Imposto seletivo na Reforma Tributária: disparidades precisam ser corrigidas

Imposto seletivo na Reforma Tributária: disparidades precisam ser corrigidas
Sérgio Leite de Andrade, presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, e Victor Bicca, presidente da ABIR.

Durante evento em Brasília, autoridades enfatizaram a importância de uma tributação equilibrada

Os diálogos sobre a Reforma Tributária seguem firmes entre agentes políticos e um ponto que ainda requer atenção é o imposto seletivo. A inclusão de bebidas açucaradas neste imposto foi tema de debate entre autoridades e especialistas que participaram do 2º Simpósio de Liberdade Econômica, nesta terça-feira (5). Victor Bicca Neto, presidente da Associação das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcóolicas (ABIR), esteve no encontro e ressaltou que o impacto de uma taxação sobre bebidas açucaradas merece análise mais profunda para evitar distorções e injustiças.

“Taxar essas bebidas não é a solução para o combate à obesidade. A proposta atual sugere que bebidas açucaradas são as responsáveis pela obesidade, alegando que o açúcar presente nas bebidas é um fator que contribui para o aumento dos índices. Porém, o açúcar que compõe a cesta básica está com alíquota zero, o que é uma grande contradição”, afirmou Bicca em sua fala durante o painel “Imposto Seletivo: Impactos Setoriais e Controvérsias”, em Brasília.

O presidente da ABIR apresentou dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), sistema de pesquisa do Ministério da Saúde. Os números mostram que a obesidade no Brasil nos últimos 17 anos aumentou em 105,9%, enquanto o consumo de refrigerantes diminuiu 51,8%. E que as bebidas açucaradas representam apenas 1,7% das calorias ingeridas pelos brasileiros de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

O setor de bebidas não alcoólicas gera mais de 2 milhões de empregos diretos e indiretos, com mais de 2 mil fábricas e um milhão de pontos de venda. Essa indústria é a maior compradora de frutas nacionais e recolhe 18 bilhões de reais em tributos estaduais e municipais. “Não é taxando a indústria que vamos combater a obesidade. A solução para isso é mais informação e uma variedade de opções que permitam escolhas conscientes de acordo com o estilo de vida de cada um. Há anos a indústria investe na ampliação do portfólio, trazendo aos consumidores uma gama de produtos nos mais diversos teores calóricos”, ressaltou Bicca.

Tributação equilibrada

O evento contou com a presença de autoridades políticas que também enfatizaram a importância de uma tributação equilibrada. O senador Efraim Filho (União/PB) ressaltou que “a Reforma Tributária deve facilitar a vida dos produtores e empreendedores, e não ser usada como um meio arrecadatório excessivo para setores específicos, como é o caso das bebidas açucaradas”.

Já o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Armando Monteiro, que moderou o Painel, disse apostar na dinamização da economia como um meio justo de tributação: “o imposto seletivo precisa ser utilizado com parcimônia e lembrar que ele é de caráter extra fiscal e não arrecadatório ou que represente um ganho de arrecadação para o estado”, esclareceu.

O que diz a CAE?

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal tem tido um olhar atento às questões da Reforma Tributária. Por isso, a CAE produziu um relatório orientando a supressão das bebidas açucadaras do imposto seletivo. A decisão foi baseada em três fatores: o açúcar presente na cesta básica estar com alíquota zero; a percepção de que o uso de imposto sobre consumo não é considerado uma medida efetiva na condução de políticas públicas de combate à obesidade; e a obesidade ser um problema multifatorial, portanto nenhum consumo alimentar isolado justifica o aumento de peso ou a ingestão calórica desequilibrada.
 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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