Imposto e burocracia dificultam vendas no comércio eletrônico e ameaçam a sobrevivência dos negócios

comércio eletrônico2Na contramão da crise econômica, o comércio eletrônico que nos últimos anos vinha crescendo a uma taxa superior a dois dígitos, virou a menina dos olhos de muitos empreendedores. Só que este ano, a mudança na tributação, que exige o recolhimento do ICMS do estado onde a venda é feita e também o pagamento do tributo no estado de destino, está ameaçando a sobrevivência de muitas empresas e tirando o sono dos comerciantes, diante de tanta burocracia.

Com o novo convênio do Conselho de Política Fazendária, o Confaz, os empresários têm que dividir impostos e fazer um trabalho que deveria ser feito pelos órgãos públicos. Isso porque, para se adequar ao que exige o Confaz, o empreendedor enfrenta uma operação bem complicada, uma vez que a empresa precisa calcular a diferença entre as alíquotas, preencher a guia, pagá-la, imprimir o comprovante, anexar ao produto junto com a nota fiscal e só depois enviá-lo. Antes, a constituição federal previa que nas operações entre as empresas e o consumidor final, independentemente da forma, o recolhimento do ICMS era do estado de origem de onde a venda ocorria. Agora, a empresa de comércio eletrônico que vende para outros estados também tem que pagar impostos do lugar de destino.

Por exemplo: com a nova norma, a empresa com sede no Paraná que realiza uma venda on line para São Paulo, tem que pagar a alíquota interestadual de 12% sobre o produto, mais a diferença entre o valor arrecadado e alíquota estadual do estado de origem. Isso significa que o comerciante paranaense que vende uma mercadoria de R$ 100 a um consumidor de São Paulo, para que a encomenda chegue até lá sem problemas, tem que pagar R$ 12 (referentes a 12% da alíquota interestadual que será destinada a São Paulo) e mais a diferença entre essa alíquota e o ICMS do Paraná, representando mais 6%, ou R$ 6.  Desse valor, 60% vão para o governo do Paraná e o restante fica com São Paulo. Agora o grande problema é que essa conta tem que ser feita para cada produto vendido.  As empresas que fazem parte do Simples Nacional são as mais afetadas, uma vez que, na prática, perderam o tratamento diferenciado de pagar oito tributos em via única. Ainda no caso do Simples, há também um aumento da carga tributária, pois o diferencial que o empresário tem de recolher não está contemplado na alíquota unificada.

E além de pagar mais imposto, outra queixa dos empresários é que agora eles também têm que conhecer a legislação do estado onde o seu produto foi vendido. E olhe que alguns locais cobram para fazer um simples cadastro de contribuinte. Então, se o comerciante vender para o Pará e lá é exigido isso, ele tem que procurar a Secretaria de Fazenda do estado, fazer o cadastro e recolher o imposto com guia para aquela mercadoria. Isso significa que muitas empresas estão tendo que contratar um despachante do lugar para fazer essa burocracia, o que tem gerado um grande custo operacional.

Em 2016, o estado de destino vai receber 40% do recolhimento das alíquotas compartilhadas, porém, com o passar dos anos, esse percentual aumenta. E, até 2019, ficará 100% com o estado consumidor. A mudança inverte a natureza do imposto, até então totalmente retido no estado vendedor, e é resultado da mobilização de unidades da federação que viram a arrecadação cair com o crescimento do e-commerce no país. Em 2015, o comércio eletrônico faturou R$ 41,3 bilhões, de acordo com dados do E-bit, especializada no monitoramento da modalidade no país.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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