Consumo mundial de café deve crescer 25 milhões de sacas na próxima década

caféA última edição do Relatório Internacional de Tendências do Café, do Bureau de Inteligência Competitiva do Café, com base nos números globais de consumo do café projetados para os próximos dez anos pela Organização Internacional do Café – OIC, aponta o desafio dos países produtores em atender à crescente demanda mundial. De acordo com a OIC, no ritmo atual do aumento de consumo, em média 2% ao ano, isso pode representar um adicional de 25 milhões de sacas no próximo decênio. O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, todavia, graças aos avanços da pesquisa cafeeira brasileira, possui condições de atender grande parte dessa demanda adicional. Para isso, de acordo com os analistas do Bureau, o País terá que continuar sendo competitivo, em termos de sustentabilidade, eficiência e, principalmente, gestão.

As edições do Relatório do Bureau estão disponíveis no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café e apresentam periodicamente, em nível mundial, destaques do agronegócio café e tendências do setor com foco na produção sustentável, nas principais indústrias e torrefadoras e cafeterias em nível mundial, entre outros temas relevantes para o setor. O relatório é produzido na Universidade Federal de Lavras – Ufla, uma das dez instituições fundadoras do Consórcio.

 Nas suas análises do setor cafeeiro, o Bureau de Inteligência Competitiva do Café, nesta 9ª edição publicada em novembro de 2015, destaca que a produção de café no mundo enfrenta inúmeros desafios. Entre eles, ferrugem na América Central, calor e chuvas insuficientes no Brasil e a falta de tecnologia na África são alguns dos problemas que afetam a oferta do grão, segundo o relatório. Ao considerar o crescimento constante do consumo global de café, começam a surgir preocupações quanto à capacidade de os principais produtores garantirem a oferta para os próximos anos e décadas.
O documento analisa pontos importantes da produção mundial, como o desafio de atendimento do crescimento do consumo mencionado, como a produção na América Central, especialmente no México, Guatemala, Honduras e El Salvador. E, ainda, na América do Sul, com destaque para a Colômbia; Quênia, na África, e Indonésia – Ásia.
Café robusta – Em relação especificamente a essa espécie, o Bureau com base em projeções de um grande grupo empresarial do setor cafeeiro destaca que o consumo mundial do robusta, em 2030, deverá corresponder a 55% da produção mundial. E ainda que o crescimento na oferta dessa espécie se deve ao menor custo de produção em relação ao arábica, o que é atrativo tanto para cafeicultores quanto para as indústrias de torrefação. Nesse caso, poderá ocorrer valorização dos grãos de café arábica de melhor qualidade, mas também pode ocorrer um nivelamento de preços entre arábicas de baixa qualidade e robustas, tendo em vista que novas tecnologias têm melhorado a qualidade dos robustas ultimamente.

No que diz respeito a esse tópico do Relatório, as análises sugerem que novas oportunidades de negócios do café surgem como consequência do aparecimento de novas tendências de consumo. A partir dessas tendências, as empresas têm criado produtos e serviços para satisfazer as necessidades dos seus consumidores. Como exemplo, o Relatório ressalta que a indústria de cápsulas de café tem desenvolvido novos produtos – como bebidas geladas – para serem utilizados em máquinas que antes eram exclusivas para a preparação de café. As novas tendências impactam o mercado e requerem pesquisa e inovação, o que levam a indústria do café a reavaliar as estratégias usadas para promover e impulsionar o aumento de suas vendas.

O Bureau de Inteligência Competitiva do Café, em relação ao comércio do varejo do café, aponta no relatório que “Nota-se uma maior preocupação por parte das empresas em demonstrar seu auxílio e suporte aos produtores, seja durante a produção ou em momentos de crise, o que beneficia a imagem da empresa perante seus consumidores. Quanto aos clientes, percebe-se uma maior preocupação em consumir produtos que sejam certificados e que beneficiem a sociedade e o meio ambiente, tornando-os mais exigentes e fazendo com que a certificação não seja uma vantagem competitiva, mas sim, um pré-requisito para a sua compra”.

O Bureau ainda em relação ao varejo, “Observa-se também que a indústria de café passa a investir cada vez mais em patrocínios de grandes eventos esportivos ou em atletas e times com grande visibilidade, principalmente para gerar maior conhecimento do público quanto ao seu produto. Essa ação estimula a compra da marca por aficionados pelo esporte, gerando assim uma maior identificação com seus produtos, podendo alavancar suas vendas devido à exposição midiática”. Com relação às cafeterias, são destacadas algumas grandes empresas do setor que atuam no Reino Unido, na China, no Quênia, além da comercialização de cafés certificados especificamente do Brasil, que é o maior produtor e fornecedor desse tipo de café no mundo.

O Relatório Internacional de Tendências Competitiva do Café faz parte do Plano de ação do projeto do Consórcio Pesquisa Café denominado “Criação e Difusão de Inteligência Competitiva para Cafeicultura Brasileira”. O projeto é financiado pelo Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, e tem o objetivo de monitorar, analisar e difundir informações e indicadores relevantes para a competitividade da cafeicultura brasileira, bem como propor soluções estratégicas para os problemas enfrentados pelo setor.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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