Retenção de automóveis importados por conta da greve do Ibama pode reduzir economia em até 5%
Com operação tartaruga, mais de 17 mil automóveis estão parados à espera de liberação nos portos brasileiros
A economia brasileira enfrenta uma paralisia nas aduanas devido à greve dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Conhecida como “operação tartaruga”, a paralisação está atrasando a liberação de milhares de containeres nos portos do país, afetando o comércio e a indústria automotiva. Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que o resultado pode chegar a uma redução de aproximadamente 5% na atividade econômica brasileira.
Para chegar ao dado, a CNC levou em consideração o impacto da cadeia produtiva automobilística na economia do País como um todo. Entre 2020 e 2023, o Brasil importou, em média, 38 mil carros por trimestre, aproximadamente 13,8 mil por mês. Atualmente, mais de 17 mil automóveis estão parados nos portos aguardando liberação aduaneira, o que representa mais de um mês de importações. O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explica que, para analisar o impacto econômico dos atrasos, foi considerado os efeitos diretos, indiretos e induzidos da paralização, pois toda a cadeia produtiva automobilística é impactada pela paralização e os seus setores mais próximos.
O estudo demonstra que, em termos econômicos, para cada 1% de diminuição nos carros efetivamente importados, a atividade econômica cai 0,034%, considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos. Os 17 mil automóveis parados nos portos representam 132% da importação mensal, o que pode resultar em uma redução de até 5% na atividade econômica devido à operação tartaruga nos portos brasileiros.
“A paralisação dos servidores do Ibama e do Mapa afeta a oferta de diversos bens importados no território nacional, não apenas veículos, mas nos ativemos ao segmento automotivo nesta primeira etapa do estudo”, explica Felipe Tavares. A estimativa é que cerca de 1,2 mil contêineres com peças, componentes, carros a combustão e híbridos estão retidos. No total, mais de 17,3 mil veículos aguardam liberação nos portos, impactando diretamente a cadeia de vendas no Brasil.
Para o vice-presidente financeiro do Sistema CNC-Sesc-Senac, Leandro Domingos Teixeira Pinto, é preciso equilíbrio para evitar prejuízos tanto na economia quanto na proteção ambiental brasileira. “A continuidade desta greve e a operação tartaruga nos portos têm o potencial de causar um impacto ainda mais profundo na economia brasileira nos próximos meses”, avalia. Ele reitera que o governo federal precisa avaliar, o mais rapidamente, as reivindicações dos grevistas para garantir que todos saiam ganhando após esse momento crítico.