Empresários investem em loja virtual de utensílios para cozinha e projetam crescimento de 40% em 2016
Uma das recomendações para quem deseja empreender é escolher uma atividade de que gosta. Isso vale também para quem pretende diversificar os negócios e foi o que motivou o casal Fernanda e Fábio Skraba, de Curitiba, a transpor a área da prestação de serviços e ingressar no comércio, investindo na E-Casa Nove, loja virtual de utensílios para cozinha e gourmeteria. A empresa, há dois no mercado, projeta um crescimento de 40% no faturamento para o ano que vem, desafiando o atual cenário econômico nacional.
Fernanda conta que a paixão pela culinária é uma herança de família. “Minha mãe e minha vó cozinham muito bem e eu cozinho desde os nove anos de idade. Eu me lembro desde pequeninha de colocar um banquinho do lado da minha mãe enquanto ela estava no fogão e ficar olhando. Fiz a mesma coisa com a minha filha, sempre deixei ela participar e ela herdou a paixão e o talento pela culinária”, relata a empresária que afirma que os doces são a sua especialidade.
Se o gosto pela culinária foi o que despertou a vontade de empreender, a decisão pela área de atuação apoiou-se num estudo mercadológico. Fernanda conta que foi realizada uma pesquisa de tendência de mercado. “Nesse trabalho, detectamos que as pessoas estavam começando um movimento de ter cuidado com a alimentação, com o modo de produção do alimento. Ao mesmo tempo, o mercado imobiliário estava em transformação, com as áreas sociais ganhando mais importância do que as íntimas e verificamos que esse era um segmento em expansão”, explica.
Fábio diz que a primeira ideia foi abrir um empório. “Haveria um café em que a pessoa poderia consumir o que tinha no ambiente. Mas quando começamos a elaborar o plano de negócios e realizar a pesquisa de mercado, percebemos uma tendência maior na área de cozinha e mudamos o foco. Eu também participei de feiras setoriais e ficou evidente que tínhamos que focar num nicho de mercado”, revela.
Determinado o segmento, foi a vez de definir o formato de negócio. Inicialmente a opção foi por uma operação compartilhada entre loja física e virtual, sistema que permaneceu em funcionamento até meados desse ano. A expansão geográfica e a rentabilidade estimularam a unificação do negócio no e-commerce. “Hoje, manter um faturamento interessante com um crescimento expressivo num ponto físico exige um alto investimento. Nesse período de operação conjunto, verificamos que o faturamento da loja virtual era superior em até 35% a da física”, comenta Fernanda.
Para Fábio, o comércio eletrônico navega na crise, especialmente na área de produtos para a casa e cozinha. “Hoje esses itens atingiram um novo patamar e inclusive são utilizados como objetos de decoração, o que cria um novo perfil de público. Além disso, as pessoas continuam casando e mudando de imóvel, o que torna essa demanda estável. E esse comprador está muito mais exigente”, analisa.
O desempenho é comprovado em números. Segundo o E-bit, empresa que compila informações sobre o e-commerce no Brasil, somente no primeiro semestre de 2015 o faturamento do comércio eletrônico foi de R$ 18,6 bilhões, 16% maior do que o mesmo período do ano passado. No mesmo período, o varejo convencional cresceu 4,2%, segundo o IBGE. A expectativa é que a atividade encerre o ano com um crescimento de 15% em relação ao ano anterior, ultrapassando R$ 40 bilhões em vendas.
Funcionando exclusivamente no ambiente virtual, a E-Casa Nove conta com produtos de R$ 9,50 até R$ 700,00. Fábio conta que, atualmente, os principais mercados são Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. A empresa atende dois públicos distintos: os profissionais da área, chefs de cozinha que buscam produtos e peças específicas, e os jovens recém-casados que buscam peças mais conceituais. “De cada 10 clientes, 7 são compradores finais e 3 profissionais da área”, revela.
O carro-chefe da loja virtual são os produtos para servir e presentear, como conjunto de açucareiro e cremeira, de bolo, ralador de legumes e de queijos e facas. Mas a empresa também oferece produtos para usos específicos, como máquina de soda, máquina e varal para secar macarrão.
A loja virtual também trabalha com uma linha de produtos assinados, em parceria com marcas como Norpro e Old Thompson (americanas), Brandani e Bormioli Rocco (italianas), além das consagradas Peugeot, Typhoon e Mundial. “Nosso critério para selecionar os produtos e fornecedores são design, qualidade e reputação. Não é simplesmente a peça pela peça. A paixão que eu tenho por cozinhar acaba me tornando crítica nesse aspecto”, destaca Fernanda.
A sustentabilidade também é um critério de seleção. A preferência é por materiais em bambu, que conciliem eficiência e sustentabilidade. “Além de serem ecologicamente corretos, os produtos em bambu são mais resistentes e leves do que a madeira de lei. Apoiamos essa integração com a natureza e a adoção de um estilo de vida mais saudável, que está diretamente relacionado aos hábitos alimentares e tem reflexos diretos na culinária e na gastronomia”, defende Fernanda.
Para estimular a adoção desse estilo de vida, a empresa envia a todos os clientes, junto com o produto solicitado, um papel semente. “Assim, incentivamos que cada pessoa crie a sua própria horta, mesmo em ambientes pequenos e urbanos. O apoio a esse comportamento é reforçado em nossos canais de comunicação online, nos quais apresentamos tendências, explicamos as diferenças entre os produtos e a sua aplicação, interagindo diretamente com o consumidor final”, destaca Fernanda.
Para o futuro, o projeto é abrir novas linhas de produtos, direcionando cada vez mais a atenção para os profissionais e amantes da culinária. “Pretendemos atuar também com o setor de eletrodomésticos, com a venda de máquinas de expresso, batedeira e crepeira, e investir na importação direta de produtos específicos aos profissionais que ainda são difíceis de encontrar no Brasil”, prevê o sócio da E-Casa Nove, Fábio Skraba.