Supermercadistas sofrem com altas cargas tributárias no Brasil

Supermercadistas sofrem com altas cargas tributárias no Brasil
BANGKOK, THAILAND - MARCH 16,2017 : Aisle view of a MAXVALU SUPERMARKET on FEB 24,2017. MAXVALU SUPERMARKET is Supermarkets are open 24 hours

Especialista em varejo explica como os tributos impactam na rotina do consumidor por meio de uma dor dos supermercadistas

Com uma legislação extensa e complexa, empresas de diversos setores sofrem para cumprir com as obrigações fiscais existentes no Brasil. Quando se fala em supermercadistas, ainda há uma atenção extra com relação às normas e impostos específicos do setor, como recolhimento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), ISS (Imposto Sobre Serviços) e PIS/Cofins (Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Diante de tantos detalhes que permeiam manter a regularidade, uma questão é latente: existe solução para que varejistas do setor alimentício driblem as altas cargas tributárias e passem ilesos das autuações e multas por não conformidade?

“Os supermercados vendem milhares de produtos diferentes e cada um tem um sistema de tributação. Um refrigerante de lata e um de garrafa podem ter tributos completamente diferentes. Essas nuances fazem com que empresas paguem valores mais altos do que deveriam ou que se encontrem em uma situação irregular, caso a contribuição seja incompleta. Alguns estabelecimentos já preveem verbas para pagamento de multas, que por sua vez são repassadas aos consumidores, por meio do aumento de preço dos itens. Consequentemente, há diminuição de margem de lucro para o varejista”, explica Antônio Sá, especialista em varejo e sócio-fundador da Amicci, empresa de Gestão & Desenvolvimento de Marcas Próprias.

Para entender a fundo os impactos, é preciso analisar o que compõe o preço de um produto – uma soma de custos, margem e impostos. Porém, vale o alerta: dados do Impostômetro mostram que 20,43% do preço final dos itens da cesta básica é composto por tributos.

Como alternativa, empresas de varejo alimentício estão examinando a área fiscal para torná-la mais eficiente. No entanto, é preciso refletir que, com a inflação e desafios ligados à indústria, que podem incluir escassez de mão-de-obra e logística, quem quer aumentar a lucratividade, precisa ir além.

“O lucro é extremamente afetado por conta do regime tributário. O principal ponto é pensar em um planejamento para minimizar os impactos sobre os resultados, sem falar na escolha de um regime adequado mediante as opções disponíveis para a companhia. Vale lembrar que esses fatores afetam diretamente o pagamento de impostos e a gestão financeira do negócio”, alerta Sá.

Como driblar as altas cargas tributárias?

O primeiro passo que um supermercadista deve seguir para minimizar os impactos fiscais é realizar um planejamento tributário visando redução de custos e riscos. “Um estudo aprofundado da situação da empresa pode jogar luz sobre oportunidades de redução da carga tributária. Com a liberação de recursos financeiros, outras áreas podem receber investimento e, se realizado com uma estratégia correta, haverá retorno. Outro ponto é a melhoria na tomada de decisão, sempre suportada pelo o que os números mostram”, pontua o sócio-fundador da Amicci.

O planejamento é importante, principalmente, para identificar como aproveitar incentivos fiscais, que variam de acordo com a legislação vigente no Estado. Consultar um profissional especializado, como advogado ou contador, pode ajudar a avaliar as condições. “O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), por exemplo, garante dedução de  4% do valor gasto com a alimentação dos funcionários. Existem também os incentivos regionais, que podem incluir redução ou isenção de impostos estaduais e municipais, como o ICMS e o IPTU”, explica.

A redução de impostos sobre produtos da cesta básica é um dos destaques, já que ao diminuir a carga tributária sobre os alimentos, o acesso à população é maior. De acordo com o especialista em varejo, a redução é importante, já que a pandemia da covid-19 resultou em aumento  do número de desempregados e menor poder de compra. Aliado à escassez de produtos e aumento do dólar, isso faz com que os produtos subam cada vez mais. Torna-se um ciclo: as vendas caem e os custos são repassados aos consumidores, ou as margens de lucro diminuem para tentar manter um valor equilibrado.

Além disso, outras alternativas devem ser consideradas, como negociação com fornecedores em busca de melhores valores para redução de custos e melhoria na logística e cadeia de suprimentos, com o objetivo de diminuir os custos de transporte e armazenagem.

Por fim, uma das soluções, ainda pouco explorada, é a criação de marcas próprias. A principal vantagem é a margem de lucro. Além dos preços atrativos – que podem ser até 20% menores do que marcas líderes de mercado -, o consumidor é fidelizado pela qualidade dos produtos. “Posso ressaltar como demais benefícios a vantagem competitiva, flexibilidade e preenchimento de lacunas. Sem falar do poder de negociação com a indústria, que também ganha com a estratégia”, diz Sá.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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