Atentas às pressões do mercado, empresas direcionam investimentos para governança corporativa

Diante de um mercado cada vez mais exigente e conhecedor de seus direitos, as empresas estão cada vez mais voltadas à importância de estruturar e profissionalizar a sua gestão. Outra preocupação é com relação à transparência e qualidade das informações. Neste sentido, boa parte dos investimentos das companhias está sendo direcionado para governança corporativa.
Eu tive acesso a uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte, a qual aponta que 72% das empresas brasileiras ouvidas já adotam regras de governança há pelo menos cinco anos. Eu conversei com a executiva Camila Araújo, que é sócia da área de Consultoria em Gestão de Riscos e líder do Centro de Governança Corporativa da Deloitte, e ela me disse que a pauta da ética e da transparência nunca foi tão forte quanto nos dois últimos anos e, principalmente, depois da implantação da Lei Anticorrupção. Na sua avaliação, a legislação tem imposto às empresas a necessidade de adoção de controles internos e processos de conformidade mais rígidos. Além disso, ganha importância a visão de que a governança pode também oferecer um diferencial competitivo.
A sócia da Deloitte lembra que, mais do que um discurso na busca por um diferencial competitivo, as novas formas de acesso às informações estão impondo um ritmo acelerado de gestão de riscos, envolvendo a reputação e a imagem das corporações.
Camila Araújo aponta alguns desafios da governança corporativa no Brasil. O primeiro desafio é que o líder do conselho de administração não deve ser a mesma pessoa que administra a empresa. A pesquisa mostrou que houve um discreto aumento no número de empresas em que o diretor executivo também exerce o papel de presidente do conselho de administração. Em 2013 o porcentual era de 24%. Agora está em 27%. Por outro lado, o número de membros independentes dos conselhos aumentou de 59% para 67%, o que contribui para a profissionalização e o equilíbrio na relação de poder entre as esferas executivas e de governança.
O segundo desafio é elevar o número de mulheres nos conselhos de administração. Hoje, por exemplo, apenas 38% dos conselhos de administração têm mulheres na sua diretoria. Há dois anos, este porcentual era de 41%.
O maior desafio de todos, apontado por Camila Araújo, é a ética nos negócios.