Abicalçados vai a Brasília em defesa do antidumping

Heitor Klein, presidente da Abicalçados.
Heitor Klein, presidente da Abicalçados.

As últimas duas semanas foram de forte movimentação entre os calçadistas em busca de apoio para a aprovação da extensão do direito antidumping contra o calçado chinês. A vencer no dia 5 de março, a renovação da proposta que aplica a sobretaxa de US$ 13,85 por par importado da China, está encaminhada, mas não definida. O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, que participou de encontros no Congresso Nacional e nos ministérios que formam o quadro de votantes na Câmara de Comércio Exterior (Camex), está otimista. “Os encontros fazem parte de um processo para a sensibilização da classe política e dos ministros sobre a importância da extensão do antidumping contra o calçado proveniente da China”, explica.

Segundo Klein, uma possível não extensão do direito seria desastrosa para a indústria calçadista nacional, pois haveria uma nova invasão de produtos chineses no varejo brasileiro, prejudicando as produtoras brasileiras. O dirigente da Abicalçados explica que a expectativa, no entanto, é positiva. “Estamos otimistas, pois o próprio Departamento de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), já concedeu parecer favorável à medida em setembro do ano passado. Ou seja, as condições de competitividade seguem as mesmas de cinco anos atrás, quando foi decretado o direito”, projeta o executivo.

Antes da adoção do direito, em março de 2010, as produtoras nacionais sofriam com as importações predatórias dos calçados chineses, que chegavam ao País com preços muito abaixo dos praticados no mercado. Naquele ano, a produção de calçados ficou em 800 milhões de pares, número que saltou para 900 milhões no ano seguinte. Segundo Klein, em seis meses de aplicação da sobretaxa ao produto chinês a indústria calçadista nacional recuperou mais de 40 mil postos que haviam sido perdidos por conta da importação predatória.

Klein recorda que em 2009, antes da adoção da ferramenta de defesa comercial, as importações de calçados chineses bateram na cifra de US$ 183,6 milhões, mais de 70% do total importado em calçados pelo Brasil. Após a aplicação da sobretaxa, em 2010, o número caiu para US$ 54,9 milhões, cerca de 18% do total importado. “Assim como havia feito em diversos países e setores, as importações predatórias oriundas da China estavam quebrando a indústria de calçados”, conta o executivo.

Em 2015, a importação de calçados da China foi de US$ 45,9 milhões, 80% menor do que antes da aplicação da sobretaxa. “Certamente a ferramenta foi fundamental para a sobrevivência do segmento no Brasil”, acrescenta o dirigente.

Adotado como uma forma de defesa comercial contra as importações predatórias dos calçados oriundos da China, o direito antidumping foi decretado de maneira provisória em setembro de 2009, com validade de seis meses. Na época, a sobretaxa ficou definida em US$ 12,47 por par. Seis meses depois a Camex – órgão oficial formado pelos ministérios do  Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Fazenda, das Relações Exteriores, do Planejamento, da Agricultura, do  Desenvolvimento Agrário e pela Casa Civil – decidiu adotar o direito por mais cinco anos e no valor de US$ 13,85 por par importado da China.

Com a chegada do fim do prazo de cinco anos, a Abicalçados apresentou, ainda em novembro de 2014, uma petição visando a extensão do direito antidumping em questão para o MDIC. O órgão, que regula as questões de defesa comercial através do Decom, iniciou a partir de março do ano seguinte uma investigação com prazo máximo de 12 meses para a revisão do direito.  Em setembro do ano passado, o Decom publicou, no Diário Oficial da União, parecer favorável sobre a extensão do direito antidumping contra o calçado originário da China.

No próximo dia 5 de março vence a aplicação da sobretaxa contra o calçado chinês, devendo ser publicada a extensão do direito.

O que é Dumping?

Considera-se que há prática de dumping quando uma empresa exporta um produto a preço inferior ao preço normal de mercado. O direito antidumping tem como objetivo evitar que as produtoras nacionais sejam prejudicadas por importações realizadas a preços de dumping, prática considerada desleal nos termos de comércio em acordos internacionais.

Atualmente a China produz mais de 11,3 bilhões de pares de calçados por ano, exportando mais de 8 bilhões deles. A participação chinesa nas exportações mundiais de calçados chega a mais de 70%.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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