Sucessão familiar: adoção de holding patrimonial requer planejamento

Sucessão familiar: adoção de holding patrimonial requer planejamento

Instrumento não necessariamente gera redução de tributos, mas auxilia a estruturar o processo sucessório de empresas

 A implantação de holdings patrimoniais tornou-se um instrumento comum para o planejamento sucessório no Brasil. Embora a profissionalização da gestão do patrimônio e a otimização do processo sucessório sejam os principais benefícios da sua adoção, a crescente utilização desse modelo deve-se, especialmente, à disseminação da ideia de que ele seria capaz de reduzir os custos tributários, tanto na administração dos negócios quanto na sucessão. Essa percepção, entretanto, raramente se sustenta e se torna ainda mais complexa diante das possíveis mudanças propostas pela reforma tributária.

“A instituição de uma holding patrimonial raramente traz um benefício tributário na sucessão em termos de redução do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações), já que a fiscalização da receita estadual avalia as quotas sociais pelo seu valor de mercado e investiga todos os ativos e o patrimônio líquido da sociedade”, explica Jorge Coutinho, advogado especialista em Direito Tributário, sócio do escritório Jorge Ponsoni Anorozo & Advogados Associados.

Dr Jorge Coutinho.jpg
Jorge Coutinho.

Além de não necessariamente reduzir as alíquotas e a carga tributária relacionadas à sucessão, a criação de uma holding envolve custos que precisam ser cuidadosamente planejados. “Salvo para patrimônios muito grandes ou que gerem rendas muito elevadas, a holding, do ponto de vista tributário, não se mostra um instrumento tão interessante”, afirma Coutinho.

De acordo com o especialista, é preciso avaliar cada caso individualmente para identificar o ponto de equilíbrio para a constituição da holding patrimonial. “Quanto de patrimônio é preciso ter e qual o valor de rendimento que precisa ser gerado para justificar a criação de uma holding? Essa é a pergunta que precisa ser respondida em cada caso”, analisa.

Sucessão mais tranquila

Se sob a perspectiva tributária a holding patrimonial não é necessariamente o instrumento mais eficiente, sob a ótica da sucessão patrimonial e da administração dos bens existentes, ela se mostra bastante efetiva. A transferência dos bens para a pessoa jurídica, acompanhada da profissionalização da gestão e da possibilidade de transmissão das quotas ou ações aos herdeiros – sem necessidade de inventário e sem impactar a gestão patrimonial – são medidas que evitam conflitos e contribuem para a perpetuação do patrimônio.

Dessa forma, o ponto central da constituição de holdings deve ser a gestão conjunta e efetiva de um patrimônio. Também é possível criar instrumentos de governança familiar e patrimonial, como um protocolo familiar, que estabelece regras próprias para o ingresso gradativo dos membros da família na administração do patrimônio, promovendo uma melhor interação com as atividades empresariais. Esses cuidados profissionalizam o processo de sucessão e permitem um gerenciamento efetivo de conflitos. “Essa estruturação e partilha podem ser feitas em vida, com a doação das quotas e o usufruto reservado ao doador, mantendo o atual administrador à frente da gestão e evitando conflitos sucessórios”, complementa Coutinho.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *