Dólar fecha abaixo de R$ 6 e a tendência é de novas quedas

Bolsa tem baixa de 0,30% puxada pelas ações da Vale e da Petrobras
O dólar fechou a quarta-feira (22) com forte queda, ficando abaixo de R$ 6,00 pela primeira vez desde dezembro do ano passado, com o mercado entendendo que o novo governo dos Estados Unidos será moderado na adoção de tarifas sobre produtos estrangeiros. A Bolsa de Valores fechou em queda de 0,30%, depois de três pregões seguidos de alta. O Ibovespa acusou no fechamento 122.971,77 pontos, influenciado pelas ações da Vale que recuaram 2,52% diante da queda do minério de ferro na China e dos papéis da Petrobras que caíram 0,56%, em função da baixa dos preços internacionais do petróleo e com os investidores de olho na política de preços.
O dólar comercial registrou queda de 1,41%, sendo cotado no fechamento a R$ 5,9463, a menor cotação desde 27 de novembro de 2024, quando encerrou em R$ 5,914. Desde 11 de dezembro a moeda norte-americana não terminava o dia abaixo dos R$ 6,00.
O head de câmbio da HCI Invest, Anilson Moretti, destaca que nas últimas semanas, o que tem se observado é um movimento significativo de fluxo de dólares entrando na bolsa brasileira, impactando diretamente na desvalorização da moeda americana. Esse fluxo positivo de investimentos estrangeiros começou a se intensificar entre os dias 13 e 15 de janeiro, continuando até esta quarta-feira, e tem sido um dos principais responsáveis pela recente valorização do mercado.
“O fluxo de dólares em direção à bolsa brasileira tem sido robusto, com mais de US$10 milhões entrando no país. Isso se reflete tanto em oportunidades no mercado de ações quanto em investimentos em renda fixa, uma vez que as altas taxas de juros no Brasil — que chegaram a superar os 15% ao ano no final de 2024 — continuam atraindo investidores estrangeiros em busca de melhores retornos. Essa movimentação positiva, aliada à atuação do Banco Central com leilões diretos, tem ajudado a conter pressões sobre o valor do dólar”, explica Moretti.
Outro ponto relevante apontado pelo head de câmbio da HCI Invest, é o ajuste que o mercado está fazendo em relação aos meses de novembro e dezembro, quando o dólar chegou a superar a barreira dos R$ 6,00, devido a um conjunto de fatores externos e internos que pressionaram a moeda. “Agora, com a entrada de fluxo estrangeiro e a expectativa de continuidade desse movimento, o dólar tem apresentado um comportamento de ajuste, podendo alcançar valores ao redor de R$ 5,82, ou até R$ 5,81 até o final de março, caso o fluxo de capital estrangeiro permaneça forte. O patamar atual, portanto, reflete uma correção dos excessos de valorização do dólar observados no final do ano passado, com o mercado aguardando os próximos passos da política monetária e fiscal”.
Mercado acionário
No mercado de ações, o cenário tem sido mais contido. O índice de futuros iniciou a semana com uma queda moderada, refletindo a expectativa de novas novidades vindas do mercado dos Estados Unidos, mas o que se viu foi a ausência de grandes mudanças, levando o mercado a se estabilizar ao longo do dia.
O diretor da HCI Invest chama a atenção para o fato de que a queda do preço do petróleo tem afetado diretamente a performance das ações de grandes empresas, como a Petrobras, que exerce um peso significativo sobre o índice da bolsa. Além disso, ações de frigoríficos também registraram quedas, e muitas outras empresas não apresentaram grandes movimentações, tornando o mercado sem uma direção clara. “A falta de grandes notícias tanto no mercado interno quanto externo tem contribuído para uma falta de volatilidade, o que tem dificultado a manutenção de uma tendência de alta no curto prazo”, explica.
Juros
Em relação às taxas de juros, há uma pressão de alta nos contratos futuros, o que também não favorece o desempenho da bolsa. “O mercado parece estar à espera de novidades em relação às taxas de juros e à política fiscal, especialmente no cenário internacional. Internamente, a questão fiscal continua sendo um tema relevante, com o mercado ainda sem grandes sinais de mudanças concretas, o que já foi amplamente descontado em dezembro. Contudo, em janeiro, o mercado tem experimentado algumas altas seguidas, mas sem grandes variações”, lembra Moretti.
A expectativa para os próximos dias gira em torno das notícias corporativas, que podem gerar alguma movimentação no mercado, e, claro, das decisões relacionadas aos juros e à política econômica, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. “Acompanhar esses desenvolvimentos será fundamental para entender a direção que o mercado poderá tomar nos próximos meses”, ressalta Moretti.