Vendas de imóveis batem recorde no 2º trimestre e crescem 17,9%
No trimestre foram vendidos 83.900 imóveis
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) informou, nesta segunda-feira (19), que o mercado imobiliário registrou aumento de 17,9% nas vendas de unidades residenciais novas no país entre abril e junho de 2024 frente ao mesmo período de 2023. Somente as vendas do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) subiram 46% na mesma comparação entre os dois trimestres.
Com R$ 53 bilhões, o Valor Geral de Vendas (VGV) é 20,2% maior que no mesmo intervalo de 2023 (R$ 44 bilhões). Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º Trimestre de 2024, divulgada pela CBIC.
Foram vendidas 83.930 unidades no trimestre deste ano nas 221 cidades analisadas (incluindo as 27 capitais e principais regiões metropolitanas), um recorde desde o início do levantamento, iniciado em 2016.
Vendas sobem também no primeiro semestre
Considerando todo o 1º semestre de 2024, o número de vendas de imóveis cresceu 15,2% em relação ao 1º semestre de 2023, com 180.162 unidades vendidas. O VGV foi de R$ 102 bilhões, representando uma alta de 19,3%.
No acumulado dos últimos 12 meses (de julho de 2023 a junho de 2024) o VGV foi de R$ 203 bilhões (alta de 21,5%), com 353.949 novas unidades vendidas ou 11,5% a mais que nos 12 meses anteriores (julho de 2022 a junho de 2023), mantendo a tendência de crescimento de vendas iniciada há 5 anos – desde os 12 meses encerrados no 1º trimestre de 2019.
Para a CBIC, o mercado segue forte e o público continua em busca de imóveis novos, ou seja, há demanda contínua para os apartamentos lançados – foco do levantamento. Os resultados apontam um bom sinal para o restante do ano, pois os demais trimestres costumam concentrar mais vendas, ano a ano. “Esses números mostram que vendemos mais de mil unidades por dia, todo dia”, comentou Renato Correia, presidente da CBIC.
Segundo Correia, o mercado está em fase de crescimento e, mantido o cenário atual, a tendência é um 2º semestre positivo. O executivo destacou o efeito benéfico da combinação de inflação controlada; juros baixos – sem indicação de alta; aumento na geração de novos empregos e disponibilidade de recursos tanto do FGTS quanto da caderneta da poupança para aplicação em moradia. “No mercado imobiliário, o 2º semestre sempre é melhor que o 1º e a tendência é que seja melhor também nesse ano”, completou o CEO da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo.
O número de lançamentos de novos imóveis em geral cresceu 7% no 2º trimestre de 2024 (83.930) em relação ao 2º trimestre de 2023 (78.431) – e o Valor Geral de Lançamentos (VGL) foi 2,1% menor, com R$ 47 bilhões.
O número de lançamentos também cresceu na comparação entre o 1º semestre (149.487) deste ano e do 1º semestre do ano passado (141.431): alta de 5,7%. Na mesma comparação, o VGL cresceu 3,5%, chegando a R$ 85 bilhões.
No acumulado dos últimos 12 meses, foram 324.868 imóveis lançados – 0,8% a mais que os 322.440 lançados nos 12 meses anteriores.
O estoque, ou oferta final, que significa a diferença entre a quantidade de imóveis lançados e vendidos, atingiu o patamar de 274.303 unidades, fazendo com que o tempo para escoamento das unidades não vendidas seja de 9 meses.
Minha casa, Minha vida
Somente no segmento do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), foram 39.332 vendas no 2º trimestre de 2024, contra 26.935 no 2º trimestre de 2023 – alta de 46%. A participação do MCMV no volume vendas passou de 34% para 42%.
O MCMV também teve aumento expressivo de 86,7% no número de lançamentos no 2º trimestre de 2024 – 44.764 novos imóveis colocados no mercado –, na comparação com o 2º trimestre de 2023 (23.979 imóveis lançados). A participação do MCMV no volume de lançamentos passou de 31% para 53% na comparação no período.
Para a CBIC, o mercado vem respondendo desde os avanços promovidos no programa MCMV no segundo semestre de 2023. “Quando o governo acerta os parâmetros do Minha Casa, Minha Vida nós vemos as vendas crescendo rapidamente. Leva um ano para mudar de patamar, o setor é de resultados de médio e longo prazo. Você toma uma decisão agora e o efeito acontece paulatinamente”, avalia Renato Correia.
“Os resultados mostram o acerto das medidas de 2023, que começam a surtir efeito”, explica Celso Petrucci, conselheiro da CBIC e coordenador da pesquisa. “O mercado pode lançar, pois estamos em um nível muito baixo de oferta em geral no país”, acrescentou o presidente da CBIC.
Os dois executivos destacaram a preocupação da entidade com a destinação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), importante fonte de financiamento para o programa, para outras finalidades, como o empréstimo consignado e o saque-aniversário. “Nós observamos o orçamento do FGTS sair de R$ 117 bilhões para R$ 140 bilhões e nos preocupa muito”, afirmou Renato Correia. “A habitação de interesse social, quando você consegue ofertar as pessoas compram, porque precisam”, frisou.
Segundo Correia, o poder público precisa rever o manejo dos recursos do fundo, cuja destinação mais importante é proteger o trabalhador em caso de desemprego e financiar habitação e infraestrutura. “Tem nos preocupado muito o que já foi sacado: entre saque aniversario e consignado, de 2019 até agora são R$ 140 bilhões deslocados e não aplicados em habitação”. A CBIC tem atuado para esclarecer ao governo federal as implicações da vazão de recursos do Fundo para outras finalidades.
Celso Petrucci reforçou o risco da falta de recursos para investimento. “Se não resolver o saque aniversário pode faltar recursos no ano que vem, faltar dinheiro para habitação de interesse social”, disse.
Também participaram da coletiva o vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Ely Wertheim, e o gestor de projetos das Comissões de Indústria Imobiliária (CII) e de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC, José Maria Soares.