Saldo da carteira de crédito deve crescer 0,5% em fevereiro

Pesquisa Especial de Crédito da Febraban indica crescimento robusto no primeiro bimestre

O saldo total da carteira de crédito deve mostrar crescimento de 0,5% em fevereiro. Com o resultado, o ritmo de expansão anual da carteira deve seguir em aceleração, passando de 11,7% para 11,9%, mostra a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban. No mês, o crescimento deve ser liderado pelo crédito direcionado, com alta de 1,0%, com bom desempenho tanto na carteira destinada às famílias (+0,9%) quanto às empresas (+1,0%).

De acordo com o levantamento, a carteira Pessoa Física deve mostrar avanço disseminado nas principais linhas, enquanto a carteira Pessoa Jurídica deve ter seu crescimento impulsionado pelos programas públicos. Com isso, o ritmo de expansão anual da carteira direcionada deve acelerar de 12,1% para 12,5%.

A pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central. As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país. O Banco Central divulgará a Nota de Política Monetária e Operações de Crédito no próximo dia 2 de abril.

Segundo a pesquisa, o crédito com recursos livres deve apresentar uma expansão mais modesta, de apenas 0,2% em fevereiro, mantendo o ritmo de crescimento estável em 12 meses, em 11,5%.

O levantamento mostra que a carteira Pessoa Física deve crescer apenas 0,1% no mês, ainda impactada pela acomodação do consumo após os eventos de fim de ano e pelo menor número de dias úteis do mês, o que afeta as compras com cartão à vista.

As linhas de crédito pessoal e de veículos também devem crescer de forma contida, impactadas pela alta dos juros, enquanto a maior expansão deve vir das linhas rotativas, sugerindo alguma piora na composição da carteira, como também foi observado em janeiro. Já a carteira Pessoa Jurídica deve avançar 0,2% no mês, com desempenho misto entre as modalidades.

“Os dados da pesquisa revelam que o crédito mantém um crescimento ainda robusto no primeiro bimestre de 2025, sustentando a trajetória de expansão observada já há algum tempo. No entanto, alguns sinais de desaceleração começam a surgir, especialmente em linhas mais sensíveis às condições econômicas, como crédito ao consumo e financiamento de bens duráveis. Esse movimento reflete, em grande parte, a relativa piora do cenário macroeconômico, o que acaba fazendo com que os bancos adotem uma postura mais cautelosa na concessão de crédito a determinados segmentos”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia da Febraban.

“Além disso, é importante destacar que os números têm apontado para uma relativa piora na composição da carteira, com um aumento da participação de modalidades consideradas de maior risco, como as linhas rotativas, algo que deve ser monitorado. Esse fenômeno pode indicar uma maior necessidade de liquidez por parte dos tomadores, elevando os desafios para a gestão do crédito e o controle da inadimplência nos próximos meses”, complementa o diretor.

Concessões

As concessões de crédito devem apresentar retração mensal de 1,6% em fevereiro. Entretanto, quando ajustado pelo número de dias úteis, o resultado representa um aumento de 8,2% na margem.

O maior volume, ajustado por dias úteis, deve ser observado especialmente nas concessões às empresas, com alta de 12,3%, com forte desempenho nas operações com recursos direcionados. No caso das famílias, a expansão deve ser mais modesta, de 5,1%.

Na comparação com fevereiro de 2024, que elimina os efeitos sazonais e de dias úteis, o volume concedido deve crescer 13,9% em termos nominais (ou 8,4% em termos reais), sinalizando ainda um bom ritmo de expansão das concessões.

De acordo com o levantamento, no acumulado em 12 meses, o volume de concessões deve mostrar leve arrefecimento, passando de 15,3% para 15,0%, mas ainda em patamar bastante robusto.