Aumenta a procura de brasileiros por estudo fora do País. Investimento em maior segurança profissional motiva pais de adolescentes
O setor de intercâmbio está em expansão entre os brasileiros. A informação consta da pesquisa Selo Belta 2017 (Brazilian Education & Language Travel) que registrou aumento de 12% na média de produtos comercializados pelas empresas do setor, cujo faturamento está na casa de R$ 2,2 bilhões (2016). A pesquisa, realizada pela Belta (associação que reúne 618 empresas brasileiras) aponta que 43,5% dos estudantes respondentes já fizeram a experiência de viagem educacional ou planejam em breve. Outra questão que chama atenção é o aumento nos gastos médio na viagem: o brasileiro gastou valor 82% superior se comparado a 2015, totalizando despesa média de R$27 mil.
A executiva da Belta Rio de Janeiro, Ana Beatriz Faulhaber, conta que a procura por intercâmbio mudou o perfil. “Anteriormente, os brasileiros buscavam cursos de idiomas, agora, a viagem é analisada como investimento dirigido à formação profissional”, afirma a executiva.
Nesse contexto de investimento em estudo fora do país, a segurança profissional dos filhos também é apontada como principal motivação das famílias, conforme a diretora da unidade paranaense da Intercultural, Juliana Bley. “A viagem de estudo é a oportunidade de conhecer uma nova cultura, uma experiência de vida de um ano fora do país, aprofundamento da fluência do inglês e estudo em uma high school ”, explica diretora da Intercultural que acrescenta ainda que “o intercâmbio é o primeiro degrau para o estudante que busca uma graduação internacional no exterior, vivenciando as coisas como elas efetivamente são fora do país, e também se preparar para a próxima etapa de estudos”.
Preparação para intercâmbio e carreira na música
O curitibano João Victor Hollveg, estudante do 1º ano do ensino médio, embarca para programa de intercâmbio em agosto, mirando a profissão que escolheu – produtor musical.
De acordo com a mãe do estudante, Danusa Hollveg (nutricionista), a fluência em inglês e a vivência em território americano ampliarão horizontes profissionais. “A língua inglesa é universal e para qualquer lugar do mundo tendo fluência ele se adaptará melhor, proporcionará segurança, oportunidades pessoais e profissionais através de conhecimento e network”, diz Danusa.
Para a nutricionista, o intercâmbio é quase um item obrigatório na carreira escolhida por João Victor: produtor musical . “Para trabalhar nos bastidores do meio musical, produzindo canções, o Brasil não tem curso ou faculdade, além do que o ritmo das canções e cantores que ele gosta são americanos”, explica Danusa que completa que “viver e estudar em outro país, no programa de intercâmbio, resguarda o futuro profissional dele. No Brasil, talvez não fosse possível concretizar”.
A nutricionista conta que as conversas e a preparação para o intercâmbio do adolescente iniciaram-se aos 8 anos. “Sempre o incentivamos desde pequeno. Conversamos sobre terminar os estudos no exterior e ele sempre teve isso em mente, então chegou o momento”, comenta ela.
Para o futuro intercambista, João Hollveg, o sonho de vivenciar um período de residência nos Estados Unidos está embasado em anos de dedicação aos estudos de inglês.
“O estudo da língua inglesa, em escolas de excelência, foi essencial para a minha confiança em realizar o intercâmbio. Ter concluído o curso de inglês e ter adquirido excelente fluência foi decisivo para ter autorização dos meus pais, além da segurança da hospedagem em casa de família”, afirma o estudante que está tranquilo quanto à nova etapa. “Terei segurança para vivenciar outra cultura e aperfeiçoar ainda mais a fluência na língua inglesa”.
Intercâmbio, degrau para basquete profissional
Em um país em que 4% da população é fluente em inglês, o domínio do idioma é um divisor de águas no futuro profissional dos brasileiros, sobretudo para aqueles que aspiram carreiras internacionais, como o curitibano João Victor Hollveg e também é o caso de outro do estudante do 1º ano do ensino médio, o curitibano Gustavo Martins Lell, cuja família planejou desde cedo as condições para participação de programa de intercâmbio.
”Quando matriculamos o Gustavo na escola de inglês, aos 8 anos, já pensávamos em um intercâmbio na adolescência”, conta Rosiane Lell, mãe do estudante.
A ideia dos pais de uma experiência fora do país foi bem aceita pelo estudante que já sonhava com a carreira profissional no basquete.
Então o sonho planejado cautelosamente tem data marcada: julho de 2018, quando Gustavo embarcará para intercâmbio nos Estados Unidos. “A possibilidade de cursar a high school americana vai abrir portas profissionais.O intercâmbio é fundamental como parte do processo da realização de projeto profissional do Gustavo”, relata o pai Sérgio Lell (analista de sistemas) que também acrescenta que “infelizmente, em nosso país não há muito incentivo para esporte por parte do governo. O intercâmbio é uma esperança para uma carreira no basquete profissional”, diz o pai do intercambista.
Gustavo Lell , que concluiu o curso de inglês no último mês de dezembro, comemora os frutos dos estudos. ”O meu inglês é um fator importante para atingir os meus objetivos no basquete profissional”.
A fluência do Gustavo também melhorou as viagens internacionais da família Lell. “ A primeira experiência no exterior da família foi para a Disney e o Gustavo nos auxiliou no diálogo e compras, porque não dominamos o inglês”, diz Sérgio Lell.
O analista de sistemas comenta orgulhoso os resultados da dedicação do filho Gustavo no curso de Língua Inglesa. “O Gustavo aos 14 anos eliminou o inglês no ensino médio do colégio e gabaritou o teste de intercâmbio”, afirma Lell.