Paraná é destaque na construção civil entre os estados do Sul
O setor da construção civil continua otimista e apesar da alta dos insumos e das taxas de juros, os lançamentos e as vendas de apartamentos terão mais um ano de crescimento em 2022. E quando se analisa o mercado por região, o Sul do País aparece com destaque.
De acordo com o panorama geral da construção civil apresentado nesta quinta-feira (09), em Curitiba, pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Região Sul ocupa hoje o segundo lugar em unidades lançadas, ficando apenas atrás da Região Sudeste. O Sul do País representa 18,76% da construção civil nacional.
Segundo a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, o nível de atividade da construção, na Região Sul, em abril deste ano foi o maior para o mês desde 2010. O resultado superou, inclusive, o bom desempenho registrado em 2021.
A economista também destaca o crescimento no número de trabalhadores da construção civil com carteira assinada. Conforme dados do Caged, no período de julho de 2020 a abril de 2022, a construção civil gerou 25.341 novos empregos com carteira assinada em todo o país.
Segundo Ieda, a Região Sul acompanhou o crescimento e foi responsável por 16,48% do número de trabalhadores no setor da construção com carteira assinada do total do Brasil.
“Ainda que, particularmente, o estado do Paraná tenha apresentado saldo negativo neste mês de abril (-124), o resultado pode ser justificado pelo segmento de infraestrutura que apresentou queda de -358 vagas”, explicou, ao complementar que os três estados da Região Sul estão entre os 10 maiores geradores de novos empregos na construção no primeiro quadrimestre de 2022.
Nível de atividade
A economista da CBIC destaca que o nível de atividade da construção na Região Sul é o maior desde 2010. Ainda segundo Ieda, as empresas do setor no Sul do País estão utilizando 68% da sua capacidade total de produção, uma média nacional de 67%. “Este é o maior porcentual já registrado desde 2014. O mais importante é que novos lançamentos estão projetados para os próximos seis meses do ano”, acrescenta.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, que esteve em Curitiba para apresentar o panorama da construção civil na Região Sul, disse que hoje o maior desafio para as empresas é o aumento dos custos. Só para se ter uma ideia, desde julho de 2020, os preços do compensado subiram 175%; aço 100%; PVC 88% e blocos cerâmicos 80%.
Martins destaca que o setor da construção civil deve crescer 2,5%, em 2022, acima da projeção do Produto Interno Bruto (PIB) que deve ficar em 1,5%. “Não podemos nos esquecer que estamos crescendo em cima de uma base bastante elevada, pois em 2021 houve um aumento de 9,7%. São dois anos de crescimento acima do PIB. Isso não acontecia desde 2013”, lembra.
Curitiba tem mais de 2 mil lançamentos
No primeiro trimestre do ano foram lançados em Curitiba 2.124 apartamentos, representando uma redução de 5% em relação ao quarto trimestre de 2021, porém houve um aumento de 35% em relação ao primeiro trimestre de 2021.
Segundo o sócio da Brain inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo, os lançamentos imobiliários de Curitiba nos primeiros meses deste ano representaram 59% do total das capitais do Sul do País.
Quanto às vendas, nos primeiros três meses do ano, foram vendidas 1.865 unidades habitacionais verticais na capital do Paraná, com um valor geral de venda (VGV) de R$ 1,014 bilhão. Na avaliação de Araújo, o valor geral de venda dos imóveis habitacionais, em 2022, em Curitiba, deverá superar a casa de R$ 5 bilhões.
Mercado Imobiliário do Sul
Segundo dados da Brain Inteligência Estratégica, 20,50% do estoque de unidades novas disponível para comercialização no Brasil, no 1º trimestre deste ano, estão na Região Sul.
De acordo com Araújo, as vendas observadas pelo setor na região, já somaram “quase R$ 10 bilhões, que foram colocados na economia, em cerca de 12 cidades, que estão girando toda cadeia produtiva”.
Casa Verde e Amarela
Dados comparativos de venda final referentes ao programa Casa Verde e Amarela (CVA) apontam que, em Curitiba, apenas 10% das unidades totais lançadas pertencem ao programa. De acordo com o sócio-diretor da Brain, a região de São Paulo tem 40% do mercado CVA.
Araújo destacou ser inaceitável que a cidade mais cara da América Latina (São Paulo) tenha 40% do mercado CVA e Curitiba ter apenas 10%. “Alguma coisa está errada. É fundamental olhar o maior programa de habitação social da história do Brasil, que é o Casa Verde e Amarela, e o quanto ele tem modificado a economia e a vida em sociedade das cidades. Se nós não prestarmos atenção na maneira pela qual as cidades aprovam os projetos, na maneira pela qual o governo federal estimula esse programa, vai faltar habitação em muitas cidades”, conclui.