Intenção de Consumo das Famílias tem o melhor fevereiro desde 2015

Intenção de Consumo das Famílias tem o melhor fevereiro desde 2015

Índice apresentou pequena redução pela terceira vez consecutiva, mas ainda assim está 10% acima na variação anual

Pelo terceiro mês consecutivo, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 0,5% em fevereiro, em relação ao mês anterior, mas ainda segue na zona de satisfação, aos 105,7 pontos. No entanto, o índice, apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou o melhor valor para fevereiro desde 2015. Os dados apontam uma recuperação da pretensão de consumir em relação aos anos anteriores, com um crescimento de 10,4% na comparação com fevereiro de 2023.

“Sabemos que a preocupação das famílias em honrar suas dívidas é uma questão central nos lares brasileiros, sobretudo aqueles de média e baixa rendas. Mesmo assim, fevereiro trouxe ganhos importantes para a economia brasileira, mostrando que há condições favoráveis ao consumo”, destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

Com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais baixo e a inflação mais controlada, o índice que mede a satisfação em relação à renda atual avançou 0,3%, atingindo 124,7 pontos. O índice de satisfação com a renda atual foi o único que aumentou – a maior queda foi do índice sobre a perspectiva profissional, que caiu 1,6% e chegou aos 117,2 pontos.

Preferência é quitar dívidas

O índice que mede a percepção sobre como está o cenário para compra de bens duráveis é o que está mais pessimista, aos 73,5 pontos (abaixo da zona de satisfação, que é acima de 100 pontos). No mês, houve uma queda de 1,1%. Isso porque, apesar das melhores taxas de juros, o saldo da carteira de crédito das pessoas físicas vem desacelerando em relação aos resultados do ano passado, mostrando menos procura por esses itens. Ainda assim, no que diz respeito à variação anual, o indicador foi o que mais aumentou: 34,1%.

Além disso, o acesso ao crédito teve o menor crescimento em comparação a fevereiro de 2023 e taxa mensal negativa pelo terceiro mês seguido, o que contribui para a percepção de que o efeito positivo da redução dos juros vem se esgotando no aquecimento do consumo. “Observando, também, a redução da inadimplência, podemos concluir que as famílias estão aproveitando o crédito mais barato para ajustar seus orçamentos em vez de fazer novos compromissos”, explica o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.

Medo da inadimplência

“A atenção das famílias brasileiras com o planejamento financeiro vem mostrando resultado no mercado de crédito e, apesar de enfraquecer o consumo, a intenção de compra permanece melhor do que em anos anteriores”, ressalta Tavares. O subindicador que mede a perspectiva de consumo para os próximos três meses segue na área de satisfação, aos 109,7 pontos e aumento de 7,8% na comparação com fevereiro do ano passado, apesar da queda de 0,7% em relação a janeiro.

A cautela com a inadimplência é puxada, sobretudo, pelas famílias das classes média e baixa. As famílias mais ricas continuam utilizando o crédito para fazer suas compras (o indicador que mede a percepção de acesso ao crédito aumentou 0,4% para essa faixa de renda). Para os que recebem menos de dez salários mínimos, o índice caiu 0,7%, a terceira queda mensal seguida.

Conforme analisa Felipe Tavares, isso ocorre porque as famílias de menor renda são mais vulneráveis à evolução dos juros porque estão mais endividadas, como aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também realizada pela CNC. Dessa forma, são mais incentivadas a liquidar seus débitos do que consumir. “Por estarem devendo mais, as famílias de menor renda priorizam o ajuste do seu orçamento, enquanto as com maiores rendimentos já enxergam um futuro com mais condições de consumo”, acrescenta o economista-chefe da Confederação.

O indicador sobre a perspectiva de consumo das famílias consideradas ricas interrompeu a tendência negativa iniciada em agosto do ano passado e permaneceu neutro neste mês. A maior capacidade financeira dessas famílias deve apoiar, nos próximos meses, a reversão das quedas observadas no índice geral da ICF.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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