Chocolates seguem em alta por três anos consecutivos na cesta de Páscoa

Chocolates seguem em alta por três anos consecutivos na cesta de Páscoa

Chocolates, azeite e ovos estão entre as maiores variações acumuladas neste período

Levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) mostra que os itens de mesa da Páscoa registraram aumentos significativos nos últimos anos, apresentam agora um comportamento de queda de preços no acumulado em 12 meses até março de 2025. Após um aumento médio de 11,68% em 2023 (comparado a 2022) e um incremento ainda mais expressivo de 16,14% em 2024, observa-se uma queda média de 6,07% em 2025 (em comparação com 2024). Mas quando analisamos os últimos três anos, observamos que a cesta teve alta de 21,68%, bem acima de 12,47% registrado pelo índice de Preços ao Consumidor – Mensal (IPC-M, FGV IBRE).

A dinâmica dos preços no triênio 2023-2025 revela tendências distintas, com chocolates e bombons em contínua alta. Tradicionalmente associados às celebrações da Páscoa, mantiveram-se em trajetória ascendente com aumentos de 10,02% em 2023, 2,44% em 2024 e 12,88% em 2025, acumulando 27,22% no período total.

Outros produtos seguiram caminhos variados. A batata-inglesa liderou as quedas mais expressivas: após alta de 43,68% em 2024, registrou retração de 45,05% este ano, resultando em deflação de 18,92% no triênio. A cebola seguiu tendência similar, passando de +33,37% em 2024 para -43,12% em 2025, com queda acumulada de 6,64%. O arroz, mesmo após recuo de 4,90% no último ano, manteve inflação de 33,88% no período.

O azeite destacou-se com a maior elevação acumulada (74,54%), com altas consecutivas de 7,84% (2023), 46,84% (2024) e 10,22% (2025). Os ovos de galinha somaram aumento de 51,02% nos três anos.

Produtos como bacalhau e sardinha tiveram comportamento irregular nos preços. O bacalhau alternou entre alta (10,47% em 2023), queda (-1,98% em 2024) e nova alta (9,70% em 2025), totalizando 18,79%. O atum destacou-se entre os pescados com inflação de 30,61% no período.

Segundo Matheus Dias, economista do FGV IBRE responsável pelo levantamento, apesar da queda total em 12 meses da cesta de Páscoa, alguns itens podem acabar pesando a conta final. “O fato da cesta de Páscoa ter registrado queda intensa entre 2024 e 2025, influenciada por hortaliças e legumes, conta apenas metade da história. Quando analisamos mais de perto, por um período mais longo, vemos que itens cujos preços médios são mais elevados, como é o caso do azeite, bacalhau e chocolates, tiveram altas expressivas não somente em relação ao ano passado, mas sucessivamente ao longo do tempo, fazendo com que o preço pago pelo consumidor esteja sempre crescendo.”

Quebra na produção de cacau

O economista ressaltou que o chocolate, em especial, afetado há alguns anos por quebras na produção de cacau mundial, registraria aumento ainda mais significativo se não fosse o fenômeno da reduflação, que consiste na redução da gramatura do produto final como possibilidade de manter o preço ou até mesmo repassar aumentos mais suaves do que ocorreria se o produto fosse mantido com o mesmo peso. “Um indicativo disso é a variação percentual acumulada das matérias primas do chocolate no Índice de Preços ao Produtor (IPA) desde abril de 2022. Observamos que ingredientes importantes tiveram aumentos muito acima dos preços do chocolate ao consumidor. No período total analisado, a manteiga de cacau registrou 125% de alta, leite em pó subiu 29%, açúcar aumentou 16%, em média, mas bem acima dos preços observados ao consumidor,” afirma.

Matheus Dias destaca que o levantamento considera os preços até março de cada ano e não captura possíveis variações de última hora na semana que antecede a Páscoa. “Tradicionalmente, ocorre intensificação da demanda sobre itens típicos da data, podendo gerar pressões adicionais de curto prazo nos preços encontrados pelo consumidor no momento da compra para as celebrações”, concluiu.

 Produtos Var. % acumulada em 12 meses (abr/22 a mar/23) Var. % acumulada em 12 meses (abr/23 a mar/24) Var. % acumulada em 12 meses (abr/24 a mar/25) Var. % acumulada no período (abr/22 a mar/25)
IPC-M 4,34 3,16 4,49 12,47
Páscoa 11,68 16,14 -6,07 21,68
AZEITE 7,84 46,84 10,22 74,54
OVOS DE GALINHA 26,08 0,62 19,04 51,02
SUCOS DE FRUTA 11,93 6,82 14,57 36,98
ARROZ 9,37 28,71 -4,90 33,88
ATUM 13,12 6,97 7,94 30,61
BOMBONS E CHOCOLATES 10,02 2,44 12,88 27,22
BOLO PRONTO 14,40 3,97 5,87 25,92
AZEITONA EM CONSERVA 5,97 2,65 10,01 19,67
BACALHAU 10,47 -1,98 9,70 18,79
COUVE 0,83 6,50 6,37 14,22
SARDINHA EM CONSERVA 11,46 -4,49 6,14 13,00
VINHO 5,20 0,17 5,79 11,49
PESCADOS FRESCOS 5,06 6,85 -2,22 9,76
CEBOLA 23,06 33,37 -43,12 -6,64
BATATA-INGLESA 2,68 43,68 -45,05 -18,92
IPA-M Var. % acumulada em 12 meses (abr/22 a mar/23) Var. % acumulada em 12 meses (abr/23 a mar/24) Var. % acumulada em 12 meses (abr/24 a mar/25) Var. % acumulada no período (abr/22 a mar/25)
MANTEIGA DE CACAU -10,32 102,36 24,32 125,61
LEITE EM PÓ 18,19 -2,87 12,98 29,69
AÇÚCAR 2,25 10,28 3,22 16,38

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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