Reforma Tributária 2026: veja quais serão os impactos para o setor varejista

Reforma Tributária 2026: veja quais serão os impactos para o setor varejista

Mudanças visam simplificar a tributação, eliminar impostos duplicados e reduzir disputas fiscais

A nova reforma tributária no Brasil, aprovada após intensos debates em 2023, deverá transformar profundamente a dinâmica do país. Para o setor do varejo, um dos mais sensíveis a mudanças fiscais devido à sua capilaridade e volume de transações, os impactos serão significativos e complexos.

“A reforma tributária promete simplificar a vida do varejista, tornando o sistema mais claro e eficiente, mas o sucesso desta transição dependerá de uma implementação cuidadosa e da mitigação de impactos negativos, especialmente para os pequenos comerciantes e consumidores”, comenta Paulo Zirnberger, CEO da Omnitax, empresa especializada em inteligência tributária e soluções fiscais.

Essa simplificação pode ser positiva, já que o setor lida com uma enorme quantidade de operações sujeitas a diferentes alíquotas, créditos e regimes fiscais. O fim dos impostos cumulativos deverá aliviar a carga sobre os pequenos e médios varejistas, que enfrentam dificuldades para recuperar créditos tributários na cadeia de produção e distribuição. Além disso, espera-se que a maior transparência na apuração do imposto permita um planejamento financeiro mais eficiente.

No entanto, a transição para o novo modelo não será isenta de desafios. Entre eles, destaca-se a implementação do split payment, um novo sistema em que o recolhimento do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) será automático e em tempo real, já no momento da compra e da emissão da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e).

Embora esse mecanismo simplifique a arrecadação e aumente a transparência, ele poderá gerar um impacto significativo no fluxo de caixa do varejo. De acordo com dados da Omnitax, o setor enfrentará um aumento de 45 dias no ciclo de caixa, o equivalente a uma redução de R$ 300 bilhões no capital de giro ao longo do ano. Esse cenário se agrava em um momento de juros elevados e margens de lucro pressionadas, demandando ainda mais recursos financeiros dos varejistas.

Outro ponto sensível para o varejo é a definição das alíquotas. Embora a reforma busque neutralidade tributária, setores como o varejo alimentício e de bens de consumo temem que o aumento unificado do IVA possa encarecer produtos essenciais, reduzindo o poder de compra da população. Isso poderia impactar negativamente as vendas e aumentar a informalidade no setor. Além disso, as mudanças na partilha do imposto entre estados e municípios geram preocupação quanto ao repasse para o consumidor final.

Por outro lado, a uniformidade tributária trazida pelo IVA pode incentivar o comércio eletrônico, que se beneficiará da redução de barreiras fiscais entre estados. Isso é uma vantagem significativa para o varejo, que vem investindo cada vez mais no e-commerce, mas também exige atenção para evitar a criação de desequilíbrios entre o comércio físico e online.

Apesar das transformações em curso, os varejistas precisam se adaptar às novas regras, incluindo o investimento robusto em tecnologia desde o momento da transição, de 2026 a 2033. “A adaptação aos novos sistemas de cobrança e o entendimento das regras exigirão investimentos em TI e treinamento de equipes. Pequenos varejistas, em especial, poderão enfrentar dificuldades em acompanhar as mudanças, o que exige atenção do governo para garantir apoio técnico e financeiro durante o período de transição, garantindo competitividade e acesso ao mercado”, conclui Paulo.

Crédito da foto: Freepik

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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