Mercados árabes são alvo de calçadistas brasileiros

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) promoveu, na noite de ontem (23), a apresentação do Estudo Estratégico de Calçados – Emirados Árabes Unidos. Conduzido pelo consultor Vishal Pandey, da Glasgow Consulting Group, o levantamento foi encomendado pelo Brazilian Footwear, programa de apoio às exportações de calçados mantido pela Abicalçados em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

O mercado dos Emirados Árabes, que atualmente é um dos alvos do programa Brazilian Footwear, possui mais de 8,5 milhões de habitantes e um PIB per capita de US$ 64 mil, o que chama a atenção pela potencialidade de consumo. Para as empresas que buscam inserção naquele mercado, no entanto, alguns cuidados são necessários. Segundo o consultor, é preciso estar de olho no calendário, especialmente mês de Ramadã – que varia de acordo com o calendário islâmico, quando o período de trabalho cai para 5 a 6 horas diárias para muçulmanos. Alguns outros aspectos culturais, como evitar o uso da mão esquerda para cumprimentos – que é considerado um ato “impuro” – também foram levantados. Bebidas alcoólicas são proibidas, embora sejam oferecidas em locais específicos. “A melhor forma de comunicação é face a face, as visitas são muito mais valorizadas do que chamadas telefônicas e e-mails”, frisa Pandey.

Pandey ressalta que o crescimento da população sustentado pelo incremento da economia tem sido fundamental para o salto do consumo nos Emirados Árabes. Segundo ele, os três principais segmentos de consumo são têxteis, roupas e calçados. O consultor cita, ainda, que a grande maioria dos calçados consumidos no País são importados. Em 2015, foram gastos com importações US$ 1,46 bilhão, sendo que a maior parte dela foi reexportada (US$ 1 bilhão). O mercado local movimentou US$ 643,3 milhões com vendas de calçados, 11,3% mais do que em 2014.

Ainda conforme o estudo, cerca de 39% do calçado importado pelo País em 2015 era de plástico ou borracha e 24,6% de couro, ambas fatias em crescimento. Apesar do potencial de importação do mercado dos Emirados, o Brasil ainda participa pouco. Segundo o levantamento, em 2015, as importações de calçados brasileiros responderam apenas por 1,2% do total importado. No ano passado, o País importou 1,9 milhão de pares verde-amarleos por US$ 21,7 milhões, incremento de 8,2% ante o ano anterior. O preço médio foi de US$ 11,4 por par, mais alto do que a média geral das exportações brasileiras (US$ 7,70).

O estudo revelou algumas percepções importantes do consumidor dos Emirados Árabes quanto ao produto brasileiro. Para ele, o preço do produto ainda é elevado se comparado aos concorrentes internacionais. Por outro lado, a percepção é de que o produto verde-amarelo tem uma qualidade superior, mas deve buscar cada vez mais investimentos em saúde e conforto. Quantos aos canais de preferência, o consumidor prefere as cadeias de lojas (23%), seguidas pelas butiques (21%) e lojas de departamentos (21%).

Pandey aponta algumas formas importantes de penetração naquele mercado. Segundo ele, é importante trabalhar com grandes lojistas ou importadores que tenham boa posição e influência no mercado local e regional. O mercado de Dubai é muito utilizado para reexportação para outros países da região. “O mercado dos Emirados é um grande supermercado, que importa muito mais do que tem capacidade para consumir”, aponta. Outra questão relevante, segundo o consultor, é a criação de técnicas de marketing para fortalecimento da imagem do calçado brasileiro naquele mercado. “Para isso, é essencial o apoio do Brazilian Footwear”, completa.

Com uma análise mais ampla dos países árabes, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), a convite da Francal Feiras, apresentou o estudo “Beyond the Emirates”. Na ocasião, o coordenador de Inteligência de Mercado da CCBA, João Paulo Paixão, destacou que em 2014 os países árabes (Emirados Árabes, Arábia Saudita, Iraque, Kuwait, Argélia e Marrocos entre outros), importaram quase US$ 6 bilhões em calçados, sendo que o principal fornecedor foi a China. “São mercados em crescimento e com grande potencial, especialmente tratando de Emirados Árabes, país que reexporta para toda a região”, comenta.

Para a Francal 2016 a CCAB e a promotora da feira convidaram 279 importadores dos mercados árabes: Emirados Árabes (99 importadores), Arábia Saudita (52) e Líbano (26) são as principais origens. A feira, que acontecerá entre 26 e 29 de junho, no Anhembi, em São Paulo/SP, receberá ainda importadores do Kuwait, Egito, Síria, Catar, Tunísia, Omã, Marrocos, Bahrein, Jordânia, Palestina, Argélia e Sudão.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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