Exportações brasileiras para EUA devem contrair entre 20% e 25% este ano
Nos cenários projetados pela Amcham, as exportações brasileiras para os Estados Unidos devem registrar contração entre 20% e 25% em 2020. Por sua vez, a queda das importações do Brasil originárias dos EUA devem oscilar entre 16% e 18%. O déficit de comércio entre os países deverá fechar em U﹩ 2,2 bilhões neste ano.
A análise está presente no documento Monitor do Comércio Brasil-Estados Unidos, divulgado nesta terça (14/7) pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil). A projeção reflete a queda já registrada de 31,7% das exportações brasileiras para os Estados Unidos no primeiro semestre de 2020, quando atingiram apenas U﹩ 10 bilhões.
Esse foi o pior resultado de exportações para os norte-americanos no 1º semestre em uma década (2011-2020) e veio logo após o recorde registrado no ano de 2019 (U﹩ 29,7 bi). A corrente bilateral fechou em U﹩ 23,2 bilhões, a 3ª menor em dez anos. “A contração da atividade econômica nesse período de pandemia foi o principal motivo pelo resultado negativo. Outro aspecto que influenciou nesse processo foi a crise internacional do petróleo”, explica Abrão Neto, Vice-Presidente da Amcham Brasil.
Cenário do primeiro semestre
As medidas de isolamento social, necessárias para conter o avanço da doença nos dois países, explicam parte da queda. A crise do petróleo teve também participação significativa: o petróleo bruto, um dos produtos mais importantes nessa relação comercial, registrou queda nas exportações para os EUA em 33,2% do volume e 53,8% do valor.
Já as importações brasileiras de produtos norte-americanos registraram queda de 4,4%, com baixas em quase todos os principais itens comercializados entre os países (U﹩ 13,2 bilhões). A queda só não foi mais brusca devido a importação de uma plataforma de petróleo no valor de U﹩ 1,2 bilhão.
Queda maior nos EUA
No geral consolidado do primeiro semestre, as exportações brasileiras caíram 7% – quatro vezes menos do que as exportações para os Estados Unidos. Para Abrão Neto, isso se deve ao perfil da corrente comercial entre os países. “O Brasil tem tido um desempenho muito favorável nas exportações de produtos agropecuários, mas o perfil do nosso comércio com os EUA é diferente. Ele é, sobretudo, de produtos manufaturados, que são os que têm sofrido mais na atual conjuntura, com uma queda de 26% nessa categoria. Essa é a principal explicação para fundamentar uma queda maior para os EUA do que em outras em geral”, analisa.
Mesmo com essas quedas, os EUA continuam como o segundo principal parceiro comercial de bens do Brasil, representando 13,4% da corrente comercial. O primeiro lugar é a China, com aumento na participação e chando em 29,4%, mais do que o dobro dos EUA..
O que mudará depois da pandemia?
“Mais do que novas tendências, a pandemia funcionará como um acelerador de já presentes no comércio internacional. Uma delas é sobre o interesse das empresas e governos de garantir cadeias de produção mais diversificadas e resilientes, fenômeno que precisaremos ver como o Brasil irá se posicionar “, explica Abrão.
Ele também ressalta que “neste momento, será importante um olhar dedicado sobre como reestabelecer a força do comércio exterior, em particular os fluxos entre Brasil e Estados Unidos, para o qual a Amcham apresentou uma série de propostas ainda para 2020”. O documento ‘Brasil-Estados Unidos: 10 Possíveis Entregas para 2020’ foi produzido pela Amcham e entregue na última semana para autoridades de ambos os países empenhadas nas relações bilaterais, como embaixadores, ministros, secretários e congressistas.