Dividendos globais atingem recorde de US$ 1,75 trilhão em 2024

No Brasil, os dividendos caíram 9%
Os dividendos nominais cresceram para um recorde de US$ 1,75 trilhão em 2024, de acordo com o Janus Henderson Global Dividend Index, um aumento de 6,6% numa base subjacente. O crescimento nominal de 5,2% refletiu dividendos especiais pontuais mais baixos e o dólar americano mais forte. O resultado para o ano foi ligeiramente superior à previsão da Janus Henderson de US$ 1,73 trilhão, principalmente devido à força superior à esperada dos EUA e do Japão no último trimestre. Os pagamentos do quarto trimestre aumentaram 7,3% numa base subjacente.
Ao longo do ano, o crescimento foi forte na Europa, bem como nos EUA e no Japão. Alguns mercados-chave emergentes, como a Índia e partes da Ásia, como Singapura e Coreia do Sul, também registraram um crescimento decente. 17 países dos 49 do Índice registraram dividendos recordes, incluindo alguns dos maiores pagadores, como os EUA, Canadá, França, Japão e China.
No Brasil, os dividendos caíram 9% em uma base subjacente, com cortes de metade das empresas em nosso índice. A maior redução foi a do grupo de mineração Vale, em comum com muitos dos seus pares do setor globalmente. A mineração e os transportes foram os setores com desempenho mais fraco em nível mundial, entre os quais se pagou US$ 26 bilhões a menos de um ano ao outro.
No resto da América Latina, os dividendos mexicanos aumentaram 4,3%, apesar de cortes em metade das empresas do nosso índice. A maior contribuição para o crescimento veio da empresa de bebidas FEMSA e da mineradora Grupo México. Uma grande queda na Colômbia refletiu um corte nos pagamentos da Ecopetrol, a única empresa colombiana do nosso índice, enquanto no Chile, uma queda de 28,7% foi resultado do corte do conglomerado industrial Empresas Copec.
Grandes empresas realizando seus primeiros pagamentos de dividendos tiveram um impacto desproporcional. O maior deles veio da Meta e da Alphabet nos EUA, e da Alibaba na China. Entre esses, foram distribuídos US$ 15,1 bilhões, que representaram 1,3 ponto percentual, ou um quinto, do crescimento global de dividendos em 2024.
Do ponto de vista setorial, quase metade do crescimento dos dividendos de 2024 provém das finanças, em particular dos bancos, cujos dividendos aumentaram 12,5% numa base subjacente. Os dividendos do setor de mídia registaram igualmente um bom crescimento, duplicando numa base subjacente, ajudada pelos pagamentos da Meta e da Alphabet. No entanto, o crescimento teve uma base muito ampla: as telecomunicações, a construção, os seguros, os bens de consumo duráveis e o lazer registaram aumentos de dois dígitos.
Pelo segundo ano consecutivo, a Microsoft foi de longe a maior pagadora de dividendos do mundo, mas a Exxon, recentemente ampliada após a aquisição da Pioneer Resources, subiu para o segundo lugar, posição que ocupou pela última vez em 2016.
Globalmente, 88% das empresas aumentaram seus dividendos ou os mantiveram estáveis, e a mediana do crescimento das empresas foi de 6,7%.
Para o próximo ano, Janus Henderson espera que os dividendos cresçam 5,0% em uma base global, elevando o total de pagamentos para um recorde de US$ 1,83 trilhão. Com o reforço do dólar face a muitas moedas, o que retarda a taxa de crescimento global, é provável que o crescimento subjacente se aproxime de 5,1% para o ano.
Jane Shoemake, gerente de Portfolio de Clientes da equipe Global Equity Income na Janus Henderson, afirma: “Algumas das empresas mais valiosas do mundo, particularmente aquelas com raízes no setor de tecnologia dos EUA, estão começando a pagar dividendos pela primeira vez, confundindo aqueles que disseram que esse segmento evitaria essa rota de retorno de capital aos acionistas. Ao fazer assim, estão provando que são exatamente como as empresas de sucesso antes delas pois, à medida que começam a amadurecer, passaram a gerar valor excedente que podem restituir aos seus investidores. Essas empresas estão dando um incentivo significativo ao crescimento de dividendos global.
“De forma mais ampla, 2025 parece ser um ano de incertezas para a economia mundial. Espera-se que a economia global continue a crescer a um ritmo razoável, mas o risco de tarifas e possíveis guerras comerciais, juntamente com o alto nível de empréstimos do governo em muitas grandes economias, pode levar a uma maior volatilidade do mercado em 2025- alguns mercados de títulos já viram os rendimentos aumentarem para os níveis mais altos em anos”, destaca Shoemake.
Ele alerta que taxas de juros de mercado mais elevadas reduzem o investimento, retardando o crescimento dos lucros a longo prazo e aumentando o custo financeiro, causando um impacto na rentabilidade das empresas. Dito isso, os mercados ainda esperam que os lucros das empresas aumentem este ano – o consenso entre as previsões sugere mais de 10%. “Mesmo que isso seja excessivamente otimista, dados alguns dos atuais desafios econômicos e geopolíticos globais, a boa notícia para os investidores em renda é que os dividendos geralmente se mostram muito mais resilientes do que os lucros através dos ciclos econômicos. As empresas têm poder discricionário sobre quanto distribuem aos acionistas, então há muito menos variabilidade nos fluxos de receita de dividendos. É por isso que esperamos que os dividendos atinjam um novo recorde no próximo ano”, conclui o gerente de Portfolio de Clientes da equipe Global Equity Income na Janus Henderson.