de correlação:

De forma geral, tanto os bancos quanto as plataformas têm sua percepção de qualidade afetada pelo desempenho da bolsa de valores e da taxa de juros. O desempenho da bolsa, medido pelo Ibovespa (e para outros índices como SMLL, IFNC, ICON, INDX e IMOB), em um mês influencia diretamente a percepção de qualidade no mês seguinte; ou seja, se o IBOVESPA aumenta em um mês a percepção de qualidade aumenta no mês seguinte, tanto para bancos quanto plataformas. Como no período o Ibovespa apresentou grandes períodos de alta, em que pese que de ponto a ponto o desempenho foi negativo, a correlação entre o IQA e o IBOVESPA apresentou-se positiva.

No caso da taxa de juros, o impacto é ao contrário; ou seja, se a taxa de juros da economia sobe em um mês, a percepção de qualidade diminui no mês seguinte, tanto para bancos quanto plataformas. De acordo com o levantamento, isso ocorre porque a taxa de juros tem impacto inverso no preço do título de renda fixa, ou seja, se a taxa aumenta, o preço do título diminui e gera perda para o investidor que detém um título de renda fixa ou cota de fundo de renda fixa ou multimercado.

O mesmo se aplica ao IMA-B, que tem títulos associados à inflação. Quando a taxa de juros sobe, os preços dos títulos caem levando à insatisfação do cliente.

Conclusões

A evolução do IQA nos últimos dois anos e sua relação com fatores do mercado mostram que o investidor brasileiro ainda mantém uma visão de curto prazo nos seus investimentos, talvez até incentivado pela atuação dos bancos/plataformas através dos seus conselheiros de investimentos. A evolução do critério Realização, que foi a pior entre todos, mostra bem esse fator. O resultado de curto prazo impacta a percepção dos investidores. Da mesma forma o critério Eficiência é outro indicador desse processo. Enfim, é preciso evoluir, e bastante, no caminho de uma visão de longo prazo nos investimentos no Brasil.

 

 

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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