Vendas do comércio brasileiro caem 0,9% em março. No Paraná queda foi de 3,1%
![Em março,as vendas de móveis e eletrodomésticos tiveram perda de 13,8%,](https://miriangasparin.com.br/wp-content/uploads/2016/05/vendas-no-comercio-eletrodomésticos-300x192.jpg)
Em março de 2016, na série com ajuste sazonal, o comércio varejista nacional registrou recuos de 0,9% no volume de vendas e de -0,4% na receita nominal. Quanto à média móvel trimestral, o volume de vendas mantém trajetória negativa (-0,6%), enquanto a receita nominal volta a apresentar variação positiva de 0,4%. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na série sem ajuste sazonal, em relação a março de 2015, o volume de vendas do varejo recuou 5,7%, 12ª taxa negativa seguida nessa comparação. No ano, o varejo acumulou redução de 7,0%. O acumulado dos últimos 12 meses (-5,8%) registrou a perda mais intensa da série histórica, iniciada em dezembro de 2001, e manteve a trajetória descendente desde julho de 2014 (4,3%). Para receita nominal as taxas são positivas: 6,2% frente a março de 2015, 4,7% no acumulado no ano e 3,1% no acumulado nos últimos 12 meses.
Em relação ao comércio varejista ampliado, todos os 27 estados registraram resultados negativos, em termos de volume de vendas, na comparação com março de 2015, destacando-se, em termos de magnitude: Espírito Santo (-20,1%); Amapá (-18,6%); Maranhão (-17,7%) e Pernambuco (-16,7%). Os estados com maiores impactos negativos sobre o resultado global foram: São Paulo (-3,6%); Rio de Janeiro (-6,4%) e Rio Grande do Sul (-11,6%). No Paraná a queda nas vendas foi de 3,1% em março, enquanto que as receitas tiveram decréscimo de 1,6%.
O comércio varejista ampliado (varejo e mais as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção), também voltou a registrar variação negativa para o volume de vendas sobre o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal (-1,1%), após avanço em fevereiro (1,4%). Para receita nominal, o decréscimo em março de 2016 em relação a fevereiro foi de -0,8%. No confronto com março de 2015, o recuo foi de 7,9% para o volume de vendas e variação positiva de 0,6% para receita nominal. As taxas acumuladas para o volume de vendas foram de -9,4% no ano e de -9,6% nos últimos 12 meses, enquanto para receita nominal as taxas ficaram em -0,7% e -2,2%, respectivamente.
Seis das oito atividades pesquisadas apresentam variação negativa
O decréscimo do volume de vendas (-0,9%) registrado na passagem de fevereiro para março de 2016 também foi observado em seis das oito atividades investigadas no comércio varejista, com destaque para a influência do segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que registrou recuo de 1,7% em março após avanço de 0,8% em fevereiro, seguido por móveis e eletrodomésticos (-1,1% em março após 6,1% em fevereiro) e combustíveis e lubrificantes (-1,2% em março após 0,3% em fevereiro), atividades que também fazem o mesmo movimento em março.
Os demais setores que registraram queda no volume de vendas frente ao mês anterior, já contabilizam a terceira taxa negativa consecutiva no ano: tecidos, vestuário e calçados (-3,6%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,5%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%).
Por outro lado, as atividades que mostraram aumento do volume de vendas entre fevereiro e março foram: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,7%).
Para essa mesma comparação, considerando o comércio varejista ampliado, o recuo foi de -1,1% frente a fevereiro, com os setores de veículos e motos, partes e peças e de material de construção voltando a registrar variações negativas de -0,5% e -0,3%, respectivamente.
Na comparação com igual mês do ano anterior, o volume de vendas recuou 5,7% no comércio varejista. Por ordem de contribuição à taxa global, os resultados foram os seguintes: móveis e eletrodomésticos, com perda de 13,8%, seguido por outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,9%); tecidos, vestuário e calçados (-14,1%), combustíveis e lubrificantes (-10,1%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,2%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,9%); livros, jornais, revistas e papelaria (-16,2%). Único segmento com desempenho no campo positivo foi artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com 2,0% de crescimento frente a março de 2015.
A atividade de móveis e eletrodomésticos, com variação de -13,8% no volume de vendas em relação a março do ano passado, exerceu o maior impacto negativo na formação da taxa do varejo e registrou a 12ª taxa negativa consecutiva para essa comparação. No acumulado de janeiro a março e nos últimos 12 meses, as taxas foram: -17,0% e -16,6%, respectivamente. Tal comportamento pode ser atribuído a menor de oferta de crédito e elevação da taxa de juros às famílias.
O setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba lojas de departamentos, joalherias, artigos esportivos e brinquedos, com queda de 11,9% frente a março de 2015, registrou a segunda maior contribuição negativa na formação da taxa do volume de vendas, sendo esse o oitavo mês seguido de taxas negativas nesse tipo de comparação. Esse comportamento reflete o atual quadro econômico, principalmente no que se refere a perda do poder aquisitivo das famílias, evidenciado pela redução na massa real de salários. Para os três primeiros meses do ano a variação acumulada foi de -12,8%, e para os últimos 12 meses de -6,0%.
O segmento de combustíveis e lubrificantes reduziu em 10,1% o volume de vendas em relação a março de 2015, respondendo pela terceira maior contribuição negativa à taxa global do varejo. As perdas de 9,5% acumulada no trimestre janeiro-março e de -7,5% nos últimos 12 meses refletem o comportamento dos preços do subitem combustíveis, que evoluíram acima da média geral, segundo o IPCA.
A atividade de tecidos, vestuário e calçados também foi responsável pela terceira maior participação negativa na composição do índice geral do varejo, com variação de -14,1% em relação a igual mês do ano anterior, -12,9% no acumulado no ano e -10,6% para os últimos 12 meses. Mesmo com os preços do subitem vestuário se posicionando abaixo do índice geral de inflação , segundo o IPCA, esta atividade vem apresentando desempenho inferior à média geral do comércio varejista.
O segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 1,2% no volume de vendas em março de 2016 sobre igual mês do ano anterior, exerceu a quarta contribuição negativa na formação da taxa global do comércio varejista. Em termos de resultados acumulados, a atividade apresentou variação no ano de -2,8% e nos últimos 12 meses de -2,9%. Além da pressão dos preços de alimentação no domicílio, que se encontram acima da média geral, este desempenho negativo foi influenciado pelo menor poder de compra da população.
O setor de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com redução de 8,9% no volume de vendas na comparação com março de 2015, registrou a quinta maior participação negativa na formação da taxa global do varejo. Os resultados em termos acumulados, variações de -16,8% no ano e de -9,9% nos últimos 12 meses, podem ser explicados pela evolução dos preços de microcomputadores, importante produto que compõe a atividade.
O comércio de livros, jornais, revistas e papelaria, que não exerceu, praticamente, impacto na formação do resultado global, registrou variação no volume de vendas de -16,2% sobre março de 2015, taxas acumuladas no ano de -14,9% e de -13,2% nos últimos 12 meses. A trajetória declinante desta atividade vem sendo influenciada, no que tange a jornais e revistas, por certa substituição dos produtos impressos pelos de meio eletrônico.
O segmento de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, único com desempenho positivo em março de 2016, apresentou taxa de 2,0% frente a março 2015, taxas acumuladas no ano e nos últimos 12 meses de 2,4% e 2,3%, respectivamente. O desempenho setorial favorável desta atividade pode ser atribuído, especialmente, ao caráter de uso essencial de seus produtos e à variação de preços de medicamentos abaixo do índice geral.
O comércio varejista ampliado registrou na relação março de 2016/março de 2015, para o volume de vendas, variação de -7,9%, -9,4% para a taxa acumulada no ano e, em 12 meses, de -9,6%. Este comportamento ocorre principalmente em função do desempenho negativo dos seus dois principais setores, veículos, motos, partes e peças e material de construção.
Em relação ao setor de veículos, motos, partes e peças, a queda de -11,1% na comparação com março de 2015 registrou a 25ª taxa negativa consecutiva, acumulando nos três primeiros meses do ano variação de -13,5% e, em 12 meses, de -17,6%. O segmento de material de construção, com variação de -14,6% frente a março de 2015, assinala a nona taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação, acumulando -14,7% no ano e -10,9% em 12 meses. A redução nas vendas nesses segmentos foram decorrentes, entre outros fatores, do menor ritmo na oferta de crédito e da restrição orçamentária das famílias, diante da diminuição real da massa de salários.