Classes mais baixas já comprometeram 30% da renda com pagamento de empréstimos até o Natal de 2010
A intenção de consumo neste segundo trimestre do ano deve ser menor entre a população de classe econômica mais baixa, revela estudo feito pelo Instituto de Pesquisas Fractal, realizado com 700 pessoas na cidade de São Paulo, nos meses de fevereiro e março. A pesquisa aponta que 30% da renda dos entrevistados estão comprometidas com pagamentos de empréstimos, cujas parcelas mensais se estendem até o Natal de 2010.
Além disso, 11% dos endividados declararam que não será possível pagar suas dívidas, sendo que um terço de seus rendimentos já está empenhado para saldar empréstimos. Essa situação aponta para um consumo movido a crédito e para uma inflação de demanda nitidamente sustentada pelo estímulo ao endividamento excessivoâ€, afirma Celso Grisi, diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Fractal.
Para o economista, a elevação das taxas de juros pode agravar ainda mais esta inadimplência. Para tentar conter esta situação, ocorre a ampliação dos spreads bancários, o que, por sua vez, pressiona ainda mais a elevação das taxas de juros. Segundo Grisi, a solução para o problema é ensinar á s famílias de menor poder aquisitivo como estruturar sua saúde financeira, ou seja, abrir possibilidades para mostrar como poupar dinheiro e evitar o endividamento.
Outro aspecto que também influencia este cenário diz respeito ao aumento, nos últimos meses, dos preços dos alimentos. Chuvas, enchentes, baixa remuneração dos produtores agícolas em peíodos anteriores reduziram a oferta e a qualidade dos produtos. Com isso, os preços do arroz, do feijão, das carnes, inclusive a suína, ovos, frutas, e legumes sofreram fortes altas, com impacto direto no bolso dos consumidores.
Com o aumento nos gastos com alimentação, os entrevistados afirmaram que costumam gastar 26% de seus ganhos com esses itens de consumo. Em camadas ainda mais pobres, o percentual chega a até 32%. Esse comportamento explica o uso intensivo de cartões de crédito nos supermercados em todas as classes. Com a alta dos preços, o poder aquisitivo se contrai e é necessário reduzir os gastos para equilibrar o orçamento, o que causará reflexo na intenção de consumoâ€, conclui Grisi.