Encargos e tributos consomem 46% das contas de energia

Encargos e tributos consomem 46% das contas de energia

Dados consolidados de 2023 demonstram leve redução da carga em função da eletricidade ter sido reconhecida pela legislação como bem essencial

Os tributos e encargos sobre o setor elétrico brasileiro representam 46,2% das contas de energia, revela o “Estudo sobre carga tributária de tributos e encargos do setor elétrico brasileiro”, realizado pela PwC e Instituto Acende Brasil, que analisou dados de empresas geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia do país.

O levantamento traz dados consolidados de empresas que representam quase 70% do mercado de geração, transmissão e distribuição (GTD). São contemplados sete tributos federais, estaduais e municipais e onze encargos setoriais no ano-base 2023.

Nesse período, a arrecadação consolidada das empresas, na amostra, alcançou R$107,9 bilhões em tributos e encargos, com destaque para a manutenção de encargos setoriais em um total de 15,2% e os tributos corresponderam a 31% da carga estimada total.

De acordo com o levantamento, comparado a 2022, cuja carga total foi de 48,1%, a pequena diminuição observada, de 1,9 pontos percentuais, foi impulsionada principalmente pela redução da alíquota do ICMS sobre energia elétrica, estabelecida por lei, que reconheceu a eletricidade como bem essencial e limitou a aplicação de alíquotas máximas ao nível geral de cada estado.

“O resultado começa a refletir o impacto positivo das mudanças legislativas, mas também aponta a necessidade de estabilidade regulatória e tributária para sustentar a competitividade do setor no longo prazo”, afirma Vandré Pereira, sócio da PwC Brasil.

Reforma Tributária: impacto sobre cargas do setor

O estudo da PwC e do Instituto Acende Brasil identificou ainda que fatores como a Reforma Tributária em tramitação no Congresso e as recentes alterações na base de cálculo do ICMS devem impactar a carga tributária do setor em 2024.

“Além disso é preciso ficar atento, pois a Lei Complementar nº 194/2022 que alterou aspectos tributários importantes, deve continuar influenciando a arrecadação nos estados, com potenciais desdobramentos sobre as tarifas de energia elétrica”, explica Eduardo Müller Monteiro, Diretor Executivo do Instituto Acende Brasil.

Tributos e Encargos ficaram estáveis em 2023

Os encargos setoriais mantiveram estabilidade em 2023, permanecendo em 15,2% da arrecadação total. Entre os destaques, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) foi responsável por 12,9% do total arrecadado.

Por outro lado, a carga tributária consolidada diminuiu levemente de 32,9% em 2022 para 31,0% em 2023, com reduções mais relevantes no ICMS e variações menores em tributos federais, como IRPJ e CSLL.

Apesar da redução geral na carga tributária, o estudo alerta para desafios futuros, como as mudanças no cálculo da base de ICMS sobre a TUSD/TUST e os potenciais impactos da Reforma Tributária em tramitação no Congresso Nacional.

Impactos regionais e perspectivas

A aplicação desigual da legislação sobre o ICMS trouxe impactos regionais variados. Estados como São Paulo e Minas Gerais preservaram as suas alíquotas entre 2022 e 2023, enquanto a Bahia aumentou a imposto de 18% para 27%, Rio de Janeiro de 18% para 22%. No caso da Bahia, por exemplo, a alíquota efetiva perfaz 37% para os consumidores residenciais, quando considerados os efeitos sobre o preço final da energia.

Além disso, o conceito de “dívida regulatória” foi abordado no estudo, levantando questões sobre como os subsídios tarifários e as políticas de incentivo à sustentabilidade energética são financiados por estados e empresas.

“É essencial que as mudanças regulatórias sejam acompanhadas de diálogo e previsibilidade para evitar impactos negativos no planejamento estratégico das empresas do setor”, afirma Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil.

O estudo também projeta que a carga tributária poderá sofrer alterações em 2024 devido a diversos fatores, de um lado positivo com a redução das alíquotas de ICMS aos limites da alíquota geral em alguns estados, mas, por outro lado, negativo pela incidência de tributação de ICMS sobre o uso do sistema de transmissão e distribuição e pela ampliação de subsídios a fontes alternativas de energia. Esses são temas a serem monitorados.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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