Crescimento exponencial dos FIDCs gera especulação no mercado

Crescimento exponencial dos FIDCs gera especulação no mercado

Investimento está longe de ser uma bolha, garantem os especialistas

Mesmo para quem não está familiarizado com o mercado financeiro, é quase impossível não ter ouvido falar dos FIDCs, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, nos últimos anos. Essa alternativa para democratizar o crédito no Brasil tem registrado um crescimento exponencial. Pela primeira vez na história, por exemplo, os FIDCs ultrapassaram os fundos de ações em patrimônio líquido, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).

No ano passado, os fundos de ações registraram uma captação líquida negativa de R$ 10 bilhões, em contraste com os R$ 3,3 bilhões positivos de 2023. Já os FIDCs captaram R$ 113 bilhões, quase o triplo dos R$ 40 bilhões arrecadados em 2023, sendo a segunda maior captação entre os fundos no último ano, atrás apenas dos fundos de renda fixa. “Esse resultado reflete a confiança dos investidores e o amadurecimento do mercado”, analisa Bruno Lage, sócio fundador da Catálise, a maior gestora independente de FIDCs do Sul do Brasil.

Lage explica que o avanço dos FIDCs é uma consequência natural das necessidades do mercado e do amadurecimento das estruturas financeiras no Brasil. “Os FIDCs têm se mostrado instrumentos essenciais para a democratização do crédito, oferecendo alternativas viáveis tanto para empresas em busca de financiamento quanto para investidores em busca de diversificação”, afirma o executivo.

Os FIDCs permitem que empresas antecipem seus recebíveis, transformando vendas a prazo em capital imediato, o que facilita o fluxo de caixa e cria oportunidades de investimento com retornos potencialmente atraentes.

De onde vem

Os FIDCs surgiram no Brasil no início dos anos 2000 com o objetivo de diversificar as fontes de financiamento, especialmente para empresas de menor porte. Desde então, têm desempenhado um papel fundamental no mercado financeiro ao oferecer opções de crédito mais acessíveis e estimular o crescimento de diversos setores da economia.

Os números recentes confirmam a força desse mercado. Segundo dados da Anbima, o número de FIDCs em operação cresceu de 2.288 em outubro de 2023 para 2.778 em outubro de 2024, um avanço de 21,4% em apenas um ano. O valor investido por pessoas físicas também registrou um salto significativo, saindo de R$ 7,4 bilhões em outubro de 2023 para R$ 15,98 bilhões em outubro de 2024, um crescimento de 115,9%.

Espaço para crescer

Apesar do ritmo acelerado de crescimento, os FIDCs não apresentam as características típicas de uma bolha financeira. “Para que uma bolha se forme, é necessário que o valor de um ativo aumente de maneira desproporcional ao seu valor real, impulsionado por especulação e comportamento irracional”, observa Lage. No caso dos FIDCs, o crescimento está ancorado em fundamentos concretos, como a demanda consistente por crédito, a profissionalização da gestão e o interesse contínuo dos investidores.

Lage explica que o crescimento desse mercado também está associado à busca por alternativas de financiamento em um cenário de juros elevados. Os FIDCs permitem que empresas obtenham crédito com menos burocracia e custos potencialmente menores do que os praticados por bancos tradicionais. Para os investidores, esses fundos representam uma forma de diversificação com potencial de retorno atrativo e riscos controlados.

Crédito da foto: Shuterstock

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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