Vendas de cimento desaceleram no primeiro semestre

Vendas de cimento desaceleram no primeiro semestre

Queda foi de 1,8% nos primeiros seis meses do ano

Após um primeiro semestre instável para a economia brasileira marcado por juros elevados, alto endividamento e inadimplência das famílias, as vendas de cimento acumularam queda de 1,8% em relação ao mesmo período de 2022 com a comercialização de 30,3 milhões de toneladas nos seis primeiros meses do ano.

O mês de junho atingiu 5,3 milhões de toneladas de vendas, registrando um ganho de 1,3% se comparadas ao mesmo mês do ano anterior, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento – SNIC. Ao se analisar o despacho de cimento por dia útil em junho de 228,4 mil toneladas, há um aumentode 1,4% sobre junho do ano passado e de queda de 1,6% em relação ao primeiro semestre de 2022.

Os principais indutores do consumo de cimento, construção imobiliária e infraestrutura, desaceleraram no período em virtude da dificuldade no acesso ao crédito, em meio a taxa de juros elevada, redução de lançamentos, operações de financiamento imobiliário e renda no nível do período anterior a pandemia.

Dentre os setores da economia pesquisados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) – indústria, serviço, comércio e construção – a confiança desta última foi a única que apresentou queda em junho, devido a percepção de uma fraca demanda nos próximos meses. Porém, esse viés pessimista não se estendeu em todas as áreas da construção, influenciadas pelas novas regras do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) anunciadas pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (CCFGTS), que aumentam o subsídio para unidades habitacionais, o valor do imóvel financiado e redução da taxa de juros para famílias de baixa renda impulsionando a construção residencial.

Houve, também, uma melhora na confiança da indústria e do consumidor que avançou em junho, atingindo o maior nível desde fevereiro de 2019. Os resultados foram motivados pelo alívio da inflação e a expectativa de queda dos juros.

No entanto, ainda é cedo para confirmar um otimismo devido a situação de alto endividamento das famílias, baixo nível dos estoques de obras e a fraca demanda.

A taxa de juros continua dificultando o acesso ao crédito, sendo responsável ainda pela diminuição nas vendas de unidades imobiliárias, o que compromete ainda mais o desempenho da indústria do cimento.

Com tantas incertezas, o setor segue atento à possível redução da Selic a partir de agosto, a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária – imprescindível para equalizar a carga tributária e promover a reindustrialização tão necessária para o crescimento do país.

“A economia do Brasil começa a apresentar sinais de recuperação com a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), controle da inflação e melhora dos indicadores do mercado de trabalho. Ainda assim, a indústria brasileira do cimento segue cautelosa na sua avaliação de desempenho, apontando para uma estabilidade de vendas em 2023 com relação ao ano anterior”. Paulo Camillo Penna – Presidente do SNIC

Perspectivas

A expectativa do setor é de melhora para os próximos meses, impulsionada pelas obras do ciclo imobiliário recente, com reforço do Programa Minha Casa, Minha Vida e retomada de obras paradas e de infraestrutura. O anúncio do governo federal de ampliar o subsídio e reduzir a taxas de juros do MCMV, traz um alento ao setor e deve impulsionar os investimentos em construção civil no país.

Nesse sentido, o uso de paredes de concreto vem ganhando destaque na construção dos conjuntos habitacionais, devido à rapidez e competitividade. O sistema construtivo vem sendo cada vez mais utilizado devido a qualidade e velocidade de execução, pois é três vezes mais ágil do que o sistema convencional, permitindo utilizá-lo como solução em projetos com prazos apertados e alta repetitividade, além de integrar conforto térmico e acústico à obra.

Há ainda uma efetiva apreensão do mercado com as recentes alterações dos Marco do Saneamento Básico. O Censo Demográfico divulgado pelo IBGE indicou que a população brasileira aumentou 6,5% (para 203 milhões) entre 2010 e 2022, enquanto o número de residências cresceu 34% (para 91 milhões) no período. Esse movimento torna mais difícil o cumprimento das metas de universalização do saneamento básico, mas a indústria de cimento está pronta para fornecer os cerca de 5 milhões de toneladas do insumo necessário para o atingimento desse objetivo.

Congresso do cimento

O segundo semestre de 2023 marca também a volta do mais importante evento das cadeias de valor do cimento e da construção. O 8º Congresso Brasileiro de Cimento (CBCi) acontecerá entre os dias 6 e 8 de novembro na cidade de São Paulo.

O encontro irá reunir autoridades, lideranças empresariais, membros da academia e especialistas nacionais e internacionais para debaterem temas que vão além da inovação tecnológica na produção e aplicação do cimento às reformas estruturais, legislações e aspectos ambientais como a circularidade de resíduos e a redução e neutralização da emissão de CO2.

Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do setor da construção – e por consequência, do Brasil – o 8º CBCi pretende fomentar ainda mais a busca por novos produtos e soluções que estimulem a inovação, a produtividade e o negócio do cimento.

 

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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