Safra de 2024 deve ter queda de 6%

Safra de 2024 deve ter queda de 6%
Colheita de trigo. Foto: Orlando Kissner - 2010

IBGE prevê redução de 19 milhões de toneladas

A estimativa de agosto de 2024 para a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas é de 296,4 milhões de toneladas, 6,0% menor que a obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas), redução de 19,0 milhões de toneladas. Em relação ao mês anterior, houve declínio de 1.651.784 toneladas (-0,6%). A área a ser colhida foi de 78,6 milhões de hectares, apresentando aumento de 736 017 hectares frente à área colhida em 2023, crescimento de 0,9%. Em relação ao mês anterior, a área a ser colhida apresentou aumento de 8.807 hectares (0,0%).

Estimativas de AGOSTO para 2024 296,4 milhões de toneladas
Variação AGOSTO 2024/ JULHO 2024 (-0,6%) 1,6 milhão de toneladas
Variação safra 2024/safra 2023 (-6,0%) 19,0 milhões de tonelada 

O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos deste grupo, somados, representam 91,9% da estimativa da produção e respondem por 87,3% da área a ser colhida. No que se refere à produção, ocorrem acréscimos de 11,2% para o algodão herbáceo (em caroço); de 2,1% para o arroz; de 5,2% para o feijão e de 16,1% para o trigo, bem como decréscimos de 4,4% para a soja, de 11,0% para o milho (reduções de 17,1% no milho de 1ª safra e de 9,4% no milho de 2ª safra) e de 11,3% para o sorgo. Em relação ao ano anterior, houve acréscimos de 13,6% na área a ser colhida do algodão herbáceo (em caroço); de 5,0% na do arroz em casca; de 6,0% na do feijão e de 3,2% na da soja, ocorrendo declínios de 3,3% na área do milho (reduções de 9,1% no milho 1ª safra e de 1,5% no milho 2ª safra); de 11,6% na do trigo e de 4,7% na do sorgo.

Para a soja, a estimativa de produção foi de 145,3 milhões de toneladas. Quanto ao milho, a estimativa foi de 116,6 milhões de toneladas (23,0 milhões de toneladas de milho na 1ª safra e 93,6 milhões de toneladas de milho na 2ª safra). A produção do arroz foi estimada em 10,5 milhões de toneladas; a do trigo em 9,0 milhões de toneladas; a do algodão herbáceo (em caroço) em 8,6 milhões de toneladas; e a do sorgo, em 3,8 milhões de toneladas.

A estimativa da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresentou variação anual positiva para duas Grandes Regiões: a Sul (0,2%) e a Norte (12,0%). Houve variação anual negativa para as demais: a Centro-Oeste (-10,3%), a Sudeste (-11,7%) e a Nordeste (-4,1%). Quanto à variação mensal, apresentaram decrescimento a Norte (-0,3%), a Nordeste (-0,6%), a Sul (-1,6%) e a Sudeste (-0,5%). A Centro-Oeste apresentou estabilidade (0,0%).

Uma série de problemas climáticos derrubaram as estimativas da produção brasileira de grãos na safra 2024. Houve falta de chuvas e ocorrência de temperaturas elevadas durante o ciclo das culturas na safra de verão (1ª safra) e na 2ª safra na maior parte das Unidades da Federação produtoras. Contudo, o evento climático mais marcante foi o excesso de chuvas e enchentes ocorridos no Rio Grande do Sul, que pode ter retirado cerca de 5,0 milhões de toneladas da safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas desse ano. Os prejuízos somente não foram maiores porque a maior parte das lavouras gaúchas de arroz, soja e milho já estavam colhidas por ocasião do evento. O IBGE reuniu e está disponibilizando um conjunto de informações referentes a safra agrícola do Rio Grande do Sul, podendo ser acessadas em https://www.ibge.gov.br/singedlab/dados-apoio-rs.php.

Destaques na estimativa de agosto de 2024 em relação ao mês anterior

Em relação a julho, houve aumentos nas estimativas da produção da castanha-de-caju (4,1% ou 5.902 t), do algodão herbáceo – em caroço (0,4% ou 36.547 t), do feijão 3ª safra (0,4% ou 2.838 t), bem como declínios do trigo (-5,4% ou – 510.878 t), do feijão 1ª safra (-4,8% ou -47.014 t), do café canephora (-4,4% ou -48.618 t), da cevada (-2,9% ou -14.000 t), da aveia (-2,4% ou -29.557 t), do milho 1ª safra (-1,6% ou -382.803 t), do feijão 2ª safra (-0,9% ou -13.143 t), do milho 2ª safra (-0,6% ou – 536.610 t), do café arábica (-0,4% ou -10.606 t) e da soja (-0,1% ou -147.693 t).

O Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 30,8%, seguido pelo Paraná (13,0%), Rio Grande do Sul (11,9%), Goiás (10,6%), Mato Grosso do Sul (7,1%) e Minas Gerais (5,6%), que, somados, representaram 79,0% do total. Com relação às participações regionais, tem-se a seguinte distribuição: Centro-Oeste (48,8%), Sul (27,0%), Sudeste (9,1%), Nordeste (8,7%) e Norte (6,4%).

As principais variações absolutas positivas nas estimativas da produção, em relação ao mês anterior, ocorreram em Roraima (21.596 t), na Bahia (15.006 t), no Amazonas (2.637 t) e no Rio de Janeiro (17 t). As variações negativas ocorreram no Paraná (-851.600t), em Santa Catarina (-450.538 t), em Minas Gerais (-129.711 t), no Piauí (-79.686 t), em Tocantins (-77.543 t), no Ceará (-66.020 t), em Pernambuco (-20.475 t), no Maranhão (-11.020 t), no Acre (-3.645 t), no Rio Grande do Norte (-735 t) e no Amapá (-67 t).

ALGODÃO HERBÁCEO (em caroço) – A estimativa para a produção de algodão é de 8,6 milhões de toneladas, acréscimo de 0,4% em relação ao mês anterior, devido ao crescimento de 0,4% na área plantada e na área colhida. Em relação a 2023, o aumento na produção é de 11,2%, com a área plantada crescendo 13,6%. A produtividade das lavouras deve retrair 2,1% em relação à safra passada. Com essa previsão, o País deve colher mais um recorde na produção de algodão em caroço.

CAFÉ (em grão) – A produção brasileira, considerando-se as duas espécies, arábica e canephora, foi estimada em 3,6 milhões de toneladas, ou 59,7 milhões de sacas de 60 kg, decréscimo de 1,6% em relação ao mês anterior. No comparativo com 2023, a produção cresceu 4,8%, em decorrência dos aumentos de 3,6% no rendimento médio e de 1,2% na área a ser colhida.

Para o café arábica, a produção estimada foi de 2,5 milhões de toneladas, ou 42,0 milhões de sacas de 60 kg, declínio de 0,4% em relação a julho e tendo crescimento de 6,5% em relação ao ano anterior. Em 2023, embora a safra do café arábica fosse de bienalidade negativa, a produção apresentou crescimento, quando comparado com 2022, uma vez que o clima beneficiou as lavouras, promovendo uma “inversão dessa bienalidade”. Dessa forma, a base de comparação é elevada. Para a safra do corrente ano, aguarda-se uma bienalidade positiva, portanto, um aumento natural da produção em relação ao ano anterior. Além disso, o clima tem beneficiado as lavouras em algumas Unidades da Federação produtoras até o presente momento, o que deve favorecer a produtividade dos cafezais

Para o café canephoraa estimativa da produção foi de 1,1 milhão de toneladas ou 17,7 milhões de sacas de 60 kg, decréscimo de 4,4% em relação ao mês anterior, com declínios de 3,3% na área colhida e de 1,1% no rendimento médio. A queda mensal é fruto de reavaliações que ocorreram em Rondônia, onde houve redução de 21,9% na produção.

CASTANHA-DE-CAJU (amêndoa) – A estimativa de agosto para a produção de castanha-de-caju foi de 151,2 mil toneladas, indicando aumentos anual de 29,4% e mensal de 4,1%. O bom desempenho da cultura deve-se, sobretudo, ao ganho de rendimento médio, que aumentou 24,4% no ano e 4,3% no mês e, em parte, à maior área colhida com aumento anual de 4,2%, apesar da moderada redução no mês (-0,1%). O rendimento médio nacional foi de 337 kg/ha, sendo favorecido por condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura. A área plantada, de 452,3 mil hectares, por vez, registrou aumento de 4,6% no ano, mantendo-se praticamente estável com relação ao mês de julho.

CEREAIS DE INVERNO (em grão) – Os principais cereais de inverno produzidos no Brasil são o trigo, a aveia branca e a cevada. Para o trigo (em grão)a produção estimada alcança 9,0 milhões de toneladas, declínio de 5,4% em relação ao mês anterior; e crescimento de 16,1% em relação a 2023, quando o Brasil, apesar de inicialmente aguardar uma safra recorde do cereal, teve sua expectativa frustrada em decorrência de uma série de problemas climáticos, prejudicando as lavouras na Região Sul.

A produção da aveia (em grão) foi estimada em 1,2 milhão de toneladas, declínio de 2,4% em relação a julho e de 36,0% em relação a 2023. O rendimento médio apresentou redução de 3,0% em relação ao mês anterior e crescimento de 36,4% em relação a 2023, quando o clima adverso prejudicou as lavouras de inverno na Região Sul do País.

Para a cevada (em grão), a produção estimada foi de 467,9 mil toneladas, declínios de 2,9% em relação a julho e crescimento de 23,3% em relação ao ano anterior. A área plantada apresenta um declínio de 12,6%, enquanto o rendimento médio aumentou 41,0%. Em 2023, o clima adverso prejudicou as lavouras de inverno na Região Sul do País, reduzindo, portanto, a base de comparação da safra atual.

FEIJÃO (em grão) – A estimativa de agosto para a produção de feijão, considerando-se as três safras, deve alcançar 3,1 milhões de toneladas, redução de 1,8% em relação a julho e aumento de 5,2% sobre a safra 2023. Essa produção deve atender ao consumo interno brasileiro, em 2024, provavelmente não havendo necessidade da importação do produto.

A produção da 1ª safra de feijão foi de 926,1 mil de toneladas, representando 29,8% de participação nacional dentre as três safras, sendo menor 4,8% frente à estimativa de julho.

2ª safra de feijão foi estimada em 1,4 milhão de toneladas, correspondendo a 44,7% de participação dentre as três safras. No comparativo com julho, houve queda de 0,9% da produção. Em relação à 3ª safra de feijão, a estimativa de produção de agosto foi de 791,1 mil toneladas, aumento de 0,4% na estimativa da produção sobre o mês anterior.

MILHO (em grão) – A estimativa da produção do milho foi reajustada para 116,6 milhões de toneladas, quedas de 0,8% em relação a julho e de 11,0% em relação a 2023. A área plantada somou 21,5 milhões de hectares, queda mensal de 4.641 hectares (-0,0%) e anual de 778,2 mil hectares (-3,5%).

milho 1ª safra apresentou uma produção de 23,0 milhões de toneladas, queda mensal de 1,6%. O milho 2ª safra apresentou uma produção de 93,6 milhões de toneladas, declínio mensal de 0,6%. Todas as Regiões do Brasil apresentaram reduções no balanço mensal, a exceção da Região Centro-Oeste, representando 72,6% da produção nacional, que manteve a estabilidade. Quando comparado ao ano de 2023, o cereal na sua 2ª safra, segue em queda de 9,4%, devido à perda de 8,0% no rendimento médio, principalmente.

SOJA (em grão) –A produção deve alcançar 145,3 milhões de toneladas, apresentando um decréscimo de 0,1% em relação a julho e de 4,4% em relação a 2023. A produção da oleaginosa deve representar quase a metade do total de cereais, leguminosas e oleaginosas produzidos no País em 2024.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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